A luz suave da tarde se derramava pelas grandes janelas do estúdio de Ayla, criando sombras delicadas sobre suas telas. O cheiro de tinta fresca preenchia o ar, e suas mãos manchadas de cores vibrantes moviam-se com precisão, dando vida a uma nova obra. Para Ayla, o tempo parecia parar quando estava imersa em sua arte, um refúgio onde ela podia ser ela mesma, longe da pressão de ser a irmã de Fermín López, uma das grandes promessas do futebol espanhol.
Ela estava concentrada, quase terminando o traço final de sua pintura, quando o toque insistente do telefone interrompeu sua paz. Com um suspiro de impaciência, Ayla largou o pincel e pegou o aparelho, vendo o nome do irmão brilhar na tela.
— Fermín, o que foi? — Ela atendeu, tentando não soar irritada.
— Ayla! Preciso de você, irmã. — A voz animada de Fermín soava através da linha. — Vou jogar no Camp Nou amanhã. É um jogo importante, e você tem que estar lá!
Ayla franziu o cenho, caminhando até o sofá com o telefone preso ao ouvido. Desde que Fermín havia sido promovido à equipe principal do Barcelona, ele fazia esse pedido com frequência. No entanto, a vida pública do irmão sempre foi algo de que Ayla preferiu se manter afastada. Não que não o apoiasse — pelo contrário, ela o amava profundamente —, mas o mundo do futebol parecia tão distante do seu.
— Eu não sei, Fermín. Você sabe que não sou muito fã de jogos... — respondeu, hesitante.
— Eu sei, eu sei. Mas é um jogo diferente. Vou começar como titular, e o Gavi também. Vai ser incrível! Prometo que vai valer a pena.
Ayla ouviu o nome “Gavi” e sorriu involuntariamente. Sabia que Fermín tinha uma amizade forte com Pablo Gavi, o prodígio do Barcelona, um jovem com o mesmo espírito competitivo e apaixonado que seu irmão. Ayla sempre admirava a intensidade que via em Gavi durante os jogos, mas nunca havia considerado se envolver com aquela vida de perto.
— Vamos, Ayla. Faz tempo que você não vai a um jogo. Será divertido! — Fermín insistiu. — Depois podemos jantar juntos, como nos velhos tempos.
Ela suspirou, percebendo que era difícil dizer "não" ao irmão quando ele estava tão empolgado.
— Tudo bem, eu vou. Mas só dessa vez!
Fermín gritou de felicidade do outro lado da linha, agradecendo mil vezes antes de desligar. Ayla jogou o telefone de volta no sofá e olhou para a tela ainda inacabada. Ela havia aceitado o convite, mas sabia que estar no Camp Nou seria uma experiência completamente fora de sua zona de conforto. A ideia de se misturar à multidão e ser vista como "a irmã de Fermín" a deixava desconfortável. Ela preferia o anonimato de suas telas e pincéis.
No dia seguinte, conforme o crepúsculo cobria Barcelona, Ayla caminhava pelo estádio, sentindo a imensidão do lugar e a energia vibrante dos fãs. O coração batia mais forte à medida que se aproximava das arquibancadas, cercada pela multidão vestida de azul e grená.
Sentada ao lado de outros familiares dos jogadores, ela observava os aquecimentos no campo. Seus olhos automaticamente procuraram Fermín, que já estava no campo com os outros. Ao lado dele, Gavi, com sua postura determinada, parecia concentrado no jogo.
Ayla não esperava que o olhar de Gavi cruzasse com o seu naquele momento. Foi breve, mas intenso. Ele a observou por alguns segundos, como se estivesse curioso com sua presença. Ayla desviou o olhar rapidamente, surpresa com a intensidade daquele contato. Talvez estivesse imaginando coisas, mas havia algo diferente naquele olhar.
O apito inicial ecoou pelo estádio, e o jogo começou. A multidão rugia a cada movimento, e Ayla tentou se concentrar no campo, observando Fermín com orgulho. Ele estava jogando bem, ágil e seguro, ao lado de Gavi. Mas, de tempos em tempos, os olhos de Ayla se voltavam para o camisa 6 do Barcelona, que parecia estar mais próximo do que ela gostaria de admitir.
Após um primeiro tempo intenso, o intervalo chegou, e Ayla decidiu sair por um momento para tomar ar. Enquanto caminhava pelos corredores do estádio, perdida em seus pensamentos, ela ouviu uma voz familiar.
— Não sabia que você viria.
Ayla virou-se e, para sua surpresa, deu de cara com Pablo Gavi, que parecia igualmente surpreso ao encontrá-la ali. Ele estava suado, mas ainda assim mantinha a aura intensa que exalava em campo.
— Oi, Gavi... — respondeu, um pouco sem jeito. — Fermín me convidou.
Ele sorriu, um sorriso breve, mas genuíno.
— Eu devia ter imaginado. — Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. — Ele sempre fala muito de você.
Ayla riu, tentando dissipar o nervosismo.
— Espero que coisas boas.
— Só as melhores. — Gavi a olhou por mais um momento, como se estivesse estudando cada detalhe dela. — Bom, nos vemos por aí, Ayla.
E com um aceno rápido, ele voltou para o vestiário, deixando Ayla parada no meio do corredor, sentindo seu coração bater acelerado. Ela não sabia o que pensar daquele encontro inesperado, mas algo em Pablo Gavi a intrigava. Mais do que ela estava disposta a admitir.
Quando voltou ao seu lugar para o segundo tempo, seus pensamentos já estavam longe do jogo.
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Primeiro capítulo foi pequeno, mas com 20 votos volto aqui ainda essa semana ☝🏻
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𝘌𝘯𝘵𝘳𝘦 𝘰 𝘤𝘢𝘮𝘱𝘰 𝘦 𝘰 𝘤𝘰𝘳𝘢çã𝘰 - Pablo Gavi
FanficAyla López, uma artista plástica talentosa e irmã do jogador de futebol Fermín López, vive uma vida tranquila e introspectiva, distante do agitado mundo do esporte. Quando ela conhece Pablo Gavi, colega de time de seu irmão, sua vida vira de cabeça...