Capítulo 1

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Estava em meu quarto Olhando o Horizonte com um livro na mão, até ver o Carteiro Real Nick deixando as cartas, porém uma em especial me chamou
atenção, uma carta grande em um tom pastel com o símbolo de Calistya em seu
centro, ao vê-la no mesmo instante desço e corro na esperança de estar enganada, porém assim que vejo meu pai fechando a porta com o rosto abatido, tanto pela notícia e tanto pelo cansaço de anos de trabalhos em nossas terras, que mesmo que poucas eram o bastante para que eu vivesse sossegada em casa, embora às vezes ache que mesmo que nossa realidade fosse pior o meu pai nunca deixaria que me suja- se com a vida dura dos trabalhadores, pra ele eu nunca iria ter que fazer isso
na vida, porém com a velhice batendo na porta eu que deveria estar fazendo isso.
Sinto meu pai me olhar aflito e em um instante ele leva a mão para seu próprio rosto
_ desculpe flora, eu tentei mas você não pode ficar de fora esse ano, eu sabia que deveria ter fugido daqui a muito tempo, eu sabia que não sirvo pra ser pai _ O interrompo no mesmo instante, como ele pode falar isso?
_Como ousas falar isso papai? Por que me machuca com suas palavras- consigo ver seu olhar assustado, ele detesta me ver triste - Não vê que ao falar isso eu sofro papai? Como pode falar que não serve para ser pai? Logo o senhor, que se desgasta de trabalhar todo dia apenas para que eu viva bem em casa! Logo o senhor que arriscou a própria vida só para que eu não precisasse ir nesse baile maldito! Não
quero que fale isso novamente! _
_Desculpe flora, não queria magoar você anjo, eu tenho que ir trabalhar, a levarei mais tarde para costureira- ele beija minha testa- tenho que ir _
Consigo ver seu olhar triste, porém tudo o que falei foi a maior e mais pura
verdade, desde sempre fomos apenas nós dois, “você a única coisa que me resta, não vou perdê-la também”, é o que ele sempre me fala. Fico triste em ver meu pai todos os dias se desgastando em nossas terras, que mesmo poucas, eram tudo para
nós dois, sempre quis ajudá-lo no trabalho, mais ele nunca deixou, ele diz que um ser puro como eu não deve surja- se de tanto trabalho, ele fala que era o desejo que ele e minha mãe tinham juntos, me fazer viver bem para que eu não precisasse me preocupar com nada. Minha mãe morreu assim que nasci, meu pai fala que quando
minha mãe morreu, minha avó o mandou me dar a alguém para ser criada, “Você é um Alfa Albert, você não pode criar uma criança! Isso é trabalho de Ômega! Você não vai conseguir!
“, Não posso imaginar o quanto ele sofreu ao me criar, então não suporto o ver se desmerecendo dessa maneira, não sabendo o tanto que ele sofreu depois de descobrir de que categoria eu era, e nem quando ele teve que me segurar para não sair voando, eu nunca me perdoaria se o deixa-se pensar algo tão ruim de alguém tão perfeito assim.

Haviam se passado algumas horas desde que meu pai saiu de casa, fico um tempo pensando se faço a janta logo ou apenas depois que voltarmos da costureira e por fim acabo decidindo o depois, afinal isso não seria um problema para mim já que depois de tanta luta convenci meu pai a me deixar cuidar ao menos da casa e da
comida, afinal minha comida é maravilhosa e todos sabem disso Pois afinal que ser abençoado com o dom da culinária não teria literalmente mãos de anjo
_ Flora, cheguei! Onde está? Está pronta para irmos? Temos que ir _
_ Eu estou, mas e o senhor está? O senhor não acha que entrará lá assim né? Vá se lavar o mais rápido possível!_
Consigo ver seu olhar derrotado o levando até o andar de cima da nossa pequena casa, que querendo ou não era mais que o suficiente para duas pessoas.
Vejo meu pai descer a escada porém dessa vez ele estava ao menos apresentável, nenhuma roupa nova, ele apenas estava limpo, algo que ele costumava esquecer de ser.
Satisfeita flora? Agora temos que ir - disse pegando o meu agasalho e o dele -
vamos! e vista isso para não se resfriar _
_otimo! Vamos_ digo correndo para o lado de fora da nossa pequena casa.

