Ouvimos passos e vozes do lado de fora, e por cima das nossas cabeças rapidamente nos afastamos.—— Você precisa sair daqui, as minhas irmãs não podem ver-te. —— disse ela.
Escondi-me por trás de uma pilha de engradados, e logo a porta do porão foi aberta:
—— O que é que estás a fazer sozinha aqui, Ariel? —— seu nome foi pronunciado com desdém, por sua irmã velha, Aline. Ela tentou argumentar mas logo a mulher disse —— não quero saber, precisas limpar o quintal.
—— tudo bem, já lá vou ter.
Espreitei por entre as caixas e vi Aline se virar para sair, mas depois entrou, fechou a porta se aproximou de Ariel e disse baixinho:
—— Eu acho bom, que não envergonhes a nossa família. Eu ouvi a sua conversa com a mamãe, antes de sua morte e sei que ela expulsou-te de casa. Se eu ou alguma de nossas irmãs soubermos que você se envolveu com alguma garota, te mandaremos pra bem longe daqui, estamos entendidas? —— ela apenas assentiu enquanto a irmã se retirava —— e não te esqueças, tu és a culpada da morte dela!
—— Isso não é verdade, ela morreu porque....
—— porque contaste-lhe do demónio que és? Morreu de desgosto, ninguém merece uma filha, ou irmã como tu. —— tampei a boca com a mão, para evitar fazer barulho diante das barbaridades que Aline soltava pela boca.
Finalmente ouvi o som da porta se fechar, depois de um minuto de silêncio, ouço os soluços de Ariel ecoando pelo porão abafado, saí de onde estava, e sem dizer nada apenas a abracei. Senti como se Ariel estivesse se despedaçando em meus braços. Ajoelhamo-nos enquanto sentia as lágrimas dela molharem o meu vestido.
—— você precisa ir... A sua mãe vai surtar com você e eu... eu...
—— Shh, só saio daqui quando tu te acalmares...
Secou as lágrimas rapidamente dizendo que estava bem, neguei quase chorando, por causa dessa insistência dela, em me afastar.
—— se fores agora prometo que vou visitar-te hoje a noite.
—— Promete?
—— Sim, mas agora você tem que ir, ou sua mãe irá dar-te uma represália.
Segurei- a pelas bochechas como um bebê e ela sorriu, deixei um beijo casto em sua testa, outro em seu nariz a seguir selei nossos lábios rapidamente. Levantei-me para que ela não notá-se o rubor em minha face.
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Aquilo Que Eu Mais Quero (Sáfico)
Historia CortaEra uma aldeia distante e retrógrada, onde todos sobreviviam das suas próprias quintas. Quem diria que uma órfã com irmãs detestáveis e uma garota com pais imprevisíveis e homofóbicos fossem apaixonar-se e entregar-se de corpo e alma, a esse sentime...