Capítulo 4

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Ayllia caminhava pelas ruas com a mente pesada após mais um longo dia entre a faculdade e o trabalho. A noite já tinha caído, e o ar estava fresco, cortando levemente seu rosto enquanto ela tentava relaxar durante a caminhada. Seus fones de ouvido abafavam os sons da cidade ao redor, criando uma sensação de isolamento. Ela havia feito esse caminho tantas vezes que seus pés pareciam guiá-la automaticamente.

No entanto, enquanto andava, algo começou a parecer errado. As ruas pelas quais ela passava, embora escuras e desertas, não eram familiares. Ayllia franziu o cenho, tirando um dos fones para prestar mais atenção. O trajeto habitual não incluía becos estreitos e sinistros como o que ela agora se encontrava.

Ela parou por um momento, olhando ao redor, tentando se localizar. Os prédios pareciam mais altos, mais ameaçadores. As luzes das janelas estavam apagadas, e o som distante do trânsito havia desaparecido, deixando-a em um silêncio opressor.

— Onde é que eu tô? — murmurou para si mesma, sentindo uma ponta de inquietação.

Ayllia deu meia-volta, na tentativa de retornar ao caminho que achava conhecer, mas cada esquina que dobrava parecia levá-la mais fundo em ruas desconhecidas e vazias. O beco estreito onde agora estava parecia se alongar, as paredes encardidas pareciam se fechar ao seu redor, como se a empurrassem para um labirinto sem fim.

Seus passos começaram a ficar mais apressados, o som dos próprios pés ecoando nas paredes estreitas, criando uma sensação de estar sendo seguida.

Ayllia caminhava rápido, o coração batendo mais forte a cada passo, quando uma sensação gelada percorreu sua espinha. Era como se o ar ao redor tivesse ficado mais pesado, carregado com uma tensão invisível. Ela parou abruptamente, seus pés quase travando no chão. Uma presença... algo estava errado.

Com o corpo rígido e os sentidos em alerta, Ayllia sentiu a familiar sensação de ser observada. O beco parecia mais sufocante, como se as paredes estivessem se fechando lentamente ao seu redor. Seu corpo inteiro estava em estado de alerta, cada nervo gritando para ela correr, mas suas pernas pareciam presas ao chão.

O silêncio ao redor era quase ensurdecedor, mas logo, ali no fundo, bem atrás dela, ela ouviu o som. Um leve arrastar de pés. Sutil, mas inconfundível. Ayllia prendeu a respiração, seus músculos enrijecendo enquanto lutava para manter o controle.

Ela sabia que alguém estava lá.

O tempo parecia desacelerar, e seus olhos se fixaram à frente, hesitando em olhar para trás. O medo gelado tomou conta de seu corpo, e sua mente lutava entre dois impulsos: fugir ou encarar. A presença era tão palpável, como uma sombra projetada por algo que ela não conseguia ver, mas que podia sentir claramente.

Com as mãos trêmulas, Ayllia lentamente virou a cabeça, o coração batendo no ritmo frenético do medo. O som dos passos parou junto com ela, como se quem estivesse ali soubesse exatamente o que ela estava fazendo.

E quando seus olhos finalmente se voltaram para trás, ela viu uma silhueta na escuridão, à distância, imóvel. Observando-a.

Ayllia girou lentamente, o coração disparado, o medo pulsando em suas veias. Mas, antes que pudesse processar o que estava acontecendo, sentiu algo frio e sólido encostar em suas costas. O pânico a dominou instantaneamente; não havia mais dúvida, alguém estava bem atrás dela.

Ela congelou, a respiração acelerada, enquanto a presença se tornava mais opressora. A sensação de um corpo a poucos centímetros de distância a fez tremer. O ar parecia ter se tornado espesso, dificultando cada respiração. Ayllia queria gritar, queria correr, mas seu corpo estava paralisado pela mistura de terror e confusão.

𝐒𝐈𝐂𝐊 𝐒𝐓𝐀𝐋𝐊𝐄𝐑 - The BeginningOnde histórias criam vida. Descubra agora