Era uma pequena aldeia de pescadores, quando no inverno fazia bastante frio. O lago que se situava no centro da vila, congelava, possibilitando a patinação dos filhos dos moradores locais. A atividade pesqueira era o meio de substência da pequena população que durante o dia, abria um buraco no gelo para lançar a sua isca, até a água. Ao lado dessas várias pequenas rodas de pescadores que se formavam, havia sempre uma fogueira acesa, para que pudessem manter os corpos aquecidos.Durante a tarde, depois de almoçarem o que haviam conseguido durante a pesca, iam para o fundo das casas de taipa, para cortar lenha, para que a noite pudessem manter a casa aquecida. À noite era servido um rescaldo do pescado consumido no almoço. A paisagem de fundo eram as montanhas cobertas de neve, a rotina da vila era quase sempre a mesma.
Durante o período mais frio do inverno, era aberta aos turistas uma estacão de Esqui, no topo da montanha gelada. Com a chegada dos turistas e esportistas, abria- se uma possibilidade de trabalho extra para a população local, que diariamente subia e descia a montanha de neve. Entre as famílias dos pescadores, havia um garoto que para ganhar a vida, todos os dias subia a montanha no intuito de preparar o equipamento dos turistas para que estes pudessem descer a toda velocidade. Enquanto afundava os pés na neve fofa, ao subir a montanha, ia pensando que poderia ter uma vida melhor do que o destino que estava traçado para os moradores da aldeia, tudo muito simples e sem novidades.
Diariamente, ao acordar e depois de tomar o café com seus pais, o garoto, saia de casa com sua mochila nas costas, enquanto cruzava o lago de gelo, via os outros filhos dos moradores, se divertindo, fazendo bonecos de neve e praticando patinação. Também podia ver ao longe, as pequenas rodas de pescadores. Ao chegar no topo da montanha, enquanto amarrava as cordas dos equipamentos de segurança e separava o pares pelos tamanhos, o garoto se deslumbrava com aquelas roupas coloridas dos turistas e os seus óculos brilhantes que faziam parte do adereço comum para a pratica desse ripo de atividade.Eventualmente, olhava para a sua roupa esgaçada pelo tempo frio, um velho cachecol amarrado ao pescoço e um casaco de lona pesado que o cobria dos pés a cabeça.
Nos intervalos da atividades, o garoto era convidado, por um ou por outro grupo, para tomar cafe dentro da luxuosa estacão que ficava no topo da montanha. Enquanto tomava o seu café quente, no canto da sala cheia de turistas, observava como eles se comportavam e como eram diferentes do seu povo.Especialmente, a maneira de falar e de conversar entre si. Dali de onde estava podia olhar da janeila lá em baixo, a sua aldeia de pescadores com lago congelado ao centro. De fato nutria muita admiração e respeito pelo modo de vida simples de seu povo. Entretanto, ao subir a montanha de neve diariamente à medida que ia subindo e afundando os pés na neve fofa, ia nutrindo sonhos com aquela maneira de vida dos turistas. De alguma maneira o garoto ambicionava fazer parte daquele núcleo, mesmo sabendo que àquela altura era apenas um mero ganhador de gorjetas, enquanto preparava os equipamentos para a descida dos gringos.
Muitos dos frequentadores da estação de esqui, tratavam o garoto bem, embora ele fosse apenas um mero serviçal. Alguns, eventualmente o mandavam comprar bebidas e comidas em lojas que ficavam próximas, depois deixavam ele ficar com o troco.Depois disso, passava então o dia amarrando as mochilas, os equipamentos de segurança e preparando os pares dos esquis de acordo com o tamanho de cada um. Enquanto isso os turistas se divertiam, bebendo cerveja e ouvindo musica alta. Ao descer de noite, novamente para o vale dos pescadores, o garoto trazia consigo, eventualmente, a bolsa cheia de moedas, fruto da labuta do dia.Ao chegar em casa de noite, entregava a maioria do que ganhava aos pais, e ficava com uma pequena parte para comprar um refrigerantee um lanche.Depois disso, sentava à mesa com os pais para jantar o rescaldo dos peixes que havia sido servido no almoço.Durante a janta, seus pais normalmente perguntavam como tinha sido o dia de trabalho.O garoto então descrevia minuciosamente suas atividades. Sua mãe era muito rigorosa, exigia que o garoto se aprumasse nos estudos mesmo durante a noite, após a chegada do.trabalho.Por isso, ele costumava dormir bem tarde, ate finalizar as lições.Novamente no dia seguinte acordava cedo para o trabalho.No inverno, os filhos dos pescadores, costumavam estudar em casa, em decorrência do acúmulo de neve que se formava na porta das escolas.Nos fins de semana, seu pai pescador, se reunia com os amigos para beber bebida destilada quente e praticar jogos de tabuleiro perto de casa.
