Desejo Imprudente - As Baumann 02

Capítulo 11

BRIANNA BAUMANN

Nos aposentos da casa de Dafne, o ar estava denso, carregado de emoções que eu lutava para dissipar. O calor me consumia, mas não apenas o calor físico que se apoderara de minha pele, era algo mais profundo, enraizado em meu peito, nas sombras da minha mente. Fui até o lavatório, onde o espelho me devolveu uma imagem perturbada: minhas bochechas ruborizadas, os olhos faiscando com algo que eu ainda não sabia nomear, e os lábios, entreabertos, como se minha respiração tivesse se tornado mais difícil de controlar. Lavei o rosto com a água fria que escorria da bacia, tentando encontrar paz na frescura do líquido. Entretanto, o frescor foi insuficiente para apaziguar o furor que se apoderava de mim.

Levei a mão trêmula ao decote, sentindo o suor formar-se entre os seios. Deixei que a água escorresse suavemente por minha pele, mas até mesmo esse gesto, que deveria ser apaziguador, apenas intensificava o turbilhão dentro de mim. Como podia ser tão tola, tão frágil diante da visão de Eric ao lado de outra mulher? Mas era Lady Evlyn!

Aquela mulher insidiosa que sempre encontrava meios de insinuar-se entre os homens, como uma víbora à espera de sua presa. O ciúme queimava em meu interior de tal forma que por um momento me imaginei descendo ao salão e afastando-a com tapas, arrancando-a de perto de Eric, como se ela fosse um espinho encravado em minha pele.

Mas eu seria uma rainha. A rainha. E rainhas não sucumbem a seus instintos mais primitivos. Respirei fundo, deixando que o ar enchesse meus pulmões, obrigando-me a retornar à compostura que me era exigida.

Retornei ao quarto, meus pés descalços sobre o chão de madeira, e sentei-me na cama, as mãos pousadas no colo, enquanto meus pensamentos vagueavam. Eric... aquele homem havia transformado minha vida em um vórtice, um redemoinho do qual eu não conseguia escapar, e talvez nem desejasse. Em apenas um mês, tudo em mim havia mudado. Ele sempre fora encantador aos meus olhos, um símbolo de força e mistério.

Contudo, agora... agora ele era mais que isso. Eu pensava nele de manhã ao despertar, e à noite, quando o sono se recusava a chegar. Ele dominava meus pensamentos de uma forma avassaladora, de uma intensidade que antes desconhecia. Algo em mim estava diferente, e ainda que eu não soubesse nomear esse sentimento, sua presença era inegável.

Meus devaneios foram interrompidos pelo som sutil da porta se abrindo. Meu coração quase parou ao ver Eric atravessando o limiar, seus passos seguros e silenciosos, como o de um predador que entra em seu território. Ele fechou a porta atrás de si, trancando-a, e o clique suave ecoou pelo quarto, como uma sentença irrevogável. Eu me levantei num ímpeto, surpresa com sua presença ali.

— Eric, não deveríamos estar a sós em um cômodo — disse eu, a voz mais frágil do que eu pretendia.

Ele, no entanto, não respondeu de imediato. Aproximou-se com um olhar que fazia meu coração disparar, um misto de intensidade e desejo que me fez recuar, não por medo, mas porque o calor que eu sentira antes retornava, desta vez de forma deliciosamente avassaladora. Cada passo que ele dava me fazia sentir como se o ar ao meu redor fosse insuficiente, como se cada centímetro que nos separava fosse engolido por uma força maior que nós dois.

Quando ele estava a poucos palmos de mim, não houve mais palavras. Ele tomou meu rosto em suas mãos, suas palmas calejadas contrastando com a suavidade de minha pele, e seus lábios encontraram os meus com uma urgência que eu jamais experimentara antes. Meu corpo respondeu sem hesitação, meus braços envolvendo-lhe o pescoço, e cada pensamento coerente que eu tivera até então foi consumido por aquele beijo. Nada mais existia no mundo além de Eric e do toque de seus lábios contra os meus. Eu estava perdida, completamente imersa na sensação de seu corpo junto ao meu, sua respiração ofegante se misturando à minha.