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4 ANOS DEPOIS

06/05/16

Não é fácil constatar que mesmo depois de tudo, você sente como se tivesse nada. Após experimentar tudo o que o mundo tem a oferecer nada mais é novo, então a realidade bate a porta e o tempo cobra seu preço. Estava fadado a isso: A solidão do presente e o passado que nunca voltaria.

Eu era grato pela minha vida, é claro, eu tinha uma boa condição financeira, uma carreira estável onde trabalhava com o que eu gostaria, tinha amigos e tinha uma família saudável. Eu deveria estar satisfeito, mas não estava.

Um carreira promissora? Isso cobrava seu preço, um que não era barato, e eu não falo de dinheiro.

Porém, o mais bizarro de tudo isso é que, mesmo que eu pudesse voltar no tempo, eu não mudaria absolutamente nada. Rezaria para que todos os dias acordasse e refizesse os mesmos passos de um passado não tão distante, e que tudo culminasse no que hoje sou, mesmo que vazio e solitário.

Eu não possuía nada antes, e agora prossigo não possuindo. 

O desespero da carência sempre estaria ali, eu havia aceitado meu destino. Eu amo a fama, eu amo o dinheiro, eu amo a música e eu amo as pessoas que tenho. Mas eu definitivamente odeio a mim mesmo e o que me tornei, numa indústria que sob o menor vacilo te corrompem, eu não havia escapado ileso. 

As coisas que senti, ouvi e presenciei que estariam sempre marcadas na minha pele e na minha memória. Pessoas que eu vi ir e outras que vi ficar. E as vezes eu ainda tinha pesadelos com aqueles que vi agonizar e nada pude fazer, por que apesar de toda a influência que acham, e você acredita, que tem eu definitivamente não era nada além de um degrau mais alto naquela pirâmide. E quando você precisa sobreviver, você sobrevive.

Hoje, 4 anos depois da minha estreia na indústria da música, eu entendi o que Brad quis me dizer sobre não se perder, mas apesar de entender lamento por demorar a constatar o que estava claro desde o início. Odeio o fato de ter acreditado que sabia, quando na verdade cai na primeira armadilha que vi, mas isso era algo que eu não poderia controlar.

Quando olho para o lado e vejo os rostos que a muito tempo são familiares me pergunto: O que lhes contaram sobre a fama? O que esperavam e se arrependiam do preço a ser pago? Ou fariam tudo de novo? Bem, eu tinha alguns palpites.

— Reece?— O chamado me tira dos meus pensamentos, me lembrando que estava numa festa privada, algo de algum amigo rapper de Brad, eu não tendia a me envolver muito nessa cena.

— Ei Ava,— Respondo cumprimentando a garota que conhecia a um longo tempo.

Eu e Ava Plat não éramos o que podia ser chamado de amigos, porém eu a conhecia a uns 4 anos, desde antes de conhecer Lilian, minha ex namorada. Entretanto eu realmente gostava da garota, Ava era divertida, e as vezes penso se as coisas não poderiam ser diferentes se eu nunca tivesse me envolvido com sua melhor amiga.

— Não achei que você fosse vir.— Ela diz, exibindo um de seus sorrisos bonitos que poderiam definitivamente matar todos os caras da festa, mas bem... Ava não estava interessada em caras.— Não imaginei que você conhecesse Kordy.

— Eu também não imaginei que fosse vir,— Respondi, rindo para ela, retribuindo seu belo sorriso.— E definitivamente não faço ideia de quem é Kordy, porém Brad aparentemente conhece, e bem, você conhece Brad, é impossível dizer não para ele.

Ela me analisa por um momento, não respondendo a princípio a minha brincadeira. Eu nem esperava que ela falasse algo mais, estava pronto para me despedir e vazar dali, mas ela não deixou que eu o fizesse.

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