Ray nunca foi muito de fazer amigos. Ah, não, ele odiava essa parte. Era realmente... perturbador, chegar em alguém e tentar ser legal o suficiente para que a outra pessoa o mantenha por perto.
Algum tipo de ritual de acasalamento, ele pensou, sem a parte do acasalamento. Parecia uma boa descrição, ainda mais considerando que a escola parecia uma selva.
– Ei, você já viu meus tênis? – Alguém exclamou perto dele, o que o fez virar a cabeça para observar o corajoso em questão.
– Nossa, que cara de morto você tem! Quantos anos você tem? – O albino, ele percebeu, continuou.
– Ray – murmurou, ignorando a outra pergunta.
– Me chamo Norman!
E aquela foi a primeira vez que Ray realmente não se importou em fazer um amigo.
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Ray era péssimo socialmente, isso estava mais do que claro para Norman. Ao levar o moreno para uma festa de Ensino Médio, e o ver deixando todas as outras pessoas desconfortáveis, ele decidiu que era total problema de Ray em ter apenas um amigo.
– Aquela garota não para de olhar para nós – reclamou o albino.
– Não para de olhar para você, você quis dizer.
Mas foi a vez de Ray de se sentir desconfortável. Sequer era o foco da atenção da ruiva, mas estava odiando aquilo. A festa estava tão desinteressante ao ponto de ela insistir em perturbar vida alheia?
– Você jura? – Norman de repente parece interessado, o que irrita ainda mais Ray, por algum motivo.
– Bem, na verdade, acho que não. – Ray tenta desconversar, mas já era tarde demais, a ruivinha stalker já estava se aproximando dos dois.
– Olá! Tudo bem com vocês? – E embora ela tenha usado a frase no plural, a garota só olhava para Norman ao falar.
– Sim, sim. Qual o seu nome? – respondeu Norman, abobalhado.
Ah, Ray realmente não gostava de conhecer pessoas.
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Qual era o real problema em não saber se expressar? Nunca conseguir dizer aquilo que tanto quer.
Nunca foi um problema real para Ray. Ele nunca tinha muito a dizer, nem qualquer gente interessada para ouvir.
Mas aquela era algum tipo de punição, só poderia. Emma não era ruim, longe disso. Ela era a própria perfeição ruiva. Estava sempre alegre e tagarelando pelos cantos, irritando profundamente Ray, mas apesar disso, ele não a odiava. Como poderia?
Emma não tinha culpa que o moreno fosse apenas um garoto inseguro que percebeu tardiamente seus sentimentos pelo melhor amigo. Amigo este que, coincidentemente, era o namorado dela.
– Ray, acho que eu a amo – sussurrou Norman, para a aflição do outro.
– Oh.
– Você acha... acha que é cedo... me noivar com ela...?
Noivado. Norman pensava em casar com ela. Ray deu um sorriso amarelo.
– Temos 23 anos... – Não era uma resposta, mas o moreno não a queria dar de qualquer forma.
E, somente isso pareceu satisfazer o albino.
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Norman era completamente consciente da introversão de Ray, mas o nomeou padrinho de casamento mesmo assim. Justificou que o outro era seu melhor amigo.
Ignorou o desconforto do moreno, supondo ser apenas nervosismo de ter que discursar para todos os convidados. Ele não fazia ideia do verdadeiro motivo de Ray estar fazendo cara feia para a decoração.
Não houve discurso, entretanto. A noiva não ter aparecido e apenas terminado tudo com o noivo por mensagem foi o motivo.
E Norman prometeu nunca mais amar, destruindo completamente o coração já partido de certo moreno.
– Eu não entendo... o motivo... dela ter feito isso comigo...
Ambos estavam desolados, por razões mais parecidas do que imaginavam. Corações partidos realmente deviam ser frequentes.
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– Norman, eu amo você.
O albino levantou a cabeça rapidamente, fazendo uma careta de surpresa.
– Ah... eu também? Um papo meio estranho para um domingo a noite. – Norman desviou o olhar, fazendo Ray bufar de frustração.
– Não, Norman. Eu. Amo. Você.
– Ah. Não. Não, não, não. É algum tipo de piada? Pois é uma de muito mal gosto – murmurou o garoto, se afastando de seu amigo que o encarava com dor no olhar.
– Eu falo sério!
– Está carente, Ray? Fala sério, procure alguém, qualquer outro alguém.
– Mas... Mas tudo o que eu quero é você... – murmurou o moreno, em um tom de voz que mais se assemelhava a um choramingo, ao ver Norman recolher suas coisas e se dirigir a porta.
– Eu não. – Norman bateu a porta atrás de si, e nunca mais voltou.
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FIM! Definitivamente.
Queria fazer alguma coisa em comemoração às 12 MIL VISUALIZAÇÕES que esse fic obteve. Muito, muito obrigada!
Embora esse aqui não seja o melhor, nem o primeiro, que eu já escrevi, ainda foi o que maior teve alcance e realmente me apresentou o mundo da escrita.
Queria agradecer a todos que utilizaram de seu tempo para prestigiar esse livro, nada disso teria importado sem vocês.
E, ah, juro, me desculpem a fic triste. O extra era para ser feliz, mas em algum momento a história fugiu do meu controle e terminou assim. Se me derem bastante amor e carinho em forma de visualizações e estrelinhas, eu talvez traga um "Extra 2" mais feliz e fofo, algo leve para compensar isso aqui.
E, bem, outro comunicado, eu tenho vários rascunhos de histórias norray na minha conta que eu nunca postei por estarem inacabados ou por eu não achar bom o suficiente. Se quiserem e, novamente, me presentearem com mais favoritos e visualizações, eu posso revisar e trazer uma coletânea. O que acham?
De qualquer forma, eu estou bastante animada para voltar a escrever, ainda mais que eu aperfeiçoei minha escrita e tenho várias ideias bacanas para escrever.
Eu agradeço todo o carinho de vocês, e mais uma vez agradeço os comentários, os favoritos e as visualizações. Sério, meu coração aquece toda vez que eu entro nesta conta e vejo as notificações.
Bem, é isso. Qualquer ideia, sugestão, crítica ou qualquer coisa, eu ficarei extremamente feliz em ouvir!
Com muitos amores e beijinhos.
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Contos Norray
FanfictionContos curtos sobre o shipp "Norray", alguns fofos, outros divertidos e metade meio triste.