Um dia como outro

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{ PIP'S POV }

De cima de uma árvore, observava meus antigos colegas de classe com quem compartilhei boa parte da minha infância e vida, não foi a melhor do mundo mas... poderia ter sido pior, acredito.
Meu foco principal era Butters, um jovem loiro, inocente, otimista e o mais importante, um dos poucos e melhores amigos que tive naquele lugar.
Talvez fosse por sermos muito parecidos em vários pontos, ou por ambos não termos sidos muito bem acolhidos pelos outros colegas, de qualquer forma eu serei eternamente grato pela bondade e amizade que aquele garotinho me ofereceu enquanto eu ainda estava lá.

– Ei, Butters! – Um jovem de gordura elevada, vulgo Eric Cartman, o chamava. – PENSA RÁPIDO!

Sem ao menos deixar Butters se virar direito, Eric jogou em sua direção uma bola de futebol americano com toda a força que podia, isso com certeza causaria no mínimo uma dor de cabeça.
Prontamente desço da árvore onde eu estava sentado e uso um pouco da minha força espiritual para evitar que Butters fosse atingido pela bola, o empurrando e o fazendo tropeçar.
Isso causa dor em meu corpo toda vez que devo interagir diretamente com os vivos e... Oh, eu ainda não me apresentei? Perdão, amigos, sou Philip Pirrup, mas podem me chamar de Pip, esse é um apelido que 'carinhosamente' ganhei dos meus antigos colegas, que praticamente me odiavam, haha.. eu ainda lembro de todos os detalhes como se tivesse sido ontem.

{ FLASHBACK }

"Toma! Francesinha de merda! Hahaha"
Eric Cartman, após empurrar Pip e o fazer rolar um morro inteiro abaixo.

[...]

"Aah, ele vai chorar! Quem manda ser um otário? Hahaha."
Bebe e seu grupinho com Pip atrás da escola, são bonitas, porém terríveis.

[...]

"Por que não volta pro seu país? Britânico fodido."
Um novato da escola que ele nem conhecia direito, pelo menos ele havia acertado a nacionalidade.

[...]

Toda noite, deitado em sua cama, ele chorava até seus olhos incharem.
Todo dia, quando ele se olhava no espelho, via cicatrizes e hematomas.
"Poderia ter sido pior...poderia ter sido pior..."
Ele repetia, sussurrando baixinho, deitado e encolhido dentro do seu lençol. Ficava soluçando até dormir, e de manhã, apesar de tentar se manter positivo e pensar em coisas boas que existem pelo mundo, no fundo ele esperava que algo o impedisse de levantar da cama.

Ele apanhou, foi xingado, zoado, ignorado por aqueles que deviam fazer algo.. nem mesmo a presença de Butters ajudava tanto, ele era seu amigo e um doce, mas não podia ajudar quando o assunto era ser literalmente perseguido pela escola, ou ele assistia, ou ele corria.
Pip não o culpava, seu amigo tentou algo antes mas levou uma surra do pai por "se meter em uma briga", então era justificável tal medo.

✝ | 𝐎 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐀𝐃𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐎 𝐂𝐎𝐑𝐑𝐎𝐌𝐏𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora