À Primeira Vista

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— Cara, obrigada. Você salvou minha vida.
Natália falava enquanto descia do jet sky na beira da praia.
— É, de nada. Tava fugindo de fêmea?
Natália riu se aproximando enquanto tirou os óculos.
— É. Não dá pra amanhecer com elas no dia seguinte, mas as vezes acontece.
Ganhou uma cara de reprovação em resposta.
— Que nojo. Tchau, boa sorte aí com as suas mulheres.
E foi dando as costas.
— Espera aí. - Natália deu um passo a frente e a mulher virou para ela novamente. — Eu nem te dei o dinheiro.
Ela riu.
— Guarda isso. Eu não preciso desse trocado, te trouxe porque te achei legal e maluca.
Natália abriu um sorrisinho.
— Obrigada. Eu acho. Mas vem cá… - Chegou mais perto. — Você é da área?
— Sou.
— Poxa, eu não fico com mulheres da área.
— E quem disse que eu ia querer ficar com você? Deus me livre.
— Ai! Calma aí, tá bem, me desculpa. Qual seu nome?
Ela suspirou.
— Helena.
Natália estendeu a mão.
— Prazer. Natália.
Helena a segurou apertando de leve.
— Prazer.

                                                  ▶️ MAYONGA - Liniker

                                                                  ~~~

Natália chegava no instituto já de roupa trocada, usando agora um havaianas branco, um short jeans e uma regata também branca, que evidenciava bem seus músculos. O coque e o óculos estavam mantidos. Ela olhava o celular quando entrou, desatenta ao amigo que apareceu de repente, nem se ela tivesse atenta teria visto ele aparecer.
— Natália!
Ela deu um pulo olhando para ele, o celular pulou em sua mão e ela estalou os olhos questionando ele. Os dois seguiram andando.
— Meu Deus, Mário. Quer me matar do coração? Já disse pra não chegar assim.
— Tá, tá. Você é muito chata.
— O que você quer?
— Eu não quero nada, eu deveria querer alguma coisa?
Natália cerrou os olhos.
— Pra aparecer que nem uma assombração? Sim, né.
— Tá. Vou falar. É que um bicho me picou e tá coçando e eu não sei o que é ou o que pode fazer e…
— Tá, cadê, deixa eu ver.
Ela entrou na sala e sentou na cadeira, Mário mostrou o braço para Natália que o encarou de volta descrente.
— Não o seu braço, Mário, o bicho. Cadê o bicho? Eu não sou médica.
Ele puxou o braço de volta para ele.
— Ah, o bicho… então, o bicho…
— Você não pegou, né? Diz que você não matou, Mário.
Nesse momento, Fofoca latiu, respondendo Natália. Ela estava sempre atrás de Mário, como uma sombra branca com marrom em formato de cadela.
— Eu não acredito, Mário!
— Era uma aranha! Eu fiquei com medo.
— Uma aranha?! Vai no médico agora. Seu maluco. - Fofoca latiu de novo. — É, o seu pai não tem mesmo jeito, Fofoquinha.
— Parem vocês duas.
Natália negou com a cabeça e Esther entrou.
— Bom dia.
Falou para os dois, sorrindo como de costume, e eles responderam juntos.
— Bom dia!
— Natália, tenho uma coisa pra você ver aqui comigo.
A mais velha disse e colocou dois raio-x de uma tartaruga no quadro de luz branco próximo dos dois. Natália levantou e olhou, mas Mário quem disse.
— A tartaruga está dodói?
Natália respondeu.
— É, parece que ela tá com um probleminha no pulmão mesmo.
Esther respondeu.
— Num é?
— É, vou dar uma olhada nela depois.
— Nossa que pena.
E as duas encararam ele, Esther volta a falar.
— Bem, Nat, então eu vou indo. Preciso ver umas coisas.
Natália concordou com a cabeça e ela se retirou se despedindo deles com um sorriso. Quando ficaram sozinhos de novo, Mário tornou a falar com Natália, enquanto ela foi até a mesa ali pegar um café.
— O prima. E aquela gatinha ninfomaníaca do Paraná?
— Ah, ela é ótima. Levei ela pra pegar o barco hoje de manhã.
Virou para ele.
— E o que mais? Conta os detalhes, o que vocês fizeram?
— Pra que você quer saber? A Lara tá te deixando sem criatividade?
Brincou e ele ficou cabisbaixo, indo sentar na cadeira onde ela estava antes.
— Ah, eu não sei. Acho que sim, ela não quer mais passar tempo comigo, só quer saber de sair com a Taís, a Taís, e Taís pra lá e pra cá.
Natália segurou a risada.
— Amigo.
Ele levantou o olhar para ela.
— Hum?
— Meia noite eu te conto um segredo.
— Não entendi, não entendi. Tá insinuando o quê? Eu confio na minha irmã e na minha esposa.
— Que bom pra você, porque eu não. Vou te falar uma coisa, toma cuidado, chifre é uma coisa que coloca na cabeça.
Riu e Mário pegou uma caneta de cima da mesa e atirou nela.
— Sua bobalhona! Cê vai ver, fica falando, fica. Um dia você vai fazer uma dessas turistas tão feliz… - Colocou os pés em cima da mesa. — Que ela vai ficar na ilha, prima.
— Por que cê tá me jogando uma praga dessas, ein? E tira o pé da minha mesa.
Ele colocou para baixo de novo e Natália terminou o café.
— Pode acontecer… E aí você não ia fazer a sua grande viagem de barco para o Espírito Santo. Ficaria presa aqui acordando ao lado da mesma mulher linda todos os dias, que nem o seu primo aqui!
— Não conjura, Mário! Não conjura.
Ele riu e nesse momento, Ulisses, o ajudante de Natália, entrou correndo na sala.
— Natália, vem rápido, é a Ritinha.
Natália saiu correndo com ele na mesma hora, deixando Mário, mas fofoca a seguiu.

Como Se Fosse a Primeira Vez • narolOnde histórias criam vida. Descubra agora