TENTAÇÃO

Capítulo - 2

Ainda consigo sentir o gosto do beijo de Dante nos meus lábios, enquanto me esforço para recuperar o controle da minha respiração. Não consigo evitar que meus pensamentos voltem àquele momento, ao toque possessivo e ao calor que ele despertou em mim. E agora, ele simplesmente me pede para focar no trabalho. Como se nada tivesse acontecido.

Me afasto lentamente dele, tentando manter uma postura firme, embora cada parte de mim ainda esteja pulsando por dentro. O trabalho. Era sobre isso que eu deveria estar aqui, certo? Eu me concentro na sua voz, ignorando a confusão dentro de mim.

"O que você precisa que eu faça?" Minha voz soa mais firme do que eu esperava, e isso me dá uma estranha sensação de vitória. Pelo menos na superfície, consigo parecer calma.

Dante se move ao redor da sala com uma tranquilidade perturbadora, como se cada passo fosse meticulosamente calculado. Ele se aproxima da mesa, pega um envelope preto e o desliza para mim, os dedos dele roçando os meus de forma breve quando entrego o envelope. É como se ele fizesse questão de lembrar que, apesar da distância, ele ainda está no controle.

"Há alguém que preciso que você observe," diz ele, enquanto eu abro o envelope com cuidado. Dentro, há uma foto — um homem de meia-idade, cabelo grisalho e roupas caras, capturado em algum evento social. Ao lado da foto, há uma breve descrição: Adrian Moretti, empresário, influente, com conexões poderosas e... perigosas.

Olho de relance para a foto e depois encaro Dante. "Observar?" Pergunto, tentando entender o que exatamente ele espera de mim. Essa palavra soa muito vaga, e eu aprendi que com Dante, as coisas nunca são tão simples quanto parecem.

Ele se senta novamente, encostando-se à cadeira com aquele ar de quem controla tudo. "Adrian é alguém que tem informações valiosas para mim, mas ele não é fácil de se aproximar. Preciso que você vá até ele, ganhe sua confiança e descubra o que ele está escondendo."

Meu estômago revira com as implicações do pedido. Ganhar a confiança de um homem perigoso, que Dante claramente quer manipular, não era algo simples. Muito menos seguro. Mas, parte de mim, a parte que se recusa a recuar diante de Dante, aceita o desafio.

"E como exatamente você espera que eu faça isso?" pergunto, cruzando os braços, uma tentativa fraca de manter alguma aparência de resistência. Sei que qualquer tipo de desafio que eu ofereça a ele é apenas um jogo. Dante sempre ganha.

Ele me olha com aquele meio sorriso que parece carregar segredos. "Você é inteligente, Olívia. Sabe como fazer as pessoas confiarem em você. E Moretti tem um ponto fraco."

"Qual é o ponto fraco dele?" Pergunto, esperando que seja algo que eu possa usar a meu favor. Algo que não envolva colocar minha própria vida em risco.

Dante se inclina para frente, e pela primeira vez naquela noite, há uma leve mudança em sua expressão. Algo mais sombrio. "Ele gosta de controlar. Assim como eu. Mas, ao contrário de mim, ele é impulsivo, e isso o torna vulnerável. Ele vai se aproximar de você se você jogar da maneira certa."

Um frio percorre minha espinha ao ouvir isso. Eu deveria estar acostumada com a manipulação no mundo em que Dante vive, mas ouvir diretamente de seus lábios como ele pretende me usar para atingir seus objetivos é perturbador. E ainda mais perturbador é o fato de que, em algum nível, eu aceito.

"E se ele perceber o que estou fazendo?" Pergunto, tentando pensar em todos os ângulos possíveis dessa situação.

Dante dá de ombros como se fosse uma questão trivial. "Aí você faz o que for necessário para se proteger. Eu confio em sua capacidade de sair de situações complicadas."

Eu rio, mas o som sai seco, quase nervoso. Claro, ele confia na minha capacidade de sair ilesa. Mas e se dessa vez, eu não conseguir? Moretti não parece ser o tipo de homem que gosta de ser enganado.