MELISSA MCKENZIE
Minhas mãos suam frio, meu coração bate tão rápido como se fosse explodir a qualquer momento. Estou com medo do que vou ver lá dentro. Não quero chorar mais, não na frente de alguém. Apesar de toda a situação, não queria mostrar que estou vulnerável.
Estou prestes a reconhecer o corpo sem vida da minha mãe.
Nicholas está ao meu lado, segurando minha mão firmemente. A presença dele é um alívio em meio à tempestade que se intensifica dentro de mim. Seu olhar transmite um apoio silencioso, um entendimento que palavras não conseguiriam expressar.
Uma parte de mim se questiona se realmente estou pronta para isso.
Ao chegar à porta, sinto uma onda de choque e um frio na espinha. É um momento difícil, e tudo que eu desejo é ter a força necessária para suportar. Não quero ser vista como fraca.
Já dentro da sala, a realidade se concretiza e a dor é palpável. Percebo que não há como escapar dela. Com um fio de coragem, olho nos olhos de Nicholas ao buscar nele o apoio que tanto preciso. Ele responde com um pequeno aceno, um sinal de que não estou sozinha nesse momento. É isso que eu realmente preciso: saber que não preciso atravessar tudo isso sozinha.
O médico legista levanta o lençol branco que cobre seu corpo pálido e sem vida, seus lábios ressecados e seus cabelos ruivos.
Quando finalmente olhei profundamente para o rosto dela, a realidade se torna indiscutível. Ela não está mais aqui. Uma parte de mim grita, desejando desesperadamente que isso não fosse verdade.
Não consigo fazer nada além de ficar parada, olhando seu corpo estirado em cima daquela mesa fria.
Seu pescoço, que antes estava separado da cabeça, agora está costurado. A visão é de partir o coração, um lembrete cruel de que a vida pode ser interrompida de forma tão abrupta. À medida que a realidade se afunda em minha mente, sinto uma onda de náusea.
Pisco meus olhos, afastando as lágrimas, e solto a mão de Nicholas, aproximando-me um pouco mais do cadáver.
É a minha mãe, mas, ao mesmo tempo... eu não sei. Não consigo sentir que essa pessoa, essa mulher deitada na minha frente, é ela, mesmo que tudo ainda doa.
Desvio o olhar do seu rosto pálido para a costura em seu pescoço, e é aí que eu vejo. Há uma tatuagem de uma cobra. Letícia odeia tatuagens, por que teria uma?
Viro-me para Nicholas, disposta a falar que essa mulher deitada aqui na minha frente não é minha mãe, mas travo. Se eu disser uma coisa dessas, ele provavelmente pensará que estou ficando maluca. Não posso deixar que isso aconteça, e mesmo se não fosse a minha mãe, não poderia deixá-la aqui. O mínimo que eu posso fazer é um enterro digno.
Não, melhor manter isso para mim por enquanto.
Aproximo-me e o abraço, rodeando sua cintura com meus braços e escondendo meu rosto em sua barriga, enquanto suas mãos acariciam meus cabelos.
— Me tira daqui? — peço. — Me leve para ver nossas filhas!
Isso é suficiente para ele perceber que eu preciso de ar. Depois de afirmar que sim, essa é Letícia, saímos daquela sala que já estava me causando claustrofobia.
Andamos pelo corredor e o vazio ao meu redor parece aumentar. Cada passo ressoa como um eco do que perdi, e um desejo profundo de esquecer esse momento. Tentei me agarrar à ideia de que tudo isto é um pesadelo do qual vou acordar, mas os flashes de dor continuam a me perseguir.
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After the truth Parte 1 - Completo
FanfictionMelissa McKenzie, sequestrada aos treze anos de idade, teve suas memórias apagadas após um acidente. Agora, ela se encontra diante de duas opções: seguir em frente ou desvendar o passado em que seu pai foi assassinado. A partir desse dia, sonhos est...