ATO I | OBSESSÃO

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Esperei os últimos alunos saírem para me aproximar do professor

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Esperei os últimos alunos saírem para me aproximar do professor. Quando me aproximei ele virou o corpo na minha direção e sorriu.

── Terminou?

── Sim. ── entreguei as folhas para ele e esperei ali mesmo até que terminasse de ler o que estava escrito nelas, para que me falasse o que achou.

── Tudo certo, como sempre. ── ele andou até o banco e guardou meu trabalho juntos dos vários outros dentro de uma pasta preta.

Muitos deles deveriam ser meus. Era sempre assim, toda vez que tínhamos aula de educação física na quadra. Eu sempre ficava no banco de reserva porque ninguém me escolhia para os times, e eu sabia o motivo, mas não me importava. O problema é que eu nunca podia apenas ficar observando. Eu precisava fazer algo. Por isso os trabalhos.

── Acho que você já deve estar enjoado de fazer isso. ── ele comentou, virando-se para mim novamente. ── Talvez te escolham se você tentasse, sei lá, se enturmar um pouco mais.

── Eu já faço isso. ── mentira.

A verdade é que eu acordava esperando que um raio caísse na minha cabeça e me partisse em dois. Viver em uma escola onde fazem piada com você o tempo todo te da motivos o suficiente para querer ser o menos sociável possível.

Meu professor soltou um suspiro pesado. Ele levou uma das suas mãos que estava menos ocupada e deu leves tapinhas no meu ombro.

── Amanhã é um novo dia. ── assenti de leve. ── Você pode me fazer um favor antes de ir embora? Pode guardar a rede no meu armário da sala dos professores?

Ele nem ao menos esperou eu responder. Apenas jogou a rede nos meus braços, me entregou as chaves e saiu. Bufei.

Sai andando em direção a sala antes que ficasse mais tarde. Meu irmão não iria esperar mais que dois segundos por mim e se eu ficasse sem carona teria que voltar apé para a casa. Faltava pouco para eu chegar até a sala dos professores quando avistei um grupo de alunos vindo em minha direção. Três garotos, altos e fortes o suficiente para me agarraram e me levarem para algum lugar longe dos olhares dos mais velhos. Comecei a buscar com o olhar possíveis rotas de escape, mas já era tarde demais para pensar.

Em questão de segundos eu me vi sendo agarrado e levantado por dois deles. Os três me arrastaram para os fundos da quadra, me encostaram em um parede enquanto o terceiro se aproximou.

── Vamos ver o que você tem para nós hoje.

Senti as suas mãos apalparem meus bolsos, procurando por dinheiro, provavelmente. Quando ele percebeu que eu não estava com nada ouvi um estalar de lábios.

── Não trouxe nada? É uma pena. Parece que você vai ter que pagar da forma que já conhece.

Era humilhante.
Humilhante eu não conseguir me defender de pessoas como eles.

O desespero começou a tomar conta de mim quando percebi que eles estavam me levando para o vestiário. Tentei escapar mas qualquer movimento que eu tentasse fazer se tornava inútil. O líder de toda aquela ação abriu a porta de um dos armários e ordenou que os outros dois me jogassem lá dentro. Quando a porta se fechou, eu não sabia mais o que fazer. Eles haviam pegado minha mochila junto do meu celular e eu estava sem nada para me defender.

Minha única reação foi começar a gritar por ajuda e socar desesperadamente por várias vezes a porta de ferro. Tinha pavor de locais apertados e escuros. Aos poucos, respirar começava a se tornar algo difícil. Meus punhos começaram a dorr e eu jurei que vi sangue sair das pontas dos meus dedos. Eu podia escutar as risadas altas do lado de fora, mas então tudo parou. Em seguida, o que eu ouvi foram gritos e uma batida forte contra a porta do armário. Depois de alguns segundos, silêncio, até que a porta se abriu me revelando um rapaz alto e de cabelos loiros.

Olhei atrás dele e notei que os garotos que me importunavam agora estavam caídos no chão. Um deles estava desmaiado, o outro gemia de dor, e o terceiro soltava grunhidos de dor com a boca e o nariz cobertos de sangue.

── Essas coisas são suas? ── ele perguntou, apontando minha mochila que estava em suas mãos.

Assenti.

Ele não respondeu. Apenas jogou ela nos meus pés e deu as costas, saindo sem se importar em dar explicações. Peguei minhas coisas e sai de dentro do armário, e antes que ele saísse falei.

── Obrigado.

O desconhecido ergueu uma mão, acenando e sumindo do meu campo de visão. Quem quer que fosse, eu seria grato por ele a minha vida toda.

Kings Of Sin | Vícios SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora