"Para criar uma runa completamente nova, é necessário ter o completo controle de sua mente e a organização de suas vontades. Tudo o que eu sei, é que é quase impossível fazer isso."
Nos últimos dois dias, a voz de Grave tem me atormentado. Tanto durante o dia, quanto durante a noite quando deito para dormir e começo a pensar nas inúmeras vezes que eu explodi alguma coisa. Runa de limpeza, runa de iluminação, runa de tranca. Isso foi o máximo que pude aprender. O resto, infelizmente, se pulverizou. Tenho ficado irritada por causa disso, pois, gasto muito do meu tempo nas aulas e pouco tempo nos estudos à procura dos efeitos reais do antídoto de Stapelia. Fico surpresa por não ter encontrado nada na biblioteca, nem mesmo sobre a doença de Paromau. Deve ser por isso que tenho evitado tomar o remédio.— Levante o queixo. - Disse Lucinda, ao meu lado, esticando o pescoço para que só nós duas pudéssemos ouvir o que iria dizer – Está ansiosa?
— Não. – Disse simplesmente. Não era verdade.
— É claro que está. – Sussurrou a velha, sorrindo de lado. – Tudo bem ficar nervosa, ansiosa e com vontade de sair correndo. Na verdade, isso é normal. Mas, você é mais forte do que isso, seu orgulho não permitiria que fugisse do próprio noivo.
Noivo. Meu noivo. O quanto eu poderia amaldiçoar aquela palavra?
— Querida. - Manifestou uma voz fina e falhada, se aproximando de mim em passos leves – Eles estão vindo.
Engoli em seco, vendo minha mãe se posicionar ao meu lado, com os braços ao lado do corpo. Seu cabelo loiro estava preto em cima da cabeça em um penteado com vários cristais colados, brilhando no meio dos fios cintilantes. Seu vestido era bufante e amarelo cor de girassol, com mangas grandes e corpulentas compridas até o pulso.
— Você está linda, filha. – Ammie me encarou de canto dos olhos, a voz tão macia quanto um pedaço de algodão.
Olhei para baixo, observando o tecido de seda verde escuro, não bufante, não repleto de detalhes, mas bonito. O tecido torneava minhas curvas, e a saia era lisa, curvando conforme minhas coxas. O decote em formato de coração empurrava meus peitos para cima, criando um volume quase superficial. As mangas eram feitas de um tecido transparente, com varias flores brancas bordadas. E um salto verde claro fazia meus dedos arderem em reclamação.
Fiquei inquieta quando um homem de colete preto passou pela cadeira do meu pai e se pôs no meio do salão, de frente para todos nós. Ele utilizava uma boina marrom na cabeça e tinha uma longa barba cor de madeira.
— Primogénito da família real, príncipe herdeiro; Meldric San Aroth. – Começou – Segunda filha da família real; princesa Zefina San Aroth.
Minha perna estava inquieta, movimentando-se para cima e para baixo.
— Terceiro filho da família real, Étor San Aroth!. – Gritou ele por fim.
Aquele homem estendeu o braço para que dois guardas usando armaduras de metal abrissem as enormes portas do salão. Dando passagem para as pessoas lá fora. Logo, aquele homem desapareceu do corredor.
Mamãe me conduziu até a cadeira ao lado dela, enquanto a própria, sentava em uma grande cadeira ao lado do de meu pai. Eadric, por sua vez, utilizava um colete amarelo girassol como o vestido de minha mãe, com uma blusa branca de mangas compridas por baixo. O brasão da nossa família brilhava, moldado no tecido de seu colete, sobre o coração.
Meu queixo tremeu quando passos zumbiram à nossa frente. Três pessoas, o maior de todos entre eles:
Meldric usava um enorme sobretudo marrom, com um colete cinza fechado por baixo. Seus ombros eram incrivelmente largos e seus músculos não se disfarçavam dentro daquele amontoado de tecido. Era um dos homens mais lindos que já vira. Seus olhos eram azuis, afiados como tigre. E seu cabelo, uma mistura familiar entre loiro muito claro e vermelho fogo, o resultado então, tinha sido um loiro cobre penteado perfeitamente para trás, com alguns fios caindo sobre o queixo amarelado. Uma coroa prateada reluzia acima da cabeça, mostrando sua superioridade sobre todos daquela sala.
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A Raposa e o Corvo. [Romantasia]
FanfictionO que você faria se tudo o que você soubesse, na verdade, fosse uma doce mentira? Féidh foi aprisionada a vida inteira, com correntes invisíveis que lhe prometiam tudo, mas não entregavam nada. Prestes a casar, os segredos escondidos á sete...