Capítulo 2: Sob Vigilância

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O silêncio entre "Y/n" e Ghost era quase ensurdecedor enquanto caminhavam pelas ruas molhadas e escuras de Londres. Cada passo parecia ecoar mais alto do que o normal, como se ambos estivessem tentando medir a presença um do outro. Ela sabia que estava em território desconhecido. Nunca tinha trabalhado diretamente com Ghost, e a lenda que o cercava não facilitava a situação. O mistério ao seu redor tornava tudo mais denso e perigoso.

Com cada passo, a sensação de que alguém os observava aumentava. Não era apenas a pressão da missão ou a presença imponente de Ghost ao seu lado. Havia uma tensão invisível no ar, como se fossem alvos à espera do primeiro tiro. "Y/n" apertou a mão no cabo de sua arma, ainda sem puxá-la, mas sentindo o conforto de tê-la ao alcance.

— Quanto tempo até chegarmos ao ponto de encontro? — ela quebrou o silêncio, tentando soar casual, mas havia um toque de nervosismo em sua voz.

— Estamos perto. — A voz grave de Ghost era calma, quase fria, como se o perigo fosse uma presença constante em sua vida e ele tivesse se tornado indiferente a ele.

O ponto de encontro era um antigo armazém abandonado no lado menos movimentado da cidade. A escolha do lugar fazia sentido: fácil de se esconder, difícil de ser notado. Eles tinham que entregar as informações sobre a célula terrorista para o Capitão Price e sua equipe o quanto antes, antes que o dossiê caísse nas mãos erradas.

"Y/n" olhou para Ghost de relance, intrigada por sua calma imperturbável. Ele parecia totalmente no controle, como se nada no mundo pudesse abalá-lo. Era difícil acreditar que alguém pudesse viver assim, sempre no limite entre a vida e a morte, e ainda parecer... invulnerável.

— Você sempre foi assim? — Ela perguntou de repente, sem pensar muito nas palavras.

Ghost olhou para ela, os olhos escondidos sob a sombra da máscara. O silêncio que se seguiu foi mais longo do que o esperado.

— Sempre fui o quê? — ele finalmente respondeu, sua voz com uma pitada de curiosidade, como se não estivesse acostumado a perguntas pessoais.

"Y/n" hesitou por um segundo. Havia algo sobre Ghost que a intrigava. Talvez fosse o mistério que ele exalava ou o fato de que, debaixo daquela máscara de caveira, havia alguém cuja história ela mal conhecia.

— Imperturbável. Como se nada pudesse te afetar. — Ela manteve os olhos focados à frente, mas sentiu o olhar dele sobre ela.

Mais um momento de silêncio. Então ele parou abruptamente, fazendo com que ela também parasse e o encarasse. Ele a observou por um instante, como se estivesse ponderando se deveria ou não responder.

— Todo mundo carrega algo, "Y/n". — Sua voz estava mais baixa agora, quase íntima, apesar da máscara que escondia seu rosto. — A diferença é que eu aprendi a esconder melhor.

Aquelas palavras, simples e cruas, ecoaram dentro dela. Havia mais naquela máscara do que proteção. Era uma barreira. Uma armadura que ele usava não só para o campo de batalha, mas para o mundo inteiro.

Antes que "Y/n" pudesse dizer qualquer coisa, um barulho distante cortou o momento. O som era abafado pela chuva, mas claro o suficiente para alertar os dois. Um disparo, seguido por outro. Eles se entreolharam, a troca silenciosa de entendimento entre soldados experientes.

Ghost se moveu rápido, puxando-a para a lateral de um edifício, protegendo-a do possível ângulo de tiro. Sua mão firme no braço dela, e por um breve segundo, ela sentiu o calor da pele dele, mesmo através das camadas de tecido.

— Fique abaixada. — Ele ordenou, sua voz grave e cheia de autoridade.

Ela se posicionou contra a parede, o coração acelerado. Ghost se afastou ligeiramente, sacando sua arma e mantendo os olhos atentos à área ao redor. Seus movimentos eram precisos, calculados, como se soubesse exatamente o que estava fazendo.

— Estão nos cercando. — Ele murmurou.

"Y/n" sabia que a calma de Ghost em situações como essa era o que o tornava tão temido. Para ele, a ameaça era apenas mais uma parte do trabalho. Mas para ela, o perigo iminente trazia um misto de adrenalina e medo.

Sem aviso, três homens emergiram da escuridão, armados e prontos para atacar. Ghost foi o primeiro a agir. Com uma precisão quase sobrenatural, ele atirou em dois antes mesmo que pudessem reagir. O terceiro tentou recuar, mas "Y/n" já estava pronta. Seu treinamento não era só para exibição. Ela puxou sua arma, disparando um tiro limpo que acertou o alvo antes que ele pudesse sequer levantar o braço.

O silêncio voltou, apenas interrompido pela respiração pesada e pelo som distante da chuva.

— Bom tiro. — Ghost elogiou, dando-lhe um aceno quase imperceptível.

Ela assentiu, tentando acalmar o coração acelerado. Ainda estava processando o que acabara de acontecer quando Ghost se aproximou mais uma vez.

— Isso foi um aviso — disse ele, sem rodeios. — Eles sabem o que você carrega. Não vão parar até conseguirem.

"Y/n" olhou para o arquivo que ainda segurava com força, sentindo o peso da responsabilidade mais do que nunca. Era como se cada movimento agora fosse observado, cada passo fosse monitorado. E, enquanto estavam juntos, sabia que Ghost seria uma proteção formidável. Mas a tensão entre eles também estava crescendo, uma corrente invisível que os mantinha conectados.

— Temos que continuar. — Ela declarou, determinada a não ceder ao medo.

Ghost apenas a observou por mais um momento, antes de fazer um sinal para que o seguisse. E assim, os dois continuaram pelas ruas desertas de Londres, sabendo que o verdadeiro perigo ainda estava por vir, mas também cientes de que, de uma forma ou de outra, eles estavam no mesmo caminho – e talvez precisassem um do outro mais do que queriam admitir.

Sob a Máscara: Entre Fogo e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora