One More Moment | Kim + Porchay |

01 | You look like you love me

Kim point of view

     Eu conseguia lembrar perfeitamente do momento em que o vi pela primeira vez. Era como aquela sensação de ouvir uma música muito boa pela primeira vez. Aquela música que fica gravada em sua mente por dias e você se vicia em cada simples batida. Ele estava usando um macacão jeans azul acompanhado de um suéter da mesma cor, e parecia simplesmente ter saído de um desses filmes feitos para adolescentes... O tipo de filme que eu claramente não gostava, mas era muito bonito para que eu pudesse o ignorar. Não demorou muito para que eu descobrisse seu nome. Claro, inicialmente eu agi como um stalker que queria saber mais e mais sobre ele, mas que culpa eu tinha? Não existia a menor possibilidade de fazer o contrário. Porchay era lindo como se fosse um dia comum de primavera onde as ruas estão tomadas por flores coloridas e perfeitas. Eu via Porchay assim... Como um dia suave de primavera.

     Porém, não há um jeito melhor de descrever como tudo aconteceu, se não for pelo início. Era uma quinta-feira comum e eu estava caminhando apressadamente pelo parque. Em meu ouvido havia um fone de ouvido onde tocava uma música que eu costumava ouvir com frequência nos últimos tempos. A verdade, é que estava totalmente distraído com pensamentos que costumavam consumir minha mente nos últimos dias... Algo sobre meu pai ainda estar determinado em me trazer para os negócios da família. E isso era como um ponto irritante da minha existência. Viver na primeira família nunca foi fácil, mas eu gostava de pensar que quando a faculdade chegasse ao fim, eu poderia seguir com minha vida livremente e sem as amarras do meu pai me prendendo a uma vida que não me agradava. E isso rondava minha mente dia após dia.

     Bom, o tempo pareceu parar por um instante quando eu senti algo bater em meu corpo. Alguém bater contra o meu corpo. Eu já iria xingar a pessoa em questão quando eu percebi que logo nós dois estaríamos no chão se eu não conseguisse me equilibrar o suficiente. O garoto pareceu tomar um susto quando percebeu que bateu contra mim. Seu rosto logo me encarando com um toque de vergonha que eu conseguia ver perfeitamente. Eu tentei não demonstrar o quanto estava irritado. Esse era o momento em que eu tentava limpar meus pensamentos com uma música e o ar fresco do parque. O som distante de pessoas conversando e tudo aquilo conseguia me relaxar. Me relaxar, até aquele menino aparecer do nada.

      Em suas mãos havia uma sacola que logo foi com tudo ao chão. O menino me encarou assim que pareceu ter saído de um transe. Eu também estava em um transe e só quando ele se afastou, foi que eu percebi que estava prendendo a respiração e isso me trouxe um sorriso forçado no rosto, mas o menino já não estava mais focando sua atenção em mim. Ele estava ocupado colocando as coisas de volta na sacola. Eu percebi que era pão que havia ali e então eu o observei pegando tudo com uma pressa que eu poderia considerar totalmente exagerada. Seus cabelos caíam um pouco por sua testa e seus olhos logo se voltaram para mim assim que pareceu ter pego tudo seu que caiu no chão. Em meio a suas coisas que estavam na grama, o livro que eu tinha em mãos também caiu e só percebi isso quando o garoto o estendeu para mim.

     — Seu livro... — Sua voz era doce, mas parecia nervosa o suficiente para estar quase trêmula. Eu suspirei e logo minha mão tocou o livro o pegando. — Me... Me desculpa por jogar seu livro. — O garoto começou a falar e sua mão foi agitada até sua testa afastando um pouco os fios de cabelo que caíam ali. — Eu estava com pressa, porque costumo vir aqui todos os dias, mas eu... Bom, eu não queria derrubar suas coisas, entende? Foi realmente um acidente.

Então, seus olhos estavam fixos nos meus e eles eram tão lindos que eu me sentia péssimo por estar reparando tanto. Seus olhos castanhos brilhavam e ele meio que brilhava também, ou eu me apaixonei naquele momento. Pensar nisso agora parecia um tanto idiota da minha parte, mas a verdade é que desde o primeiro momento, Porchay era encantador aos meus olhos. Hoje gosto de lembrar do nosso primeiro momento, pois depois dele, tudo mudou totalmente em minha vida. Tudo se tornou mais leve e mais feliz. Porém, vamos voltar a focar no início. Eu tentei parecer menos o Kimhan de sempre totalmente frio e distante e mais o Kimhan que eu pouco conhecia... Aquele que conseguia ser gentil com um estranho no parque.