Perante a Lei, Você será Meu

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Aether havia cruzado inúmeras terras como um viajante solitário, mas Mondstadt trazia algo diferente, algo que ele não conseguia explicar dentre todas suas aventuras. Seu corpo cansado, após dias de viagem, foi tomado por uma sensação de leveza assim que atravessou os imponentes portões da cidade. As altas muralhas de pedra, que de longe pareciam uma fortaleza intransponível, agora ofereciam um estranho abraço, como se estivessem ali para o proteger. O vento suave que soprava pelas ruas carregava o aroma fresco de flores dandelion e grama recém-cortada, enchendo o ar com uma tranquilidade quase espiritual.

As casas eram feitas de madeira clara e pedra, com telhados inclinados e janelas amplas que permitiam a entrada da luz solar e da brisa. Pequenas varandas decoradas com flores coloridas e plantas pendentes criavam um cenário romântico. O contraste das cores vivas das pétalas com as ruas de paralelepípedo, era tudo acolhedor e convidativo à cidade. Cada detalhe encantava os olhos do viajante.

Os cidadãos de Mondstadt caminhavam pelas ruas com expressões serenas e despreocupadas, cumprimentando-se mutuamente com sorrisos gentis. O espírito de harmonia parecia estar presente nas feições, visível nos gestos leves e nas roupas simples, porém elegantes, que as pessoas usavam. Aether percebeu que não havia o peso da opressão ou perigos em volta, — que ele sentia em outras cidades — imaginando que finalmente pudesse relaxar em uma cama, sem sacar sua espada primeiro para conseguir uma.

Enquanto explorava, seus olhos foram atraídos para o centro da cidade. À medida que ele caminhava, passava por tendas e barracas que vendiam desde frutas suculentas a artesanatos delicados, dispostos de maneira organizada. O som de conversas amigáveis e risadas enchiam o ar, a comunidade parecia animada por algum evento. Ao longe, ele ouviu o som suave de uma harpa vindo de uma taverna próxima, e sentiu-se atraído pela musicalidade leve que ecoava pelas ruas.

Aether continuava sendo chamado pelo som vibrante de batidas, canções desajeitadas e mulheres bonitas. Era impossível ignorar a alegria que transbordava do estabelecimento fechado, o som de risadas e música abafada pelo movimento das portas de madeira. O cheiro forte de álcool misturado ao perfume de especiarias o envolvia, despertando um desejo crescente de experimentar as famosas bebidas locais. Ele mal podia esperar para se sentar em uma mesa, cortejar uma bela dama e deixar o ambiente animado tomar conta de seus sentidos.

Ao se aproximar da taverna, seus olhos captaram algo que o fez parar. Pendurado em uma parede de pedra próxima à entrada, um cartaz grande e chamativo anunciava: "Festa em Comemoração ao Aniversário do Príncipe Diluc, organizada pelo próprio Rei Kaeya! Todos são Bem-vindos! Bebidas de graça!"

Aether franziu o cenho, completamente confuso. Ele não sabia quem era o rei, muito menos que Mondstadt era governada por uma monarquia. Ainda mais surpreendente, era a ideia de que o próprio governante estaria celebrando em um bar comum, ao lado dos cidadãos. Isso não se encaixava com o que ele esperava da realeza, mas também reforçava a liberdade pela qual Mondstadt era tão famosa. Intrigado, ele sentiu sua curiosidade aumentar.

Sem hesitar mais, ele empurrou a pesada porta de madeira, e o barulho ensurdecedor da taverna invadiu seus ouvidos. O que ele viu por dentro era uma verdadeira comoção. O local pouco iluminado, estava lotado de pessoas de diversas classes, muitos dançando em cima das mesas, enquanto outros levantavam suas canecas para brindar com entusiasmo. O som de bardos bêbados cantando melodias alegres preenchia o ar, suas vozes desafinadas arrancando gargalhadas da multidão. Mulheres deslumbrantes, com vestidos de fenda alta e sorrisos animados, riam e dançavam de forma descompromissada, espalhando seus perfumes e olhares seduzentes.

Os cavaleiros, que normalmente ele imaginaria em uma postura séria e formal, estavam relaxados, dançando e girando suas espadas no ar, como se as preocupações do mundo exterior não pudessem atravessar aquela festa. A cena era quase surreal para um aventureiro comum, que jamais imaginaria a realeza, quanto mais o rei, envolvida em tamanha celebração descontraída.

Desacato a Autoridade - {Xiaoether}Onde histórias criam vida. Descubra agora