1x2: Ecos do passado.

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A luz da lua filtrava-se pelas frestas das janelas empoeiradas do casarão. O tempo havia transformado aquele lugar em uma sombra do que um dia foi, mas Alison se sentia em casa na solidão. Era ali, entre as paredes cheias de histórias, que ela se escondia do mundo por décadas, longe das traições e dos fantasmas que ainda a perseguiam.

Sentada em uma poltrona de veludo desbotado, ela virava as páginas de um livro antigo, embora sua mente estivesse em outro lugar. Os anos de tortura nas mãos dos Augustins nunca a deixavam. Mesmo agora, ela podia sentir as correntes de ferro queimando sua pele, a sensação de impotência crescendo a cada segundo. A respiração de Alison se acelerou, e ela fechou o livro com força, lutando contra a lembrança que ameaçava dominá-la.

Uma batida repentina ecoou pela casa, o som reverberando nas paredes vazias. Seus olhos se estreitaram. Não havia visitas naquele lugar esquecido, muito menos àquela hora. Seus instintos, afiados ao longo dos anos, a alertaram de que aquilo não era uma coincidência.

Levantando-se, Alison caminhou silenciosamente até a porta, os passos mal audíveis. Quando abriu, o choque percorreu seu corpo ao ver quem estava parado ali, como uma lembrança viva de seu passado.

Stefan Salvatore.

Ele estava ali, exatamente como ela se lembrava. O tempo não tinha o afetado, claro, mas ela também permanecia inalterada pelo passar dos anos. Seus olhos encontraram os dele, e, por um momento, houve apenas silêncio — um silêncio pesado, cheio de tudo o que não tinha sido dito durante tanto tempo.

— Alison — a voz de Stefan era um sussurro, um eco de memórias antigas.

Ela não disse nada, apenas deu um passo para trás, permitindo que ele entrasse. Não porque queria, mas porque sabia que ele não estava ali por acaso. Algo estava errado. Stefan jamais viria procurá-la depois de tudo o que aconteceu, a menos que fosse uma questão de vida ou morte.

Ele passou pela entrada, olhando ao redor da casa, como se tentasse decifrar o que os anos fizeram com ela. Alison cruzou os braços, erguendo o queixo.

— O que você quer, Stefan? — Sua voz saiu fria, distante, como se não estivessem dividindo o mesmo ar.

— Eu preciso da sua ajuda. — Ele foi direto ao ponto, sem rodeios, o que era típico de Stefan.

Alison riu, mas foi uma risada amarga, sem humor. Havia uma ironia cruel no pedido. Depois de tudo, depois de tanto tempo, ele vinha atrás dela, pedindo ajuda.

— Você deve estar desesperado. — Ela balançou a cabeça, os olhos cheios de desconfiança. — Por que eu deveria ajudar?

Stefan respirou fundo, dando um passo à frente, os olhos implorando silenciosamente.

— Conheci uma garota, o nome dela é Elena.— Diz Stefan sem jeito. — E tem um vampiro original atrás dela....sua família era de uma linhagem de bruxa, não era? — Pergunta Stefan cauteloso.

— Eram, mais você sabe que eu nunca consegui praticar magia. — Diz Alisson de forma ríspida. — Então não acho que vou poder ajudar.

O fantasma de ciúmes antigos ressurgiu, mas Alison o empurrou para o fundo de sua mente. Stefan falou sobre Elena com carinho e ternura, e se ele veio até Alison pedindo ajuda ele realmente estava desesperado. Havia algo mais. Havia sempre algo mais.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Ela perguntou, mantendo a voz firme.

Stefan hesitou por um segundo, antes de finalmente confessar.

— Uma bruxa amiga acha que você pode ajudar mesmo sem magia. — Diz Stefan olhando para Alison. — Alison, eu sei que eu errei muito com você....e que fui um idiota, Mas eu a amo e ela pode morrer. — Diz Stefan já com os olhos marejados.

O mundo de Alison pareceu tremer por um instante. Sabe aquele amor intenso que você tem pelo menos uma vez na vida, aquele mal resolvido que bem lá no fundo ainda mexe com você. Essse é Stefan Salvatore na vida de  Alison Montgomeryb.

— Você tem noção do que está me pedindo? — Alison sussurrou, os olhos agora preenchidos com uma dor que ela achava que havia enterrado. — Você simples vai embora some por décadas e depois some me pedindo pra salvar a sua namorada.

Stefan abaixou a cabeça, ciente da injustiça do pedido, mas determinado.

— Eu sei. Eu sei que é pedir demais, mas Elena… ela não tem culpa do que eu fiz. — Diz o vampiro desesperado. — Eu preciso salvá-la, Alison. E eu preciso da sua ajuda.

Alison permaneceu imóvel, o coração pesado com uma mistura de ódio e mágoa. Como ela poderia ajudar a salvar o novo amor um de seu antigo amor  Mas ao olhar para Stefan, ela viu algo mais. O pedido não era apenas por Elena. Era também por ele, pelo homem que um dia ela amou.

Ela respirou fundo, encarando-o.

— Eu vou pensar nisso — disse ela, sua voz mais fria do que pretendia. — Vou pensar Stefan.

Antes que Stefan pudesse responder, outro som ecoou pela casa. Desta vez, não foi uma batida à porta, mas o som de vidro quebrando ao longe, vindo de uma das janelas da parte de trás. Alison e Stefan trocaram um olhar de alerta.

— Acho que sua chegada trouxe mais do que lembranças — ela disse, já indo em direção ao som.

Enquanto avançavam, uma presença sombria se aproximava. Algo mais estava à espreita, algo que vinha do passado de Alison, e ela sabia que a tranquilidade que havia cultivado por tantos anos estava prestes a ser destruída.

Cicatrizes de Sangue - Damon Salvatore Onde histórias criam vida. Descubra agora