Um mês depois
Ontem o livro que escrevi foi finalmente publicado, isso é tão excitante! Enquanto caminhava em direção à livraria meu coração batia acelerado.
A livraria estava logo ali, ao cruzar a porta, um sino soou, meus olhos varrerão o local até o balcão, onde uma pequena mesa exibia algumas cópias do meu livro. Era surreal ver aquelas páginas, palavras minhas, impressas em um livro físico. A capa estava linda, me aproximei, e permiti que meus dedos tocassem a superfície da obra que significava tanto para mim. Senti muito orgulho; era como olhar para uma parte de mim mesma.
– Você já viu? – perguntou uma voz familiar. Era Jayjay, que agora estava ao meu lado, sorrindo de forma radiante. balancei a cabeça, ainda absorta.
Jayjay pegou um exemplar e o folheou, suas expressões de admiração aquecendo meu peito. Me emociona ter ela aqui comigo, nesse momento.
– Quer que eu tire uma foto? – Jayjay sugeriu, segurando o celular. assenti, um pouco tímida, mas também empolgada. – Ótimo segura o livro do lado do seu rosto.
– Assim está bom?
– Perfeito, agora dê seu melhor sorriso. – Sorrio e ela termina – Prontinho, ficou ótima. Eu vou levar esse que está com ela moça – Jayjay compra um exemplar.
– Não precisa comprar, vou te dar um de presente, já está em casa.
– Ótimo, vou dar esse aqui pra minha mãe. Como quer comemorar? Hoje é por minha conta!
– Nós duas, uma garrafa de vinho bem cara acompanhada de biscoito de cebola e muita nostalgia.
– Escolha magnífica senhorita, estou exausta. – Começamos a caminhar juntas até a saída – Não somos mais tão jovens, pelo menos não tanto quanto costumávamos ser.
– Nisso tenho que concor... – Alguém empurrou a porta antes e acertou meu ombro. – uuuh essa doeu. – Esfrego o local.
– Tudo bem Isa? – Jayjay examina o local agindo como a enfermeira preocupada de sempre.
– Não foi nada.
– Desculpe! Eu não vi você aí.
Olhei para cima e encontrei um intenso olhar castanho. Ele tinha cabelo escuro, bagunçado, e um ar de desdém.
– Sem problemas essas coisas acontecem. – Ele balançou a cabeça levemente encarando meu ombro.
Ele me olha nos olhos e em seguida fixa seu olhar no meu, talvez pensando no que dizer a seguir. Já estava ficando tensa quando Jayjay despertou o homem com um discreto pigarro e uma risadinha não tão discreta assim.
– Licença, afinal você vai entrar ou não? Nós pretendíamos sair. – Ele olha ao redor e se move.
– Ah claro, desculpe novamente. – Não consegui evitar de encarar as costas dele enquanto se afastava.
– Será que alguém ficou interessada? – Jayjay provoca enquanto segura a porta para mim.
– Não viaja.
– Ficou sim, aposto que foram os óculos.
– Ele estava usando óculos? – Tento vê-lo novamente por cima dos ombros, estava com meu livro na mão. Ele realmente usa óculos, eu estava viajando muito– É, mas acho que combina com ele...
– Como é que é? – Ela abre um sorriso que não parece boa coisa.
– Nada, vamos embora! – começo a empurrar ela pelos ombros pra seguir em frente.
– Tem certeza? Posso ver se ele não quer passar o número pra você, ele me pareceu bem interessado também.
– Você já está falando besteira e ainda nem bebeu.
Era o início do fim de semana, e eu estava decidido a aproveitar meu tempo livre da melhor maneira. Após uma semana cansativa, sai da escola direto para a livraria, com a intenção de escolher dois livros que há tempos estavam na minha lista.Com um leve empurrão, tentei abrir a porta, mas estava tão distraído que não percebi que alguém estava bem atrás.
– Uuuh, essa doeu – ouvi uma voz feminina, encarei o ombro onde ela passava a mão.
– Tudo bem? – perguntei, tentando parecer despreocupado, embora uma pontada de culpa me atingisse.– Desculpe! Eu não vi você aí – falei, tentando disfarçar meu desconforto.
– Não foi nada.
– Desculpe, não vi você aí – Encontro os olhos dela, possivelmente os mais bonitos que já vi, no entanto, não consigo dizer se são verdes ou azuis. E parecia tão surpresa quanto eu.
Ela respondeu que estava tudo bem, mas seus olhos estão fixos nos meus. O que era isso? Será que está esperando que eu diga mais alguma coisa? Não parece tão grave que precise ir ao hospital. Um pigarro chama minha atenção e noto outra mulher ao lado dela.
– Licença, afinal você vai entrar ou não? Nós pretendíamos sair – Disse a garota que presumo ser amiga dela, me afastei, não sem um último olhar para a garota. Ela segurava um livro, olhei ao redor e encontrei as cópias na bancada de lançamentos.
– Ah claro, desculpe novamente. –
Enquanto caminhava, pude ouvir as palavras da amiga dela ecoarem. "Será que alguém ficou interessada?"
Cheguei onde os livros estavam e encontrei o mesmo exemplar que ela segurava, no título estava escrito "Corações em Chamas", a capa me chamou a atenção, e, como um impulso, peguei o livro em minhas mãos. O título estava escrito em letras douradas e tinha relevos.
Virei o livro para ler a sinopse, mas não dizia muita coisa, a surpresa mesmo, veio a seguir, na contracapa havia uma foto da escritora e era a mesma garota. Olhei para a porta da livraria, onde ela havia passado, mas já havia desaparecido.
– Vou levar esse aqui.
– O senhor quer que embrulhe?
– Ah... Sim, obrigado. – Entrego os livros na mão dela e aguardo.
– Tenha um ótimo dia. – A atendente sorri gentil.
– Você também.
Volto para casa encarando o livro em minhas mãos, não sei porque escolhi esse romance, na verdade devo tê-lo comprado por pura curiosidade, ainda que nem chegue perto dos meus gêneros favoritos.
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Os semelhantes se repelem?
RomanceDizem que os opostos se atraem, então isso significa que os semelhantes se repelem?