III - Que Deus lhe pague, cara!

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As luzes incomodavam seus olhos ao abri-los lentamente. Não se lembrava de nada. Ao olhar envolta via apenas um quarto enorme e arrumado. Se perguntava mentalmente se tinha sido sequestrado. Sua mente girava e ele sentia um forte cheiro de produtos de limpeza e purificador de ar.
A porta do quarto se abre lentamente, ele fecha os olhos. Seja lá quem fosse, queria saber quem era o maluco que o sequestrou. Os passos eram calmos e a pessoa fecha a porta atrás de si. Ele abre o canto dos olhos e olha a figura turva que se aproximava. Bradley. Sua expressão era quase calma, mas suas sobrancelhas franzidas demonstravam estar meio tenso e talvez até preocupado. Max fecha os olhos rapidamente ao sentir a aproximação.

O rapaz de cabelos castanhos vai até o lado da cama onde Max estava. Seus movimentos são bem mais calmos e fluidos do que o normal, abrindo uma das gavetas da cômoda e tirando lenços umedecidos. Ao tirar alguns lenços e guarda o pacote novamente. Ele se senta na beirada da cama e segura um dos lenços na mão direita, afastando os cabelos do rosto do rapaz de piercings e passando pela pele suada. O cheiro de bebê se instala no ambiente e a pele quente agora era um pouco refrescada.
Max não entendia o que estava havendo. O porquê de Bradley estar fazendo aquilo ou ao menos o porquê de estar lá. O rapaz de cabelos castanhos continua deslizando a coberta para baixo, passando o lenço nos braços do garoto moreno com calma para não o acordar. Não imaginando que já estava acordado.

Max suspira fundo, fingindo inquietação. Suas mãos o soltam no mesmo instante. O Goofy segura o pulso do garoto de cabelos castanhos de repente, o fazendo quase dar um pulo

- Que merda..Quer me matar do coração?!
Diz, irritado.

- O que eu tô fazendo aqui?!
O rapaz moreno insiste. O encarando de forma furiosa e desconfiada

- Eu te droguei e abusei de você.
Bradley afirma, recebendo um olhar chocado. Logo solta uma leve risada
- Claro que não é verdade, idiota..Você desmaiou no meio da pista de dança e seus amigos estavam piores do que você pra te acudir. Você está no meu quarto..Se sinta lisonjeado de pisar esses seus pés podres aqui.
Ele se levanta da cama, jogando os lenços no lixo em sua escrivaninha

- Como assim? Por que me trouxe? Você não é dos mais gentis, Bradley
Diz o encarando, completamente desconfiado de suas ações infundadas e incomuns

- Já disse, calouro..Eu até ia te deixar largado naquele sofá cheio de maconheiros, mas aí teve umas garotas que estavam passando a mão no seu corpo e eu achei que aquilo já era abuso demais..
Boceja, abrindo o próprio armário à procura de algo

- C-Como assim?! Tinha gente passando a mão em mim?!
Ele ergue as costas da cama, desesperado

- É. Me agradeça, Goofy.
Tirando algumas mudas de roupa ele as joga no rosto do rapaz moreno
- Vai tomar um banho e veste isso..Suas roupas fedem a suor e bebida..Nem sei como te deixei deitar na minha cama deste jeito.
Diz tentando manter o tom rude e ríspido, mas Bradley sabia bem o que realmente havia acontecido.

..Flashback on..

A música tocava alta e Bradley sentia a adrenalina de estar no comando novamente. Depois da humilhante derrota nos XGames prometeu fazer de tudo para ganhar daquele grupo de garotos dali para frente. Sempre buscando oportunidades para se mostrar melhor, mas no fundo entendia que tudo aquilo não passava de um desafio interno que fez consigo mesmo por Max ter chamado não só a sua atenção ao chegar no campus, mas também a de todos ali. Seu talento era inegável e isso irritava o Gamma. Saber que tinha alguém que chegava aos seus pés. Saber que tinha algum adversário digno de sua derrota.

À sua volta todos gritavam para si. Gritavam o seu nome em um couro que pareciam mais os anjos cantando em seus ouvidos. Via Max olhar para os lados confuso. Sabia que ele estava inseguro, mas ao ver seus passos para trás pender e seu corpo cair, realmente entendeu do que se tratava. De início não se importou muito, afinal, já era vitorioso. Via alguns estudantes carregarem Max desacordado para o sofá onde compartilhavam suas ervas.

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