"Os pés do garoto vagueavam pelos cômodos desconhecidos, mas de alguma forma, profundamente familiares. A casa — se é que podia chamar assim — não tinha móveis nem retratos nas paredes pálidas que sugerissem a presença de moradores; estava completamente vazia.
Ele não fazia ideia de como havia chegado ali, mas uma vontade interior parecia impeli-lo a procurar por algo ou alguém. A casa era imensa, com tantos cômodos que, por um momento, o garoto pensou estar em um labirinto. Quando seus pés finalmente pararam diante de uma porta, ele ouviu. O som do mar, claro e inconfundível, sugeria que ele poderia estar em Busan.
Olhando para a porta à sua frente, notou que o ambiente por trás dela emitia uma luz azulada, semelhante ao brilho fraco de uma televisão ligada. Sem hesitar, ele colocou a mão na maçaneta e empurrou a porta, adentrando no cômodo com o som do mar. Mas, para sua surpresa, não era um quarto
É compreensível que abrir uma porta e se deparar com uma rampa extensa sob um céu noturno completamente estrelado deveria ser, no mínimo, atípico para qualquer um. No entanto, Jimin não sentiu medo ou estranheza; pelo contrário, uma sensação de conforto, tranquilidade e serenidade tomou conta de seu corpo e mente.
Ao adentrar o cômodo e seguir sempre em frente pela rampa, o som das ondas se chocando contra as pedras tornava-se mais nítido. Olhando ao redor, ele notou que a rampa, estendendo-se horizontalmente, parecia não ter fim e era feita de madeira, lembrando-lhe uma rampa de voo de asa-delta.
Andava tão distraído que só percebeu quando chegou à beira da rampa. Olhando para baixo e vendo as ondas furiosas se chocando contra as pedras, uma súbita vontade de se juntar às águas o dominou. A queda até as ondas era grande, mas a ideia de se jogar não lhe parecia absurda. A crença de que não sofreria danos ou morreria ao se lançar ao mar só podia ter uma explicação.
Ele estava sonhando.
Ele se sentou na beirada e se contentou em olhar para o maravilhoso céu estrelado, algo que nunca tinha visto antes. A sensação de serenidade que tomou conta do garoto o fez querer ficar naquele lugar para sempre, longe dos estresses, das sombras e dos problemas do dia a dia que sempre invadiam seus pensamentos e perturbavam sua paz de espírito.
Para aproveitar mais o momento, ele apoiou os braços para trás e fechou os olhos, sentindo a leve brisa balançar suas madeixas loiras. Nenhum outro som era ouvido. Nem pássaros, nem vozes de pessoas conversando, nem qualquer outra coisa. Apenas o som do mar abaixo daquela rampa.
Ele encarava aquelas milhares de estrelas que se espalhavam pelo vasto céu, dando-lhe a impressão de que, se estendesse a mão, conseguiria tocar os pontos brilhantes que se encontravam a milhares de quilômetros de distância.
Estava tão relaxado que, mesmo diante do vento forte e das ondas quebrando abaixo de si, não sentia frio algum. Parecia que um cobertor invisível posto sobre suas costas o aquecia por inteiro.
Sem questionar os motivos de seu sonho se concentrar naquele lugar tão calmo, ele desejava permanecer naquela paz para sempre. Fez menção de se deitar, mas, ao canto dos olhos, notou uma movimentação estranha. Ao se virar para ver o que era, sentiu-se meio confuso.
Sentado ao seu lado, encarando-o com olhinhos curiosos, havia um gato de chita que, no momento, fazia-lhe companhia naquela enorme rampa. Ele apenas o observava, balançando lentamente o rabo.
Jimin olhou ao redor na esperança de encontrar alguém que o tivesse largado ali ou algum lugar de onde ele poderia ter vindo, mas não havia nada. Nem mesmo a suposta porta pela qual o garoto havia entrado estava ali.
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ARCANO • pjm + jjk
FanfictionPark Jimin, um misterioso dominador das sombras, é forçado a sair das sombras - literalmente - quando seu refúgio é invadido por Jeon Jungkook, um enigmático feiticeiro com um segredo obscuro. Apesar de uma relação tensa e desconfiada, Jimin e Jungk...