Capítulo Único

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— Aconteceu. — Anthony falou olhando fixamente para a porta do banker.

Ele se levantou e caminhou até a porta sendo seguido por Toni e Fangs.

A maior parte da floresta estava queimada e ainda era possível ver o fogaréu tomando algumas árvores. A névoa cobria os destroços ao mesmo tempo que o vento soprava frio e impiedoso sobre aquilo que um dia foi uma cidade. Uma cidade pequena, envolta por magia, mistérios e segredos sombrios. Nenhuma casa estava firmada, ninguém além dos três caminhava pela rua. Era impossível reconhecer qualquer ponto de referência.

Tudo estava acabado.

O corpo da mulher ruiva jogado ao chão estava mais pálido que o normal. Suas mãos estavam feridas e seu rosto coberto de sangue.

— Oh, meu Deus, Cheryl! — Toni gritou exasperada e correu até a mulher. — Cheryl! Cheryl! Fale comigo, por favor!

— Mãe, calma. — Anthony disse suavemente se aproximando das mulheres. — Ela está viva, posso sentir a pulsação.

Os olhos de Toni estavam marejados e corrompidos pelo desespero. Ela fez um carinho no rosto da ruiva e percebeu alguns cortes profundos.

— Por favor, Cher. — Ela sussurrou. — Não me deixe outra vez.

Cheryl se remexeu com dificuldade, virou-se para cima e abriu os olhos devagar.

— Ei, Cher.

A voz doce que tanto a agradava chamou seu nome. Cheryl, então, encarou o rosto perfeito da mulher negra sobre ela e tentou sorrir, mas como estava ferida demais, apenas soltou um grunhido de dor.

— Não se esforce, ok? Você já fez muito por nós. — Toni disse acariciando seu cabelo. — Vou levá-la para um lugar seguro e cuidar de você. Anthony? Fangs?

Anthony pegou Cheryl no colo e saiu caminhando em direção ao banker, já Fangs ficou estático, com a expressão dura.

— Fangs? — Toni o chamou. — Você não vem?

Ele não respondeu, apenas encarou friamente a mulher. Toni levou alguns segundos para perceber que ele estava irritado e com ciúmes e retribuiu o olhar com incredulidade, correndo atrás de Anthony e Cheryl que já estavam longe.

Fangs continuou parado por algum tempo até voltar à realidade. Ele sacudiu a cabeça em negação e voltou a caminhar, dessa vez gritando, na esperança de encontrar mais alguém vivo.

•••

— Volte para lá e ajude seu pai, Anthony. Talvez outras pessoas também estejam vivas por debaixo dos destroços.

O rapaz assentiu e saiu, deixando as duas sozinhas no banker. Toni prontamente pegou uma caixa de primeiros socorros e sentou-se ao lado de Cheryl, agora deitada na cama, e cuidadosamente começou a limpar o seu rosto.

— Tee-Tee.

— Oi, meu amor. — A voz de Toni estava embargada e seus olhos já não eram capazes de conter as lágrimas. — Eu senti tanto medo... tanto medo de... perder você... para sempre.

— Eu... estou... aqui. — Cheryl disse com dificuldade, se remexendo na cama.

— Eu senti medo de perder todos, é claro, mas você... eu não podia perder você outra vez.

— Toni...

— A noite passada... eu menti pra você. — Toni corou. — Eu senti tudo, eu me lembro de tudo. Thomasina estava lá, mas eu também estava e era eu e você.

— Eu também senti tudo, Tee-Tee. — Ela levou a mão até o rosto da outra, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha. — Mas você disse não se lembrar de nada e parecia estar apressada para sair do quarto. Pensei que estivesse se sentindo culpada por causa do seu relacionamento com Fangs.

Riverdale - Depois do cometa Onde histórias criam vida. Descubra agora