AKNON - O Fim Da Terra

Capítulo um - Qual parte de você mesmo os sonhos foram descobertos?

As torres erguiam-se majestosamente contra o céu de fim de tarde, refletindo o último brilho do sol poente. Cada edifício era uma obra-prima da engenharia, com linhas elegantes e superfícies lisas que pareciam feitas para seduzir o olhar. A mais alta entre elas, um monólito de vidro e aço, cortava as nuvens com precisão cirúrgica, como se fosse uma lâmina projetada por um arquiteto com sonhos de imortalidade. Lá dentro, nos andares mais elevados, a elite se reunia para uma celebração exclusiva. Heróis, empresários e políticos brindavam em um salão luxuoso, sem notar a cidade vibrante abaixo.

As janelas de vidro do salão de gala ofereciam uma vista espetacular da cidade iluminada abaixo, mas os convidados mal percebiam, absorvidos pelo brilho e pelo prestígio da noite. A música suave de uma orquestra preenchia o ar, enquanto garçons deslizantes ofereciam taças de champanhe Perrier-Jouët e canapés refinados, tudo meticulosamente planejado para refletir a grandiosidade da ocasião. Este era um evento que reunia o topo da elite urbana – políticos, empresários, celebridades e, claro, os heróis. Os premiados eram aqueles que haviam protegido a cidade com suas vidas, homens, mulheres e algumas espécies que desafiavam a natureza da existência. Carregavam cicatrizes tanto físicas quanto emocionais, ocultas sob uniformes impecáveis. Nas conversas discretas, se faziam alianças e se traçavam planos, enquanto flashes das câmeras capturavam sorrisos polidos e momentos ensaiados de emoção. Sob a superfície do glamour, havia uma tensão sutil, um reconhecimento tácito de que o sucesso tinha um preço, e que o topo era tanto um lugar de triunfo quanto de perigo.

No terraço, Aiden Schrier se afastou da agitação do evento. Encostado na balaustrada de vidro, ele observava a cidade com uma expressão pensativa, vestindo um terno cinza impecável. Ao seu lado, Yumi Saito ajustava delicadamente seu vestido de seda rosa-claro, suas asas de mariposa reluzindo com a luz das estrelas. A atmosfera ali era distinta da agitação do evento; havia um misto de serenidade e introspecção.

— Às vezes parece que o mundo inteiro lá embaixo está correndo atrás de algo que nunca vai alcançar — disse Aiden, rompendo o silêncio.

— E o que acontece quando não conseguimos mais proteger? Quando tudo isso — ela fez um gesto vago para a cidade abaixo — se transformar em caos?

Maroc, encostado em um dos pilares de sustentação do terraço, observava a cena com um cigarro entre os dedos. — Vocês e essas filosofias profundas — ele riu baixinho, antes de lançar um olhar divertido para Ukant, que tentava, desajeitadamente, segurar um cigarro entre os dedos grossos. — Não é tão fácil quanto parece, Ukant. É uma arte.

O Gárgula olhou para o cigarro com uma mistura de frustração e curiosidade, seu traje preto ajustado contrastando com seu tom cinzento. — Não entendo o fascínio disso — murmurou com sua voz grave.

Charlotte, um pouco afastada, observava a cidade com a mesma seriedade de sempre. Seu vestido azul escuro destacava sua figura imponente, os cabelos brancos emoldurando seu rosto com uma beleza fria.

O silêncio que envolvia o terraço era confortante, uma pausa rara no ritmo frenético de suas vidas. Enquanto a cidade brilhava ao longe, uma sensação de expectativa pairava no ar. Maroc dirigiu-se à frente da equipe e sorriu.

— Vamos brindar a isso — ele sugeriu, erguendo um copo de champanhe que havia levado para o terraço. Aos verdadeiros momentos, às conexões que realmente importam. À equipe Valentes, então. Que enfrentemos o que vier com a mesma coragem e lealdade que sempre tivemos. O mundo pode mudar, mas o que realmente importa é o que somos juntos.

 Cada um deles ergueu seu copo, e um brinde silencioso passou entre eles. Era um gesto simples, mas carregado de significado.

 
O som discreto do elevador interrompeu o silêncio, fazendo com que todos se voltassem para a porta de metal que se abria lentamente. De dentro, emergiu Wladia, a chefe dos laboratórios da agência. Seu usual jaleco branco havia sido substituído por um vestido preto formal que acentuava sua postura rígida. Seus olhos brilhavam com a precisão calculada. A sensação de camaradagem e a leveza do momento se transformaram em uma atmosfera mais séria.