Ray finalmente adormece em seu quarto, tentando esquecer o medo que sentiu mais cedo. O silêncio na casa é absoluto, e ele está imerso em um sono profundo. Mas, de repente, um som vindo do corredor o faz despertar.
Ray: sonolento murmurando "Que barulho é esse...?"
Ele ouve passos pesados se aproximando. Seu corpo enrijece instantaneamente. Ele reconhece aqueles passos: é seu tio.
O coração de Ray começa a bater mais rápido. Ele tenta se acalmar, convencendo-se de que talvez o tio só esteja passando pelo corredor. Mas os passos param bem em frente à porta do quarto dele.
Ray: assustado (Não... por favor, não...)
A maçaneta gira devagar. A porta se abre lentamente, revelando a silhueta de seu tio à meia-luz. O olhar severo no rosto do homem faz Ray encolher-se ainda mais na cama.
Tio: voz áspera "Onde você estava mais cedo, moleque?"
Ray sente um nó se formar na garganta. Ele sabia que não podia mentir, mas também não podia dizer a verdade. O medo se mistura à adrenalina, enquanto ele tenta pensar em uma desculpa convincente.
Ray: " E-eu... tava estudando... com um amigo..."
Tio: dando um passo à frente, a voz mais ameaçadora "Estudando, é? E acha que eu sou burro? Que eu não sei quando você tá aprontando? Vi você pela rua, com aquele sorvete na mão. Quem você pensa que engana?"
Ray sente o estômago afundar. Seu tio tinha o visto. Agora não havia saída.
Ray: baixando a cabeça "Eu só... queria tomar um sorvete. Não fiz nada de errado..."
Tio: com os olhos estreitos de raiva "Não fez nada de errado? Você sai da escola sem avisar, gasta dinheiro com besteira e ainda tem coragem de mentir pra mim?"
Antes que Ray possa responder, o tio se aproxima rapidamente e o segura pelo braço, apertando com força. O garoto tenta se soltar, mas o tio o puxa para fora da cama.
Tio: gritando "Eu já te avisei sobre desobedecer, não avisei?! Você acha que pode fazer o que quiser, moleque?"
Ray: quase chorando "Por favor, tio, eu só... só saí pra tomar um sorvete... não vou fazer mais isso..."
Mas o tio não o ouve. A raiva já tomou conta, e ele levanta a mão, pronto para bater em Ray. O garoto fecha os olhos, esperando o pior, mas, antes que o golpe o atinja, ele ouve a porta da casa se abrir lá embaixo.
Tia: "Oi! Cheguei!"
Ray está no chão, com o coração acelerado e o corpo tremendo. Lá embaixo, ele ouve o som da porta se abrindo. É sua tia, a única pessoa que cuida dele, e que nunca está presente quando ele mais precisa.
Tia: gritando do andar de baixo "Ray, onde você está?"
Ray fica quieto, tentando controlar a respiração para não fazer nenhum som
Tio: olhando para Ray com desprezo "Você teve sorte hoje, moleque. Mas na próxima vez que fizer isso, vai ser muito pior, entendeu?"
Ray não consegue responder, seu corpo inteiro está em choque. O tio solta seu braço e dá um passo para trás, antes de sair do quarto e fechar a porta com força. O som da porta batendo ecoa pela casa e faz Ray estremecer.
Ray: (Ela nunca sabe... e se soubesse, será que faria alguma coisa? Ou será que só iria embora como sempre?)
Ele se levanta lentamente, com o braço dolorido onde o tio o segurou. Caminha até a janela, olhando para a rua vazia lá fora, sentindo-se preso dentro da própria casa. A cada passo que dá, o eco dos acontecimentos ressoa em sua mente. Seu tio não era uma figura distante, mas alguém que ele via todos os dias. Alguém que deveria cuidar dele, mas que o aterrorizava.
Ray: (Ela acha que ele é só severo... só rígido. Nunca imagina o que acontece quando ela não está por perto)
Ele tenta imaginar o que aconteceria se contasse à tia. Ela sempre chegava tarde do trabalho, cansada, e perguntava superficialmente sobre o dia dele. Para ela, Ray era só um garoto que precisava de mais disciplina, nada mais. Seu tio se certificava de manter a imagem de "homem de respeito", alguém responsável pela educação de Ray.
Ray: (Se eu contasse... será que ela acreditaria? Ou pensaria que eu tô inventando tudo, só pra não levar bronca?)
Ray não tem certeza. Sua tia nunca viu o pior do tio, só ouvia o que ele queria que ela ouvisse. E Ray, até agora, manteve o silêncio, com medo das consequências. Mas cada vez que o tio o machucava, essa dúvida crescia dentro dele.
Ray: (Eu não posso mais viver assim...)
Ele volta para a cama, sentindo a cabeça latejar de tanto pensar. O braço ainda dói, e o cansaço começa a pesar, mas o medo não o deixa descansar. Olhando para o teto, ele tenta encontrar uma saída, mas tudo parece impossível.
Ray pega o celular e olha para a tela, rolando os contatos. Ele vê o nome de Zyan e pensa em contar tudo para o amigo, mas a hesitação o paralisa. Zyan sempre o via sorridente, o "Ray divertido". Como poderia colocar todo esse peso em cima do amigo?
Ray: (Ele nunca entenderia... Ele tem uma família normal. Como vou explicar isso?)
Ele coloca o celular de lado novamente, sem mandar mensagem, e suspira. O medo de se abrir é tão grande quanto o medo do tio. O silêncio da casa parece aumentar à medida que a noite avança, e Ray se encolhe debaixo do cobertor, tentando se proteger de tudo — da dor, do medo e da solidão que ele sente, mesmo cercado por pessoas que deveriam cuidar dele.
Ray: Amanhã... amanhã eu vou tentar falar com alguém.
Ele sabe que está mentindo para si mesmo, mas o pensamento de que pode existir uma saída, mesmo que distante, é o que o faz continuar aguentando. Assim, ele fecha os olhos, tentando adormecer, mas com a constante sensação de que essa história de medo e silêncio vai se repetir até que um dia ele finalmente encontre coragem para quebrar o ciclo.
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Um amor talvez correspondido?
RomanceUma historia sobre um pobre garoto miserável que foi obrigado a morar com os tios, porém o seu tio se desprezava dele enquanto a tia estava fora, um dia na escola ele conheceu um menino que mudou sua vida para sempre Leia para saber o resto!!