Véus de Ilusão

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Nos dias que se seguiram após a festa, S/N mal conseguia se concentrar nas aulas. O beijo entre ela e Sofia havia se tornado um segredo profundo, um momento que ela revivia incessantemente em sua mente. Mesmo tentando manter as aparências, algo dentro dela havia mudado. Cada vez que via Sofia no Colégio Aurora, sentia um misto de ansiedade, desejo e uma estranha culpa.

Ela começou a idealizar Sofia, imaginando que, talvez, a professora fosse exatamente o que faltava em sua vida. Em sua mente, a professora se tornava uma figura quase perfeita – alguém que a entendia, que a via de um jeito que ninguém mais via. S/N ficava obcecada com essa imagem idealizada de Sofia, cada pequeno gesto dela parecia confirmar suas esperanças e fantasias.

Mas a realidade era mais complexa. Sofia, sempre tão profissional em sala de aula, agia como se nada tivesse acontecido. Ela sorria de leve para S/N e a tratava da mesma forma que tratava os outros alunos. Isso confundia S/N, que, por dentro, lutava para decifrar se aquilo havia significado algo para a professora ou se era apenas um erro impulsivo.

Certo dia, enquanto S/N estava na biblioteca, perdida em pensamentos, Sofia entrou. Seu coração acelerou instantaneamente. Ela observou Sofia escolher um livro e caminhar lentamente entre as estantes, alheia ao fato de que S/N a observava.

Decidida a finalmente confrontar seus sentimentos, S/N se levantou e caminhou até Sofia, suas mãos levemente trêmulas.

— Professora... podemos conversar?

Sofia ergueu o olhar do livro que folheava, surpresa pela aproximação. Por um breve momento, seus olhos mostraram um lampejo de nervosismo, mas logo ela retomou o controle.

— Claro, S/N. O que você precisa?

S/N sentiu seu coração acelerar. As palavras estavam na ponta de sua língua, mas a insegurança a dominava. Como ela poderia falar sobre o que sentia, sobre aquele beijo, sem parecer tola?

— Eu... estou confusa. – começou S/N, desviando o olhar. Sobre... o que aconteceu na festa.

Sofia fechou o livro e suspirou, seu rosto sério.

— S/N... aquilo foi um erro – disse Sofia em um tom baixo, mas firme. — Foi um momento de fraqueza da minha parte. Nós não deveríamos ter feito aquilo.

Aquelas palavras foram como uma facada no peito de S/N. O mundo que ela havia idealizado em torno de Sofia começou a se desmoronar. A perfeição que ela atribuía à professora agora parecia uma ilusão.

— “Um erro?” S/N murmurou, quase sem voz. – Então... não significou nada para você?”

Sofia hesitou, sua expressão suavizando por um breve momento. Ela se aproximou de S/N e, com cuidado, tocou seu ombro.

— Não é que não tenha significado. Mas... isso não pode continuar. Você é minha aluna, e eu sou sua professora. Não podemos nos deixar levar por impulsos que vão nos prejudicar.

S/N sentiu as lágrimas ameaçarem cair, mas tentou segurar. Ela queria que Sofia a visse de outra forma, queria que houvesse mais entre elas, algo real, algo além da simples relação de aluna e professora.

— Mas... eu sinto que existe uma conexão entre nós. Não é só coisa da minha cabeça. Você também sentiu, não sentiu?

Sofia suspirou novamente, parecendo lutar contra si mesma. Ela olhou para S/N com um misto de tristeza e empatia.

— S/N... eu não posso negar que houve uma conexão entre nós naquela noite. Mas não posso seguir esse caminho. Seria errado. Para mim, para você... e para tudo o que construímos até agora.

S/N ficou em silêncio, sentindo uma mistura de frustração e dor. Sofia tinha razão, é claro, mas isso não fazia com que fosse mais fácil de aceitar.

Segredos Em Sala - Sofia Santino e S/n Onde histórias criam vida. Descubra agora