Sua mãe era uma dona de casa e tinha pouco contato com as outras mulheres da aldeia. Vez por outra, fazia uma visita na casa de uma amiga mais próxima, para saber daquilo que se passava nos arredores da vila.As mulheres eram conservadoras apesar do modo simples de vida e tinham o hábito de protegerem sua família mesmo com todos os problemas. A Vida na aldeia era realmente muito simples e sem grandes novidades. Seus moradores já estavam acostumados com aquela rotina.Somente quando chegava o inverno, com a chegada dos turistas era possível, vislumbrar alguma possibilidade nova, nessa o garoto embarcava nos seus sonhos de levar uma vida melhor e diferente da vida monótona da vila dos pescadores. Quando subia a montanha para trabalhar na estação, imaginava como deveria ser a vida daquelas pessoas de muito luxo e riqueza na cidade grande.Feita de muitos carros importados, muitas viagens e principalmente de como deveria ser viver na cidade grande, com muitas luzes e gente circulando pelas ruas.
Enquanto os adultos desciam as montanhas a toda velocidade, ávidos por suas diversões, embriagados pela adrenalina e também pelas cervejas que consumiam sempre ouvindo uma música muito alta, o garoto brincava com os filhos destes, de jogar bolas de neves uns nos outros, bem como fazendo bonecos de gelo. Apesar das diferenças culturais, eles se entendiam bem, mesmo porque havia a diferença do idioma, que não era tão grande mas com pequenas inflexões de acentos.Quando finalizou o dia, especificamente uma determinada família, pais de um dos garotos que brincava juntos com o menino da aldeia, se aproximou mais deste e perguntou se ele não queria jantar com eles antes de descer a montanha de neve para voltar pra casa. O garoto respondeu que sim.
Durante o jantar, perguntaram bastante como era a sua vida na aldeia e se ele tinha vontade de conhecer a vida na cidade grande.O garoto novamente respondeu que sim. A partir desse dia essa família de turistas especificamente esteve mais próxima do garoto, as gorjetas passaram a ser bem maiores, assim como ele também passou a ser convidado a tomar cafe dentro do salão todos os dias.Todas as noites enquanto descia a montanha de neve, via a lua reluzir o seu brilho na neve quase que ofuscando as suas vistas, cansado, ainda esperava chegar em casa, para fazer a lição dos estudos e para somente depois dormir. Dessa vez quando chegou em casa, percebeu os pais um pouco agitados, sua mae especificamente disse-lhe que queria conversar com ele sobre o seu trabalho. Começaram dizendo que estavam um pouco preocupados, que achavam que ele deveria ser como os outro filhos dos pescadores da vila e acordar junto aos pais, ajudar na pesca e cortar a lenha ao final do dia. Indo direto ao ponto, disseram que ele deveria deixar o trabalho na estação. O Garoto ficou triste, simplesmente pelo fato de aquela ser a sua única esperança de ter uma vida melhor e diferente do povo da aldeia.
O pai fora mais radical, a mae ainda pestanejou e disse que ele ainda poderia ficar mais algum tempo no trabalho, dessa forma estava criado então, um clima de discussão entre seus pais sobre seu futuro, o garoto então percebeu que que não teria poder de decisão sobre aquela situação. Trancou-se no quarto de onde poderia ouvir seu pais