Capítulo 1

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Ariely

Após o divórcio de meus pais, assumi as responsabilidades da casa, visto que minha mãe não aceitava que meu pai a trocasse por uma mulher mais jovem e acabou mergulhando em uma depressão profunda.

Ela perdeu o emprego, e eu precisei trabalhar para sustentar a nós quatro.

Após meses lutando contra a tristeza, mamãe finalmente superou seus desafios e recomeçou sua vida.

Algum tempo depois, um antigo amor da escola reapareceu, e os dois começaram a namorar.

Com o passar do tempo, ela se mudou para outra cidade com ele. Mamãe ficou triste por não querermos acompanhá-los, mas preferimos não ser um empecilho, e Ariel e eu podíamos cuidar de Adriely.

Como tive que amadurecer rapidamente, tornei-me uma mulher independente, e isso me trouxe dificuldades para encontrar um namorado.

Meu jeito de ser afugenta os homens; minha irmã Ariel comenta que alguns homens preferem que as mulheres dependam deles, mas essa não é a minha natureza, portanto, é melhor permanecer solteira.

Tive alguns namorados na adolescência, mas nada além de beijos, e aos 23 anos, ainda sou virgem, e sinceramente, gosto assim; talvez eu ainda não tenha encontrado o cara certo.

Há mais de um mês, estávamos conversando sobre passar o fim de semana na casa da mãe.

Ariel e eu conseguimos alguns dias de folga do trabalho, e Adriely fez uma pausa na escola.

Arrumamos tudo e partimos, mas logo a estranheza tomou conta, e Adriely reclamou da demora para chegarmos.

— Meu Deus, você está nos deixando malucas — diz Ariel, irritada — nossa mãe mora a três horas da nossa cidade, você sabia que ia demorar. Que droga!

— Minha bunda está dormente. Quero esticar as pernas — diz Adriely, e eu olho pelo retrovisor e a vejo fazendo beicinho, então coloco uma música, pelo menos, porque estou morrendo de tédio.

— Sério? — digo, olhando para Ariel enquanto ouço "Shake It Off", da Taylor Swift.

— Gosto de Taylor Swift — ela responde, começando a cantar — canta comigo, Adri — diz ela, e Adriely se junta a nós — essa música não combina com você, é muito séria para sua idade.

— Temos a mesma idade, idiota — retruco para minha irmã gêmea.

— Mas sou diferente de você, mãe — ela fala, mostrando a língua — ué?

— Olha a boca — digo, e ela aponta para a frente, onde vejo um nevoeiro se formando na pista — nevoeiro no verão.

— Você deveria dizer nevoeiro no interior de São Paulo. O máximo que já vi foi neblina — comenta Ariel — não é melhor para o carro?

— A pista está deserta, acho que não tem problema. Mas vou desacelerar — respondo, e enquanto falo, a névoa aumenta, dificultando a visão. Em alguns segundos, sentimos um impacto — caramba! — exclamo, após bater em outro carro.

— Que diabos? — diz Adriely, e eu a encarando — olha — ela aponta, e vejo árvores — floresta. Como estamos na floresta?

— Fique no carro — digo, saindo e passando pela frente do veículo — ainda nem paguei — digo, desanimada, pois terei que gastar um dinheiro que não tenho — vida de pobre é complicada — respiro fundo e olho ao redor.

— Não vi nenhuma mata nas laterais da pista. Só havia cana-de-açúcar — diz Ariel ao sair do carro — o que vamos fazer?

— Tente encontrar a pista e peça ajuda.

— Meu celular está sem sinal — diz Adriely, aproximando-se — sem sinal, que droga.

— Pegue suas coisas e vamos — digo, voltando ao carro para pegar minha bolsa — apenas leve sua bolsa. Quando encontrarmos ajuda, pedirei um guincho para levar meu carro — afirmo, trancando o veículo.

— Em que direção estamos indo? — pergunta Ariel, e começo a caminhar para o norte, enquanto as duas me seguem em silêncio. Então, paro.

— O que foi?

— Olha — digo, e as duas seguem meu olhar, vendo cinco homens brigando — eles estão sem roupa — digo. Ariel se afasta, e os homens param de lutar, olhando para nós. Um deles pega uma lança e a arremessa; empurro Ariel para o lado, e a lança erra — CORRAM — grito, e nós três saímos correndo. Olho para trás e vejo um deles nos perseguindo.

— Eles estão jogando lanças em nós. Que loucura? — diz Ariel, parando quando uma lança cai na frente dela — porra — ela xinga e retorna.

— Mais rápido — digo, pois os vejo se aproximando — para onde estão indo? — pergunto ao notar que tomaram caminhos diferentes — ARIEL E ADRIELY — grito, parando de correr — droga — murmuro, lembrando dos homens estranhos.

(...)

Ariely

Corro por alguns minutos e olho para trás, vendo os homens parados.

Estarão eles cansados?

Um deles grita, e todos se viram e vão embora. Suspiro e começo a andar, gritando o nome das minhas irmãs.

Para onde elas foram?

De repente, ouço um grunhido, olho para o lado e grito ao ver um lobisomem.

Agora, mais isso.

Ele começa a correr em minha direção.

Não morrerei aqui!

Viro-me e começo a correr novamente, ouvindo-o se aproximar de mim.

Ele é um lobisomem; achei que essa criatura nem existisse.

À frente, vejo uma montanha de pedras e começo a escalá-la. Ouço uivos, olho para trás e percebo que ele não está mais atrás de mim.

__ Estou a salvo agora — digo, sentando-me em uma pedra e olhando para baixo, enquanto o observo andar de um lado para o outro — qual é o problema, não sabe escalar, lobinho? — Pergunto, e ele para de andar e rosna.

— VOU TE PEGAR!

— Que droga! — exclamo, impressionada — não quero ser comida para lobisomens.

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