Ao decorrer do caminho pude ver todos os olhares sobre mim e sobre meu pai,
mesmo que eu não me importa-se muito com isso, meu pai olhava com um olhar assustador para todos aqueles que me olhavam, esse é o lado ruim de morar em cedrith, o maldito vilarejo mais fofoqueiro que existe em toda Calistya, os boatos sobre minha família rolaram desde que nasci, e só pioraram aos meus 7 anos quando descobriram meu dom. Para contextualizar Calistya é o maior Reino do mundo, e o mais desenvolvido atualmente, pois além de ser o único Reino misto ele também conta com todas as áreas muito bem equilibradas, assim não precisando depender de nenhum outro Reino, aqui em Calistya tanto a parte da Água da natureza e todos os outros são o bastante para o povo é para ajudar outros reinos. Calistya é um Reino teoricamente de lobisomens, embora tenha meios lobisomens mistos com alguma outra raça, assim como eu que sou uma loba metade anja. Aqui as categorias são reveladas aos 9 anos de idade, porém aos meus 7 minha magia começou a aparecer de forma muito forte, lembro-me que me levaram a igreja da Catedral do Reino, “como pode uma plebeia nascer com o dom da natureza? E como pode ter despertado ele tão cedo?” foi o que o padre falou,
Calistya mesmo sendo o Reino mais bem sucedido, ele conta com duas Fraquezas, a primeira é uma que todos os reinos têm, o dom da natureza, esse é o dom mais raro que existe, e os poucos que tem tal dom são muito fracos, diferente de mim que com um simples gesto consigo partir uma casa ao meio, porém meu pai morre de medo que eu seja usada e por isso me trata como uma porcelana na estante. Meu dom na realidade são de todos os elementos, porém o da natureza é o que mais tenho afinidade, ele em mim se manifesta de várias maneiras pois afinal eu consigo ser boa em tudo, tanto na culinária, agricultura, e tudo mais que se pensar, a agricultura me fez ajudar meu pai a ter uma terra frutífera, então mesmo nas piores
situações ele consegue tirar mais que o suficiente da terra para nós, e o lado bom é que para isso não preciso de mais que querer que toda a terra esteja boa, me lembro de quando meu pai achou que não teríamos dinheiro para o inverno, afinal todas as plantas estavam secas e mortas, porém com apenas uma lágrima minha no chão todas as plantas nasceram fartas e cheias de vida, “isso é um milagre meu
Deus” meu pai falou e olhou para mim, “minha filha é um milagre”, em seus olhos essa sempre foi a verdade.

_Flora? O que foi filha, por que está assim tão pensativa?_
_am? Só estava pensando um pouco papai, nada de mais - consigo ver seu olhar desconfiando porém ele apenas se vira - é aqui?_
_Sim, vamos entre, ela não gosta de esperar - aparentemente ela também não gosta de barulho
_Se já sabe disso Albert, porque insiste em se atrasar? Já lhe fiz o favor de abrir um horário para você, não deveria ser mais pontual? _
consigo ver a velha senhora me avaliar de cima a baixo, e após alguns minutos ela finalmente fala.
_Para você criança, um azul Marinho ficaria lindo, mangas poucos cheias, e para combinar com seus cachos, um vestido rodado - ela parece pensar por um instante até finalmente falar - se quiser claro_
_ pode ser isso mesmo por mim, deve ter razão_
_parabéns Albert, sua filha é inteligente_

_Finalmente - digo enquanto saiu do ateliê da velha senhora - por favor nunca mais me deixe vir aqui, isso é uma tortura! Como pode ficar tanto tempo apenas para ter uma base? - consigo ouvir o riso baixo do meu pai eu o olho indignada - por que está rindo, que coisa feia pai, bom ao menos só voltarei aqui em três dias para
pegar o vestido_
_sinto muito querida, mais achava que gostaria de um vestido bem feito, todas os ômegas da sua idade gostam_
_ tudo bem papai, seu que é algo normal, mais agora vamos! Tenho uma nova receita que fiz e quero que experimente.

Eu amo viver assim, e viverei assim até o dia que deixarei esse lugar…

[345] A flor do rei alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora