Adeus inferno

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🩷

  Me certifico de que todas as caixas já estão no caminhão e todos os meus pertences na mochila. Dou uma bela olhada no meu quarto pela última vez e meu coração aperta naquele momento.

  Vou pra cozinha e me deparo com aquela cena tenebrosa: Minha mãe se debulhando em lágrimas e meu pai me olhando com aquele mesmo olhar de desgosto de sempre. Sinto um pouco de pena dela, mas não o suficiente pra me sentir tocado ou arrependido da minha escolha.

  — Olha o estado da sua mãe, moleque! Se você não fosse essa aberração, ela não taria chorando desse jeito! – O homem grita comigo como se eu fosse me importar com oque ele fala.

  — Tá bom, agora posso abraçar ela pela última vez antes de sumir da vista dos dois? – Pergunto e ele me dá passagem pra abraçar minha mãe.

  — Você vai ficar bem, mãe?

  — Não sem o meu menino!

  — Mas você sabe que concordou com isso né?!

  — Sim, mas se você não tivesse concordado em ir, as coisas seriam diferentes. – Ela realmente acha que me convence com esse papo furado, mas nessa eu não caio nem se ela implorar.

  — Tchau mãe, te amo. – Dou um beijo na sua testa enquanto desfaço o abraço.

  — Também te amo muito, filho.

  — Tchau pai.

  — Tchau.

  Entro no caminhão e vou direto pra minha nova casa. Menor, menos estrutura e muito muito suja! Mas não vejo problema nenhum, até porque oque realmente importa é que eu estou saindo desse inferno que eu chamava de casa e me libertando de tudo aquilo que me deixava preso (meus pais, no caso).

  Você deve se perguntar o porquê eu estou saindo de casa no auge dos meus 21 anos só com o dinheiro do aluguel desse mês e as minhas bugigangas.

  Resumindo toda a história, meu pai me viu se pegando com um garoto, me deu uma surra dizendo que era pra me libertar dessa "maldição", eu revidei e ameacei contar pra polícia e ainda sair contando pra todo mundo que ele traía a mamãe com secretária dele e meu pai simplesmente se irritou e me expulsou de casa (ufa, já posso virar rapper depois dessa).

  Agora estou indo pra esse apartamento fudido no centro universitário de Busan, sem o mínimo de perspectiva e completamente perdido, mas pelo menos eu tô longe daqueles dois malucos e finalmente posso ser eu mesmo.

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  Depois de DUAS HORAS de trânsito, finalmente chego no prédio e vou subindo as escadas com várias caixas até o meu andar. Depois de mais ou menos uma hora e meia, termino de desempacotar tudo e corro pro chuveiro.

  Não consigo tomar banho sem ouvir música e passar um bom tempo no chuveiro e é exatamente isso que eu faço, ou que eu gostaria de estar fazendo. Até porque logo quando tô na melhor parte da música, eu ouço alguém batendo na minha porta e saio correndo só de toalha pra atender.

  Quando abro quase caio pra trás, ele é simplesmente um dos caras mais lindos que os meus olhos já tiveram o prazer de contemplar, mas carrega uma expressão nada feliz no rosto.

  — Boa noite senhor, gostaria de avisar que o senhor está fazendo muito barulho e isso tá atrapalhando o sono dos meus gatos e o meu, então se puder fazer menos barulho, eu agradeço. – Ele cruza os braços e reparo no seu pijama azul e branco com estampa de gatinhos.

  — Pe-perdão senhor, desculpe pelo incômodo, prometo não incomodar mais o senhor e os seus gatos. – Falo enquanto ele me olha fixamente quase como se estivesse investigando a minha alma.

  — Obrigado. – Ele se vira e eu fico lá todo desnorteado depois disso. O que eu faço depois disso?

   Visto uma roupa descente e vou assistir alguma coisa no celular, amanhã eu arrumo toda essa bagunça e concluo tudo oque estiver pendente. Por hj só quero capotar nesse colchão na sala até a manhã seguinte.

💚

  Chego do trabalho e vou logo dar ração para os meus gatos. Depois de alimentados, vou direto pro banheiro tomar uma ducha rápida e coloco meu pijama.

  Quando eu e os meus gatos estamos quase indo dormir, ouço uma música irritantemente alta vindo do andar de cima. Me vejo obrigado a sair do meu recinto e ir lá mandar aquele cretino ir a merda.

  Bato na porta do vizinho por uns bons segundos e quando ele abre parece que todos os xingamentos que eu preparei somem da minha mente. Tudo que se passa no meu cérebro é o quanto ele é lindo de todas as formas. Mas ele parece muito jovem pra você Minho, esses garotos não querem um velho ranzinza pra si.

   Peço educadamente pra que ele não faça barulho e percebo que suas bochechas rechonchudas coram enquanto eu falo. Isso me deixa um pouco desconcertado e me viro assim que ele termina de se explicar.

  Então esse era o novo vizinho gato que as meninas adolescentes do prédio estavam comentando. Não julgo elas, até porque eu achei o mesmo sobre o garoto, ele é realmente bonito mesmo.

  Depois de resolver aquele problema com o barulho, volto pra cama pra tentar dormir um pouco e torcer pra que eu não tenha uma bela crise de insônia essa noite e levante todo destruído amanhã de manhã. Mas como se fosse mágica, eu adormeço no momento em que me deito na cama.

💚

  Acordo às cinco da manhã, como sempre e vou colocar a ração dos meus gatos. Me arrumo pra trabalhar e faço uma torrada com geleia de café da manhã. Saio do apartamento e uma garota bastante jovem vem na minha direção.

  — Senhor Lee?!

  — Sim? – Pergunto e ela parece um pouco nervosa.

  — O senhor sabe dizer o nome do novo morador? – Ah! Era isso.

  — Não, eu não sei o nome dele.

  — Ah sim. Obrigada mesmo assim, senhor Lee. – Ela sai correndo corredor a dentro e eu saio pela porta direto para o estacionamento do outro lado da rua pegar meu carro pra ir trabalhar, esses dias as coisas andam meio corridas pra mim.

  O garoto é realmente bonito e parece ser exatamente do tipo que me atrai: aqueles bem bobinhos e caóticos. Mas eu sou um trintão encalhado e sem muita paciência pra papinho de jovem inconsequente sem visão de relacionamento duradouro, já passei dessa fase faz muito tempo, no momento só quero cuidar dos meus filhos, trabalhar e só talvez achar alguém que se encaixe na minha vida medíocre.

  Estaciono meu carro na garagem da empresa que eu trabalho como analista administrativo e sou recepcionado pela mesma pessoa de sempre: Harin, a recepcionista (QUE MULHER CHATA!).

  — Bom dia senhor Lee! O senhor está muito lindo hoje! Ouso dizer que bem mais do que ontem. – Por que ela ainda insiste? Será que eu vou ser obrigado a andar com uma placa escrito: "eu sou gay!" ?

  — Então acha que ontem eu estava feio?

  — Claro que não! O senhor nunca esteve feio em toda a sua vida! – Ela fala e eu não consigo conter a risada.

  — Ah sim, claro! – Me dirijo até o cubículo que eu chamo de sala e começo as minhas obrigações (que não são poucas). O dia hoje vai ser estressante como todos os outros, mas não é nada que eu não tenha consciência em todos esses nove anos de profissão, é claro.

💚

Oioi nuvenzinhas!!!
Como um presente por todo o apoio da minha primeira fic, eis aqui uma dos minsung pra todo mundo ficar feliz!!!
Se gostarem desse capítulo, votem e comentem pra me ajudar a continuar escrevendo mais pra vcs.

Beijinhos da Millz 🩷☁️

 

 

Neighbor (Minsung)Onde histórias criam vida. Descubra agora