A luz chama.

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"Eu vou te perseguir, te esfolar vivo, mais uma palavra e você não sobreviverá.

— eyes on fire, blue foundation."


Na sala principal da mansão Elowen, erguida no topo de uma colina coberta por pinheiros que isolava a propriedade do restante de Astoria, o ambiente era marcado pelo cheiro de velas queimando e o som baixo de murmúrios tensos. As paredes antigas, cobertas por tapeçarias que narravam a longa história dos Iluminados, pareciam absorver a ansiedade dos descendentes ali reunidos. A mesa de carvalho ao centro, robusta e marcada por símbolos ancestrais, refletia a luz tremeluzente das chamas, como se estivesse prestes a despertar.

O grupo estava completo.  Elsa Valen, a matriarca da família, ocupava a cadeira de destaque, suas mãos firmes segurando uma adaga prateada. Ao seu lado, Adrian Blackwood, com seus olhos sombrios e cabelo grisalho desalinhado, parecia mais cansado do que de costume, mas sua expressão permanecia implacável. Da outra ponta da mesa, Margot Winterborne, uma jovem de feições delicadas, segurava o punho da adaga como se pesasse o destino de todos.

– Não temos tempo – disse Elsa, seus olhos percorrendo o círculo, a voz firme ecoando pela sala. – O mal está se movimentando mais rápido do que previmos. Precisamos encontrar o receptáculo de luz, ou Astoria será destruída.

– Já sabemos que ele está entre nós – respondeu Adrian, seu tom sombrio. – Mas o desafio é maior do que nunca. O príncipe do Elo Negro retornou.

As palavras de Adrian caíram sobre os outros como uma maldição, e Margot sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela conhecia bem as histórias sobre o príncipe negro. Nenhuma delas terminava bem.

– E se não conseguirmos a tempo? – Margot perguntou, a dúvida se infiltrando em sua voz.

– Não há essa opção – retrucou Elsa, os olhos severos fixos na jovem. – Vamos encontrar o receptáculo, não importa o custo.

– Concordo com Elsa – disse Tobias Greystone, o mais velho do grupo, sua barba branca contrastando com os olhos afiados de águia. – Mas sabemos o que está em jogo. Se errarmos, o mal consumirá não apenas Astoria, mas o mundo inteiro. Não podemos falhar.

Adrian ergueu a adaga, cortando a palma da mão e deixando o sangue escorrer até a tigela de prata no centro da mesa. Um a um, os Iluminados repetiram o gesto, até que o líquido vermelho-escuro formou uma poça, brilhando com uma luz intensa e sobrenatural.

– Está feito – murmurou Elise, fitando o sangue que borbulhava e cintilava na tigela. – Agora, a verdade será revelada.

Eles começaram a murmurar as palavras do feitiço em uníssono, a língua ancestral ressoando pelas paredes da mansão, e o ar na sala pareceu vibrar com energia. A luz na tigela brilhou com intensidade crescente, até que uma fumaça densa e prateada começou a se erguer, girando no ar como uma serpente.

– Vamos logo com isso – murmurou Adrian, impaciente. – O tempo está contra nós.

A fumaça se condensou no centro da mesa, formando vagarosamente letras que, por fim, se revelaram diante de todos.

– Andromeda Hale – anunciou Elsa, sua voz cortante.

Margot arregalou os olhos.

– Ela... ela é uma de nós?

– Não apenas uma de nós – corrigiu Tobias, com um olhar pesado. – Ela é o receptáculo de luz.

O silêncio tomou conta da sala por um instante, o peso da revelação afundando sobre eles como uma pedra. Andromeda Hale, uma jovem que desconhecia sua verdadeira herança, era a única esperança contra a ascensão das trevas.

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