Marlene

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Marlene Mckinnon, 1988

Marlena ainda refletia sobre o que havia perdido, mas tentava se concentrar apenas em estar viva. Não era apenas a morte de Dorcas Meadows ou a perda de sua amada família, nem a bondade equilibrada que seu pai representava, mas também o tempo que havia passado. Agora, ela era alguns meses mais velha do que sua irmã mais velha jamais seria — Lydia nunca celebrou o fim dos 27. Marlena tinha apenas 11 anos quando Voldemort se tornou uma ameaça, e agora, aos 28, não conseguia se lembrar de uma época em que o medo dele não estivesse presente, assim como o luto que ele causou. 

Ela era a mais nova de quatro irmãs, e sua mãe ainda mantinha um olhar doce e bondoso, algo que só uma Lufana poderia ter.

— Você vai para a Grifinória, todos sabemos disso, assim como sua irmã mais velha foi — disse sua mãe com um sorriso. — Seu pai não tem dúvidas.

Marlena sempre fora uma criança questionadora e, às vezes, respondona, mas a natureza gentil de seu pai conseguia acalmar seus ânimos aflorados.

Aos 11 anos, conheceu suas companheiras de quarto em Hogwards, Lily Evans e Dorcas Meadows, o que seria determinante para os anos seguintes.

Aos 15, entrou para o Clube de Debate, um grupo semi-fundado por algum estudante da Corvinal que discutia livros e poesia, mas que tinha uma abordagem um tanto capenga das ciências humanas e contava com poucos membros. Mesmo assim, era divertido; nem tudo precisava ser tão mágico, e ali eram apenas papel e pena.

Aos 16, Marlena começou a mudar sua perspectiva sobre algumas pessoas, como James Potter, um rapaz que ela desprezava pela prepotência e arrogância. Após ver Severus chamar sua amiga de "sangue-ruim", ela percebeu que teria que escolher entre o que era fácil e o que era certo. Assim como suas irmãs mais velhas, decidiu que se juntaria à Ordem da Fênix quando atingisse a maioridade. Ela comentou com Dorcas:

— Em breve, todos mostrarão suas cartas, e precisamos escolher um lado.

Aos 17, formou-se e foi para a Espanha fazer treinamento para se tornar auror. Em meio a tantos perigos, pensou que era o caminho certo a seguir, deixando para trás o sonho de ser advogada.

Aos 18, Lily anunciou que se casaria com aquele garoto chato e espalhafatoso, e os três amigos patetas dele seriam padrinhos.

— Você ficou louca? Tem 18 anos e vai se casar? Ainda quer que eu apoie isso?

— Você sabe que estamos em guerra, e talvez isso seja algo que eu sempre quis — Lily respondeu com um tom de voz doce e um tanto pedante, algo que nem mesmo a personalidade arisca de Marlena conseguia resistir. — Você sabe que minha irmã não virá e já me critica pelo que sou. Não preciso que outras pessoas critiquem minhas atitudes. James pediu a permissão dos meus pais primeiro, acredita? Eu estou apaixonada, Lena.

— Me diga que o Remus ainda está disponível para ser meu par — disse Marlena, aceitando o convite com um tom cansado e conformado.

— Ele vai com a Dorcas, mas o Sirius ainda não tem par...

— Isso não é justo. Não posso aparecer nas fotos com alguém que tem um cabelo mais bonito que o meu. Avise a ele para ir na versão cachorro.

Aos 19 anos, seis meses apos a ligacao de Lily e alguns dias para o casamento da amiga, seu pai insistiu para que ela retornasse à Inglaterra. As coisas haviam mudado drasticamente; tudo parecia cinza. Alice e Frank haviam sido atacados duas vezes e tinham visto a face daquele que não deve ser mencionado. Lily o havia visto uma vez, quando estava com James e Dorcas. Dorcas comentou que ele era um homem que, um dia, já fora muito bonito, mas agora era impossível ver qualquer beleza em alguém que havia sujado tanto as mãos com sangue.

Frail loveWhere stories live. Discover now