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Por muito tempo, Liam pensava ser esquizofrênico.

"Isso está horrível." — o mini-Liam disse.

— Não está, você que tem um gosto muito ruim.

Ele tinha essa pequena voz em sua cabeça- ela era parecida com ele, irritante e hiperativa, curiosa e realista e principalmente muito estúpida e cruel. Na maior parte do tempo Liam odiava ela, mas às vezes ela era legal, irônica e engraçada. Às vezes até quieto, porque Liam tem recaídas de não escutar ele por dias quando sua mente está vazia- como quando ele não consegue pensar em absolutamente nada e anda por aí parecendo um morto-vivo.
Quando descobriu o verdadeiro significado de esquizofrênico ainda pequeno, ele chorou por dias enquanto o mini-Liam — a voz da sua cabeça — dizia que ele realmente era louco por escutar ela.

Com o tempo ele simplesmente aceitou esse merdinha vivendo em sua cabeça e aprendeu a lidar com ele. Na verdade, o mini-Liam era uma ótima companhia, então realmente estava tudo bem.
Exceto quando os diagnósticos vieram e o mini-Liam começou a ser mais agressivo e inquieto, explosivo e ainda mais realista e cruel, várias vezes o relembrando de como ele era um incompetente que não sabia fazer merda nenhuma direito.

Mas até que Liam gostava dele, então ele começou a imaginar como seria seu mini-Liam; idêntico a ele, mas um delinquente. Cabelo preto pintado, piercings e tatuagem.
De acordo com o próprio mini-Liam, ele é mais sexy que o Liam original. Liam não concorda, entretanto.

"Pelo amor de Deus, Liam! Esses mirtilos estão tortos e deformados, você não serve pra pintar."

— Você que tem um péssimo gosto pra arte, seu estúpido. Você não entende nada!

"Oh, eu? Aparentemente quem não entende é você pra pintar uma merda dessas."

— Meu filho, isso é arte!

“Se isso é considerado arte, eu sou o papa”.

— Tá mais pro demônio. — Liam resmungou, cruzando os braços sem se importar com o pincel sujo de tinta em suas mãos, manchando sua camiseta. Isso já estava acontecendo há um tempinho- Liam está sujando absolutamente tudo em sua volta de tinta. — Eu queria que você morresse, sabia?

"Então atire na própria cabeça, idiota."

Então Liam voltou a olhar para o quadro, ignorando a bagunça do seu quarto e torcendo para que Melissa não entrasse lá.
Havia tinta — obviamente azul — espalhadas pelas paredes e pelo chão porque ele se empolgou demais ouvindo Arctic Monkeys, o carpete estava manchado da mesma tinta e havia diversos papeis amassados e pisoteados espalhados porque o mini-Liam conseguiu convencer o verdadeiro Liam que eles estavam horríveis.
Além disso, não podia faltar os diferentes tipos de fones de ouvido e giz de cera junto com lápis de colorir ou de desenho, porque nem tudo precisa ser tinta.

— Você realmente acha que está ruim?

O mini-Liam suspirou.
"Não, idiota. Só estou diminuindo sua autoestima porque esse é o meu passatempo favorito."

— Você mora na minha cabeça, deveria ser mais gentil comigo.

"Você está se ouvindo? Se eu falo essas merdas é porque você pensa."

— Oh. — Liam mordeu os lábios. — Então não está ruim?

"Está uma merda."

— Por favor, morra.

"Se mata, então."

Liam apertou o pincel em suas mãos e deitou a cabeça para o lado, analisando melhor sua pintura enquanto suspirava, porque o mini-Liam estava certo; está horrível e torto.
Ele suspirou, ele odiava seus próprios pensamentos — vulgo mini-Liam — com toda sua força e raiva, porque eles viviam o colocando no chão. Não importa o quanto Scott elogiasse suas pinturas de verdade ou Isaac até querendo que ele fizesse uma para ele, Liam nunca se acharia ou se achou o suficiente.

Time Bomb - THIAM | hiatus.Onde histórias criam vida. Descubra agora