Acorde gracinha.

0 0 0
                                    

"O verão foi feito para amar e para partidas.
— white mustang, lana del rey."

Andromeda caminhava descalça pela floresta densa e escura, os galhos secos e quebradiços estalando sob seus pés. O vento soprava entre as árvores, frio e cortante, fazendo o tecido leve do seu vestido branco de renda flutuar ao redor de seu corpo. O silêncio da floresta era opressor, como se até mesmo os animais estivessem contidos pela escuridão que engolia o lugar. Ela se movia com cautela, sentindo o coração pulsar em seu peito, como se algo—ou alguém—estivesse à espreita.

De repente, uma voz baixa e rouca sussurrou atrás dela, tão próxima que ela sentiu o calor do fôlego em sua nuca:

— O futuro é inevitável, e ele te encontrará onde quer que se esconda.

Ela ofegou, paralisada. A voz masculina, grave e intensa, ressoava em sua mente como um eco, suas palavras se embaralhando em uma mensagem incompreensível. Seu corpo gelou, mas, ao mesmo tempo, uma onda de calor percorreu sua pele quando uma mão calejada e quente desceu por suas costas e envolveu sua cintura, apertando-a. O toque foi firme, como se a estivesse puxando para a escuridão.

Andromeda fechou os olhos com força, o coração acelerado, tentando lutar contra a sensação estranha que a envolvia, como se estivesse entre o sonho e o real.

— Acorde, gracinha...

A voz sussurrou de novo, mais familiar agora, e ela sentiu o arrepio percorrer sua espinha. Os olhos dela se arregalaram, e, num sobressalto, sentou-se na cama, ensopada de suor. Seu peito subia e descia rapidamente enquanto tentava recuperar o fôlego, os lençóis embolados ao redor de suas pernas.

Ainda ofegante, levou a mão à testa. Que merda foi isso? A voz que sussurrava no sonho parecia muito com a de Eros, o novo professor, o mesmo que ela não conseguia tirar da cabeça desde a aula daquele dia. Ela fez uma careta de desgosto. "Por que diabos sonhei com aquele babaca?"

Ainda tentando afastar a estranheza do sonho, levantou-se da cama e vestiu um moletom qualquer. Ao descer as escadas, o cheiro de café fresco preenchia o ar da casa. Elena estava na cozinha, preparando o café da manhã, mas seu rosto parecia distante, os movimentos mecânicos enquanto arrumava a mesa.

— Bom dia — Andromeda sorriu para a mãe, mas o sorriso não foi retribuído.

Elena desviou o olhar, como se estivesse perdida em algum pensamento profundo, e balançou a cabeça com um sorriso tenso.

— Não é nada, só... preocupações de mãe — disse, quase como um reflexo. — Estava pensando... o que acha de irmos para a Flórida neste verão? Sol, praia... seria bom, não acha?

Andromeda resmungou enquanto pegava uma maçã da fruteira e mordia, sem ânimo para a ideia.

— Eu tenho faculdade, mãe... provas e tudo mais. Não dá pra fugir agora.

Elena suspirou, o sorriso amarelo e forçado em seus lábios.

— Claro... claro, você tem razão.

O clima entre elas ficou estranhamente tenso, mas antes que Andromeda pudesse questionar o que realmente estava acontecendo com a mãe, o som de uma notificação no notebook ecoou pela sala.

***

Minutos depois, Andromeda estava em sua cama, com o notebook apoiado nas pernas, vendo Elise Feng surgir na tela da chamada de vídeo, o rosto dela iluminado pela luz fraca do quarto. Elise estava animada, como sempre, com aquele jeito frenético de falar.

— Finalmente! — disse Elise, rindo. — Achei que você tinha desmaiado de tanto estudar ou algo assim.

Andromeda riu, balançando a cabeça.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 19 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Luz & SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora