capítulo único
JAKE
Escrever era meu passatempo favorito. Eu passava horas escrevendo sobre os mais diversos assuntos, sobre os mais diversos sentimentos. Havia momentos em que eu me tornava absolutamente inundado por meus próprios pensamentos, onde eu não conseguia mais colocá-los para fora, então eles praticamente sucubiam dentro de mim, me silenciando. Meus próprios pensamentos me censuravam e isso consequentemente me adoecia sem que eu me desse conta.
Aquela era uma boa explicação para eu ser alguém tão introspectivo. Eu amava observar, porém detestava ser observado. Na realidade, só o pensamento me apavorava. Ter pessoas à minha volta analisando meus passos, tentando adivinhar meus pensamentos, calculando minhas feições, meu comportamento, a forma como eu respiro. Como será que eu pareço para os que estão ao meu redor? Essa pequena dúvida apenas causava mais autodestruição, ela nunca foi auxiliadora ou fonte de motivação como já ouvi em conversas ao meu redor.
Eu nunca estagnava, pois o medo de estar parado tornava-se oportunidade para os outros me perceberem. Então, eu apenas seguia, em uma infinita linha reta, sem olhar em nenhum momento para trás.
Até que eu parei. Eu não percebi exatamente quando aconteceu, eu acredito que essas coisas não sejam preto no branco, óleo na água. Elas não tem uma divisão abrupta e visível, pelo contrário, são mescladas como um degradê em um fim de tarde. Foi um processo transicional e quando finalmente me dei conta eu só havia parado e me deixei ser observado, analisado, estudado e contemplado. Evaporando com limites que eu próprio me coloquei.
A entrada de Heeseung na minha vida, como eu introduzi anteriormente, não foi abrupta. Eu sequer notei quando o rapaz de pele cor de mel tornou-se alguém presente ativamente em meus dias, minha fonte de energia ou um dos poucos momentos da minha rotina desgastante, e totalmente desestimulante, onde eu pudesse somente ser eu. Ser a essência de mim mesmo, sem precisar me preocupar com o que os outros deixavam ou não deixavam de dizer, com políticas públicas, tragédias naturais ou fingir que eu dava alguma importância para qual famoso havia comprado sua segunda mansão apenas para tentar me encaixar em algum ambiente social. Eu não precisava me preocupar com nenhuma dessas coisas quando estava na presença de Lee Heeseung.
Eu poderia até mesmo afirmar que era mágico o poder que ele tinha em me fazer desconectar da realidade e desligar o mundo à minha volta. Tudo era silencioso perto de Heeseung, mesmo que passássemos horas e mais horas seguidas conversando sobre qualquer banalidade, automaticamente tornava-se interessante pela conexão que possuíamos.
Não passava pela minha cabeça tentar descrever a sensação de uma conexão tão intensa com alguém. Até por ter achado durante muito tempo que seria impossível para mim achar uma pessoa que me entendesse completamente e que além de somar com meus questionamentos e posicionamentos me desafiasse, que trouxesse indagações sobre as minhas falas.
Dentro da minha cabeça o mundo funcionava de forma diferente, contudo quando estava ao lado de Heeseung eu sentia algo orbitar, um equilíbrio ser estabelecido com sua presença.
Já não conseguia distinguir quantas noites foram perdidas em claro, meramente escrevendo. E escrevendo. E escrevendo. Até que cheguei ao ponto de não perceber quando minhas palavras de angústia e melancolia foram substituídas pelas de ternura, serenidade e pela lista de coisas que me recordava do mais velho. Ou sobre cada um de seus traços.
Chegava a ser angustiante o quão descritivo eu era para declarar cada detalhe sobre suas feições, sobre seus traços, sua manias, seus costumes. A forma que sua voz soava contra meus ouvidos já tornava-se fonte de meus escritos. Eu o tinha como minha maior fonte de inspiração. Jamais acharia alguém como Heeseung me fazia sentir. Só ele tinha capacidade de me fazer sentir alguma coisa, que não fosse a constância monótona sobre tudo ao meu redor.
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hideaway | heejake
Fanficheejake one shot | hideaway ⋆✴︎˚。⋆ "Já não conseguia distinguir quantas noites foram perdidas em claro, meramente escrevendo. E escrevendo. E escrevendo. Até que cheguei ao ponto de não perceber quando minhas palavras de angústia e melancolia foram...