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England, XVI's century.

Stupid!

Lá estava ela, Penélope, aos pés da colina que levava até sua casa. Seu rosto estava inchado de tanto chorar, mas não de tristeza: Penélope chorava de raiva. Não havia passado sequer um mês desde a última vez que a jovem chorou assim, pelo mesmo motivo.

Por que o cupido nunca acertou?

Penélope, no auge dos seus 20 anos, era tão romântica quanto podia ser. Sonhava em se casar um dia, com uma grande festa cheia de convidados felizes, ao lado do amor da sua vida. Mas, desde que completara idade o suficiente para casar — de acordo com os critérios de seu pai —, os pretendentes que vinham até Penélope eram, simplesmente, terríveis. Nada a ver com a aparência, não. A jovem não se importava com isso. Porém, antes fosse esse o maldito problema. Seus pretendentes ora eram burros, ora a achavam burra, alguns sequer queriam que ela falasse enquanto outros falavam de menos.

Qual seria o problema? Suas irmãs não demoraram sequer um mês inteiro para conseguir um noivo adequado, pediram ao cupido e ele prontamente fez seu trabalho. Penélope também pediu ao cupido. Será que não a ouviu direito? Ou apenas está se fazendo de burro? A de cabelos ondulados não sabia.

Respirando fundo e enxugando as lágrimas do rosto, Penélope subiu a pequena colina, passando pelo simples celeiro que sua família possuía, e parando na porta de casa. Suspirou e vestiu um sorriso no rosto, abrindo a porta e vendo sua mãe, Vivian, amassando pão.

— Mamãe, papai está?– pergunta se aproximando da mais velha.

— Seu pai foi à cidade comprar leite.— Vivian responde com sua costumeira gentileza.— Deseja conversar, querida?

Penélope balança a cabeça positivamente. — Quero, sim, mamãe.— se sentou à mesa, apoiando os cotovelos na madeira.— O cupido existe realmente?

A pergunta fez as mãos da mais velha tremerem. Lentamente, Vivian se virou para a filha, cenho franzido e uma expressão de questionamento em seu rosto.

— Como assim, querida?— perguntou limpando as mãos sujas de farinha em seu avental.

— Você me entendeu, mamãe.— a jovem responde, deixando o queixo sobre a mão esquerda.— O cupido existe? Anne e Louisa estão felizes com seus maridos. Anne até mesmo está grávida! E eu continuo recebendo... Argh!— grunhiu frustrada, esfregando o rosto com as mãos.

Vivian sorriu levemente, sentindo empatia pela filha, e se aproximou. Afagou as costas da menor, o toque carinhoso que apenas uma mãe poderia dar.

— Minha pequena Penélope...— diz suavemente, se sentando ao lado da filha.— Talvez o cupido esteja com ciúmes.

— Mamãe, eu falo sério!— olhou para a mais velha, os olhos azuis se enchendo de lágrimas.

— Eu também falo!— disse séria, acariciando a bochecha da filha.— Sabe, uma tia minha, Rachel, se casou com um cúpido.

Os olhos de Penélope se arregalaram levemente, um misto de curiosidade e incredulidade.

— Mas como? Achei que cupidos fossem anjos.

— E são.— concordou com a cabeça.— Mas, as vezes, os cupidos se apaixonam também. E quando isso acontece, eles impedem que a pessoa que eles amam encontre um par ideal.

O rosto da acastanhada se tornou um misto de emoções. Primeiro, surpresa. Depois compreensão e então, raiva. Se levantou abruptamente, o cenho franzido e as bochechas coradas.

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