Horas mais tarde, a porta da sala se abriu ruidosamente. Alguém entrou devagar e retirou com cuidado dos braços do rei, o bebê que dormia tranquilamente envolto na aura. Fazendo reverência, sussurrou um "Bem-vindo vossa alteza real" e o entregou nas mãos da enfermeira.
— Vem comigo, majestade.
— Não posso, tenho que ficar com eles. — O monarca murmurou, fazendo um carinho suave no braço gélido da rainha.
— Precisa estar inteiro para cuidar dele... Você recusou todos os tratamentos, é impressionante ainda estar de pé tendo perdido tanto sangue. Vamos dar um jeito nessa perna primeiro.
O soldado se colocou ao lado para levantar o rei, que apesar da resposta, obedeceu sem resistência.
Além da exaustão por usar a aura tanto tempo sem descanso, os olhos castanhos estavam sem vida, como se fosse um brinquedo que quebrou e agora teria perdido o seu propósito.
Oskar passou algumas instruções à equipe médica que estava na sala e levou o rei ao escritório de uma das torres, que era um lugar completamente isolado do restante do palácio. Alexander ficou imóvel por alguns segundos, cravando o olhar em cada detalhe do lugar. Era a torre em que a rainha passava grande parte do seu tempo. Cada canto, parecia um pedaço dela. Um pedaço que não existia mais.
— Primeiramente, me perdoe por não estar ao seu lado naquele momento majestade, se eu estivesse no Palácio...
De maneira súbita, Alexander se iluminou com a aura vermelha novamente concentrando toda a mana nas mãos. Num ímpeto de fúria, começou a quebrar qualquer coisa que estivesse ao seu alcance. Esmurrando os móveis que pareciam feitos de galhos secos diante da força de seus punhos. As paredes e parte do teto também não resistiram e ruíram num grande estrondo cercado por uma nuvem de poeira, os deixando expostos ao céu estrelado. Oskar ficou surpreso pela falta de racionalidade do monarca ao lidar com as coisas que eram dela, mas suspirou aliviado ao perceber que, pelo menos, tinha o levado para o local certo, onde não havia ninguém que pudesse sair ferido.
— AQUELE MALDITO! PENSEI QUE TERIA LIMITES QUE NEM ELE ULTRAPASSARIA, NUNCA PENSEI QUE SERIA CAPAZ DE IR TÃO LONGE. JÁ NÃO BASTA O QUE ELE FEZ COM YERKIR? COM ILAN? — Alexander esbravejou enquanto quebrava uma escultura — QUANTAS VIDAS MAIS ELE VAI LEVAR? EU PRECISO DESTRUÍ-LO, NEM QUE ISSO LEVE TODO MUNDO JUNTO!
— Alexander, não acho que quebrar coisas ou mat...
— CALADO! — seus olhos pareciam incendiar o lugar. — SAIA DAQUI VOCÊ TAMBÉM! VOCÊ NÃO ENTENDE?!
Jogou um caneco de pincéis na parede.
— ELA SE FOI PARA SEMPRE! SEM ELA AQUI, ISSO NÃO PASSA DE LIXO! CONSEGUE ENTENDER?AQUELE MENINO CRESCERÁ SEM SABER O QUANTO A MÃE DELE O AMOU!
O soldado permaneceu impassível, ainda que os ombros estivessem pesados.
— É justamente por entender que não irei sair, não agora.
— É UMA ORDEM OSKAR!! — Alexander vociferou.
O conselheiro deixou um sorriso de incredulidade escapar.
— Vossa majestade vai me desculpar, mas não o deixarei sozinho. Não novamente. Pode colocar o palácio abaixo se quiser descontar sua fúria e dor, mas não sairei do seu lado. E nem adianta usar o seu título para isso, não vai funcionar.
As palavras dele pareciam ter sido o suficiente para desarmar o rei e tocar no fundo de sua alma.
— E-eu... Mas eu fiquei sozinho desta vez. Do que me adianta ter as coisas dela se o meu amor... — o monarca se ajoelhou aos prantos, e sentindo a fraqueza tomar o seu corpo, desligou sua habilidade.
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Mundos Opostos (Em revisão)
RomanceEle foi enviado para sequestrar uma princesa, não para se apaixonar por ela. Kalel, um soldado treinado para deixar a emoção de lado, infiltrou-se no palácio mais bem protegido do mundo, certo de que nada abalaria seu foco. Mas Anabella, com sua alm...
