Apresentação

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Minha respiração acelera e sinto dor no peito enquanto choro ao observar uma parte do gelo à frente, uma pequena brecha chamando por mim. Minhas mãos doem. O frio está me consumindo, assim como o medo. Só desejo que esses últimos minutos sejam um sucesso, para não ter que voltar ao hospital novamente, rotulada como um fracasso mais uma vez.

Toda a minha vida me senti um peso para a minha mãe. Ela será feliz quando finalmente encontrar sua liberdade, sem ter que carregar o fardo mais uma vez. Não terá mais a filhinha fraca, não precisará ir à escola ouvir reclamações sobre as notas da filha inútil, rejeitada, idiota, "mimada". Filha suja... suja... suja... suja... suja... SUJA. SUJA... SUJA... SUJA...

- SUJA! Você é SUJA, SUJA, SUJA, SUJA, SUJA, cheia de defeitos! - grito, batendo na minha cabeça repetidamente, atirando pedras no meu próprio reflexo - INSUPORTÁVEL, IDIOTA, SUJA!

Um grito profundo escapa de mim, os soluços não me abandonam e eu caio no chão, perdendo o ar. O medo se transforma em nojo, por ser alguém tão suja, tão desprezível.

- Deveria se envergonhar de ter deixado um homem te tocar, Celina! Deveria ter cortado os pulsos, ter mudado de roupa... suja, é isso que sou... por isso ninguém sente nada por mim. - As lágrimas secam rapidamente pelo frio gélido do Alasca. - Ao menos, Celina, faça algo melhor para sua mãe e para você... deixe de viver... deixe de viver...

Meus sentimentos se envolvem no meu próprio corpo sujo. Passei noites escuras buscando, rezando, pedindo para que um dia você me buscasse em seu cavalo branco, para dar amor, arrancar essa dor insuportável de mim. Mas você nunca apareceu... Por favor, me salve... Por favor, me ame... Ensine-me a viver.

Ergo meu corpo cansado, indo em direção à beirada do gelo fino. O ar frio penetra minhas narinas, trazendo o cheiro do fim da minha vida.

Um sorriso se forma nos meus lábios ao pensar na senhorita Natalie, que Deus a guarde, junto ao bebê que carrega. Que Sophie nasça linda, saudável e imponente, pelo menos o que não consegui nesta vida.

Lembro-me das vezes em que Natalie segurou minha mão, permitindo que um sorriso surgisse em minha face. Das noites em que adormeci em sua casa, exausta das brigas com minha mãe, ou das insensatas tentativas de buscar carinho no meu pai.

- Obrigada, Natalie. Obrigada, Nate, e obrigado, Mika. - Agradeço, com o coração despedaçado ao lembrar que causarei dor ao meu pequeno Nate, que só tem 6 anos e deve chorar pela falta que farei.

Dou um último suspiro sobre esta terra doentia e impura, olhando para o céu do fim de tarde, os tons pastéis se formando como uma obra de arte.

- Você está lindo, Hiro... Iremos nos encontrar aí, mesmo que eu não saiba japonês. - Sorrio - Adeus, mundo, filha da puta. Adeus, papai, que não tem um pingo de amor por mim. Adeus, mamãe narcisista, que odeia os próprios filhos por conta do ego inflável. Adeus, Natalie, que é minha verdadeira mãe. Adeus, Nate, meu irmão que sempre mostrou amor pela irmã doente. Adeus, Mika e Hiro, dois personagens do meu livro e mangá favoritos, que infelizmente são inexistentes.

Tento recordar algum dia feliz com minha mãe, ela deveria ser minha guardiã, meu porto seguro, mas se tornou a minha perseguição, minha dor, minhas lágrimas, o soco no estômago, o empurrão da escada.

- Seja feliz, mãe! Encontre um amor que preencha esse seu vazio infinito.

Antes de pular, pego meu celular e coloco uma música da Lana Del Rey, "Young and Beautiful". Espero chegar na parte:

"Will you still love me when I'm no longer young and beautiful?
Will you still love me when I got nothing but my aching soul?
I know you will, I know you will, I know that you will."
("Você ainda vai me amar quando eu não for mais jovem e bonita?
Você ainda me amará quando eu não tiver nada além da minha alma dolorida?
Eu sei que você vai, eu sei que você vai, eu sei que você vai.")

Então me entrego ao meu destino, suprindo a necessidade de acabar com essa dor infinita, afundando como o peso que sempre fui na vida das pessoas incríveis ao meu redor.

Sorrio ao perceber que estou indo ao fundo. O medo não me corrói, nem nada mais. O sol brilha grandiosamente, e tudo vai se embaraçando ao meu redor. As lágrimas doces se misturam ao gélido da solidão mais uma vez, como sempre foi. A solidão não é ridícula, não deveria ser considerada ruim.

Um estímulo da respiração falha me faz tossir, mas não fico desesperada. Logo, minha consciência se esvazia, deixando apenas borrões. Se eu não estivesse delirrando por conta da água gelada e da perda de consciência, juraria que via água vermelha, como se alguém estivesse batendo no fino gelo, implorando para que eu não morresse agora... Será ele? Será o meu príncipe encantado? Ou apenas um delírio da minha mente perturbada?

Obrigado, mas já é tarde...

Nota da Aurora:
Oii amores, vim aqui para dizer novamente perdão pela escrita, espero que tenha gostado do mine capítulo de hoje, irei tentar postar com frequência, mas minha gente só para avisar que a bonita aqui estuda em tempo integral, então se eu demorar, desculpa, na minha escola quase toda semana tem prova.

Obrigada por ler flor. Obrigada por tudo é bom dia, noite, tarde pra vocês 💋

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⏰ Última atualização: 14 hours ago ⏰

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𝐓𝐡𝐞 𝐒𝐞𝐜𝐫𝐞𝐭 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐕𝐞𝐢𝐥 - 𝐓𝐡𝐞 𝐓𝐫𝐮𝐞 𝐅𝐚𝐜𝐞 𝐨𝐟 𝐌𝐞𝐧'Onde histórias criam vida. Descubra agora