Capítulo 2- Para todo fim à um recomeço.

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Em uma tarde,após sairmos da escola  nós duas estávamos indo ao mercado,abraçadas e uma colega de turma acabou vendo nós duas juntas e contou para a diretora, então ela  chamou a Marina   para conversar,falou que nosso relacionamento deveria acabar,pois ela levaria o caso para a polícia. Marina  então terminou comigo,era nítida a tristeza em seu olhar,mas não quis me falar o motivo apenas que deveríamos seguir caminhos diferentes.

Anos depois...

Na mesma escola onde estudei, fui convidada para um evento escolar. Algo estava diferente. Eu havia me formado recentemente e, ironicamente, fui enviada para lecionar naquela mesma escola.

Ao chegar, fui até onde minha família aguardava o início do evento, pois minha sobrinha iria se apresentar. Enquanto caminhava pelo pátio, as lembranças de tudo o que aconteceu entre mim e Marina vieram à tona, especialmente o dia em que ela terminou comigo, sem me dar qualquer explicação. O sentimento de vazio que aquilo me causou ainda parecia fresco, apesar de todos esses anos.

Notei que meus antigos professores estavam reunidos e fui até eles para cumprimentá-los. Abracei a todos, e, ao ver Marina entre eles, meu coração acelerou. Tentei disfarçar a ansiedade que me tomou por completo. Eu a abracei da mesma forma, tentando agir normalmente, mas não pude evitar sentir o impacto de nossa proximidade depois de tanto tempo. Ela me olhou com uma mistura de surpresa e cautela.

Conversamos brevemente com os outros professores, mas algo me chamou a atenção: Marina se despediu abruptamente e saiu com uma expressão fechada. Uma tensão que eu não conseguia explicar. Decidi segui-la. Precisávamos conversar, finalmente.

No estacionamento, a encontrei. Ela estava de costas, os ombros tensos, como se carregasse um peso invisível. O sol já começava a se pôr, o que criava um cenário quase simbólico para o reencontro que estávamos prestes a ter.

— Como você está? — perguntei, minha voz suave, mas hesitante.

— Estou bem. E você? — ela respondeu sem se virar, como se temesse o que viria a seguir.

— Estou bem também... Achei que nunca mais fosse te ver — disse, tentando controlar a mistura de ansiedade e nostalgia que me inundava.

Ela finalmente se virou para mim, seus olhos carregavam o peso do passado. — Também achei que não te veria mais, mas... já que nos reencontramos, acho que está na hora de esclarecer o motivo pelo qual terminei com você.

Minha respiração falhou por um segundo. Finalmente, eu teria a resposta que esperei por anos. O silêncio entre nós se alongou por alguns segundos que pareceram uma eternidade.

— Naquele dia em que fomos ao mercado, uma menina da sua turma nos viu. Ela contou para a diretora — começou a dizer, sua voz baixa, como se relembrar aquilo fosse doloroso. — A diretora me chamou e me disse que eu deveria terminar com você, ou ela chamaria a polícia.

As palavras de Marina pareciam perfurar o ar entre nós. Todo o rancor e mágoa que eu carregava desapareceram instantaneamente. Ela não tinha escolha. Eu me senti mal por ter ficado tão brava com ela naquela época, sem entender o peso que ela estava carregando.

— Eu... eu não sabia — disse, tentando processar tudo.

— Não havia como você saber. Eu me culpei por muito tempo, mas não queria que você passasse por nada daquilo. Fiz o que achei que era melhor para nós duas.

Nos olhos de Marina, a tristeza ainda era evidente, mas também havia alívio por finalmente poder falar a verdade. Ela tinha carregado essa culpa sozinha durante todos esses anos.

Conversamos mais um pouco, trocamos algumas lembranças e confidências que ainda estavam presas em nossos corações, mas não havia mais espaço para mágoas.

Voltamos para dentro e o evento foi realizado. Me despedi de todos os professores, mas antes de ir, falei para Marina me chamar por mensagem, sugerindo que marcássemos algo para conversar com mais calma. Depois, fui para uma festa de família. Ainda durante a festa, entrei no Instagram e voltei a seguir a Marina. Ela me seguiu de volta quase que imediatamente e, logo em seguida, recebi uma mensagem dela. Marcamos de nos ver no domingo. Eu começaria a trabalhar na segunda e não queria deixar nenhum clima pesado entre nós.

Dei boa noite e voltei para a festa, sentindo uma mistura de alívio e uma antecipação que não conseguia explicar.

No dia seguinte, acordei com uma mensagem dela. Pedi que me esperasse em sua casa, pois eu iria buscá-la para almoçarmos na casa da minha mãe. Quando cheguei, ela entrou no carro e seguimos até minha casa. Minha família sempre gostou muito dela e, mesmo com o tempo e a diferença de idade, sempre torceram para que nós reatássemos. Para eles, o importante sempre foi o amor.

Almoçamos e conversamos um pouco, mas eu sentia que o que precisávamos dizer não cabia em meio ao barulho das risadas e conversas familiares. Nos despedimos da minha mãe e seguimos para minha casa. Marina nunca havia estado lá antes, então fiz questão de mostrar tudo para ela. Foi uma tarde leve, em que o peso do passado parecia finalmente se dissipar. Conversamos por horas, rimos de coisas que antes nos machucavam, como se o tempo tivesse curado boa parte das feridas.

Às 22h, a levei de volta para casa. O dia havia sido simples, mas eu sabia que algo maior estava por vir. Algo que nem eu, nem ela, estávamos prontas para admitir: o amor nunca havia desaparecido, apenas adormecido, esperando o momento certo para despertar.

A Professora Onde histórias criam vida. Descubra agora