Destiny

2. Dejavú

Jimin, agora um jovem adulto, se tornara um príncipe conhecido por seu espírito aventureiro, realizando diversas viagens marítimas e contando histórias fantásticas aos jovens da nobreza. O rei dava total liberdade ao príncipe, mesmo que ele fosse o único herdeiro do reino e que as viagens marítimas fossem longas e perigosas. Isso causava constantes brigas com a rainha consorte. As discussões eram intensas, pois era evidente que o casamento era político, sem amor, e o rei não parecia se importar muito com a segurança do único herdeiro.

Nos últimos anos, o príncipe havia desenvolvido uma certa obsessão pelo tritão que havia salvado na infância, desenhando-o com frequência por medo de esquecê-lo. Ele guardava inúmeros desenhos do tritão como um tesouro valioso e sempre os levava consigo em suas viagens. Em sua viagem atual, ele tinha sido enviado a um reino distante, famoso por produzir itens de luxo, como arte e tecidos finos, para intermediar um acordo comercial. Durante seus dias nesse reino, Jimin visitou vários ateliês e fez compras, principalmente presentes para sua mãe e materiais de arte.

Na volta, a ansiedade tomava conta do príncipe. Ele passava os dias no mar desenhando e ajudando a tripulação, tentando distrair sua mente. O que aliviava um pouco seu coração era saber que os acordos comerciais haviam sido finalizados com sucesso, uma boa notícia para compartilhar com o rei. À noite, ele olhava para o mar, com uma esperança secreta de ver novamente alguma criatura fantástica. No fundo, havia uma pequena frustração por nunca ter reencontrado o jovem tritão. 

Quando o barco já estava próximo do reino, uma forte tempestade assolou a região. Ela se levantou com uma ferocidade inexplicável, como se o próprio mar tivesse se enfurecido. Relâmpagos cortavam o céu, iluminando a escuridão como se fosse dia, e o vento rugia como uma fera enfurecida, chicoteando as velas do navio. As ondas batiam contra o casco com tanta força que pareciam querer engolir a embarcação inteira.

Jimin, ainda determinado a ajudar os marinheiros, agarrava-se à corda que o mantinha seguro na plataforma. Sua respiração estava ofegante, e seus olhos tentavam se ajustar à fúria do oceano à sua volta. A tripulação estava em pânico, lutando contra o mar tempestuoso, tentando manter o navio à tona. Mas a luta parecia inútil.

— Príncipe, nós devemos seguir para os botes! — gritou um dos marinheiros, tentando arrastá-lo para a segurança.

Mas Jimin não ouviu. Ele estava mais focado em um único pensamento: Meus desenhos. Eu preciso dos meus desenhos.

Ele se soltou da corda com uma expressão de desespero, correndo em direção à sua cabine. O som do mar se chocando contra o navio ficava mais alto a cada segundo, e o estrondo dos relâmpagos fazia o chão tremer. Cada passo parecia uma luta contra o vento. Sua mente estava em turbilhão, mas ele só conseguia pensar em uma coisa: aqueles desenhos eram mais do que simples rabiscos. Eram lembranças. Eram suas únicas conexões com a criatura que havia mudado a sua vida.

Quando Jimin finalmente chegou à sua cabine, o céu iluminou a noite com outro raio. Nesse instante, o navio estremeceu violentamente, como se tivesse sido atingido por uma mão invisível. O teto acima da sua cabeça cedeu com um estrondo ensurdecedor, desabando sobre ele. A última coisa que sentiu antes de ser consumido pela escuridão foi a sensação de seus desenhos sendo arrancados das suas mãos, levados pela chuva torrencial.

Tudo se apagou.