O crepúsculo das Sombras

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O céu estava tingido de um vermelho profundo, uma sombra inquietante que se espalhava sobre o mundo em decadência. O reino, antes vibrante e cheio de vida, agora era um lugar de desolação e ruínas. O campo de batalha que se estendia diante de Seraphine era uma mancha de sangue e cinzas, testemunho das guerras que haviam devastado o continente.

Ela caminhava por entre os destroços com passos silenciosos, os olhos observando cada detalhe com uma precisão calculada. A luz do crepúsculo refletia nas lâminas de aço quebradas e escudos empoeirados, mas para Seraphine, a cena era apenas mais um lembrete das consequências da guerra. O vento frio sussurrava através das ruínas, carregando consigo o lamento das almas perdidas.

Seraphine era uma figura imponente, envolta em uma capa escura que parecia absorver a luz ao seu redor. Seu cabelo prateado fluía como um manto de estrelas caídas, e seus olhos, de um azul intenso, brilhavam com uma mistura de determinação e tristeza. Ela era uma das últimas da Ordem das Sombras, uma ordem secreta que estudava a magia das luzes e das trevas. Agora, essa ordem estava em ruínas, traída pela própria corrupção que buscava erradicar.

Em um campo de batalha distante, Seraphine se deparou com um pequeno grupo de sobreviventes. Eles estavam reunidos ao redor de uma fogueira, conversando em murmúrios abafados. Ela se aproximou, ocultando sua presença com uma ilusão que distorcia sua imagem, uma habilidade que dominava com maestria. Observou-os por alguns momentos, ouvindo os fragmentos de conversas sobre uma nova ameaça que emergia das sombras — uma ameaça que parecia se conectar com os segredos que seu irmão havia descoberto antes de desaparecer.

    A conversa ao redor da fogueira

Entre os sobreviventes, havia uma mulher de pele escura e cabelos trançados, chamada Mirella. Ela parecia ser a líder do grupo, com uma postura firme e uma expressão preocupada. Ao lado dela estava Eron, um jovem com cicatrizes no rosto e olhos cansados, e Liora, uma curandeira com um manto azul desbotado e uma bolsa cheia de ervas medicinais.

Mirella estava discutindo com Eron sobre a recente descoberta de uma base oculta da Ordem Corrupta.

— Eles estão planejando algo grande — disse Mirella, sua voz carregada de tensão. — Rumores falam de um artefato que pode controlar a luz e as sombras.

Eron assentiu, o olhar distante.

— Se isso for verdade, eles podem dominar todo o continente. Precisamos de mais informações, mas nossos recursos são limitados.

Liora, que estava preparando uma mistura de ervas, olhou para Mirella com preocupação. — E se a Ordem já estiver a caminho de nosso refúgio? Devemos estar prontos para qualquer ataque.

       A aproximação de Seraphine

Seraphine, com sua habilidade de ocultação, se aproximou ainda mais, captando cada palavra. Ela sabia que precisava agir com rapidez. Saindo de sua invisibilidade, ela se revelou para o grupo, sua presença causando um susto imediato.

— Quem é você? — exclamou Mirella, levantando-se com uma espada em punho.

— Não há necessidade de armas — disse Seraphine calmamente, mantendo as mãos visíveis. — Eu sou Seraphine, e estou à procura de informações sobre a Ordem Corrupta. O que vocês sabem sobre o artefato mencionado?

O grupo relaxou um pouco ao perceber que Seraphine não parecia uma ameaça imediata. Mirella, ainda desconfiada, fez um gesto para que ela se sentasse.

— Se você sabe sobre a Ordem Corrupta, então provavelmente está aqui por um motivo muito sério. O artefato é algo que pode mudar o equilíbrio de poder. Meu grupo encontrou uma pista que leva a uma antiga torre nas Montanhas do Crepúsculo. Dizem que é onde a Ordem está escondendo o artefato.

Seraphine sentiu um frio na espinha ao ouvir as palavras de Mirella. As Montanhas do Crepúsculo eram conhecidas por serem um local perigoso e amaldiçoado, cheio de criaturas mágicas e armadilhas.

O planejamento da missão

Seraphine decidiu que precisaria de aliados para a jornada, mesmo que sua natureza solitária a fizesse hesitar em confiar. Ela fez uma proposta ao grupo.

— Se vocês me guiarem até essa torre, eu prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que o artefato não caia nas mãos da Ordem Corrupta.

Mirella considerou a proposta por um momento, então concordou.

— Está bem. Mas precisaremos nos preparar. A jornada até lá não será fácil.

Enquanto o grupo se preparava, Seraphine observou as interações entre eles. Ela notou que, apesar de suas diferenças, havia uma forte lealdade entre eles. Mirella parecia ser uma líder natural, Eron tinha um espírito guerreiro, e Liora era o pilar de suporte com suas habilidades curativas.

          A preparação para a jornada

A noite caiu sobre o campo de batalha, e o grupo fez o possível para se preparar para a jornada. Liora tratou das feridas dos sobreviventes, Eron afiou suas armas, e Mirella organizou suprimentos e provisões. Seraphine ajudou onde pôde, utilizando suas habilidades para garantir que o acampamento estivesse seguro contra possíveis ataques.

Antes de partir, Mirella se aproximou de Seraphine e disse: — Você tem certeza de que está pronta para isso? O caminho será difícil, e a Ordem Corrupta não perdoa facilmente.

— Estou preparada — respondeu Seraphine com firmeza. — Eu não tenho outra escolha. Meu irmão desapareceu porque descobriu algo que pode destruir a Ordem, e eu preciso encontrá-lo e pôr fim a essa ameaça.

Com um último olhar para as ruínas do campo de batalha, o grupo partiu em direção às Montanhas do Crepúsculo. A jornada estava apenas começando, e Seraphine sabia que muitos desafios esperavam por eles. Mas, ao lado de seus novos aliados, ela sentia uma esperança tênue de que poderiam, de fato, virar a maré da guerra.

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