Capítulo 9

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A noite estava pesada e abafada, e Raphael sentia o coração disparar enquanto corria pelas ruas escuras. Ele olhou por cima do ombro e viu uma sombra se aproximando, a figura de seu perseguidor se tornando mais nítida a cada passo. O medo o impulsionava, mas a adrenalina também o alimentava.

— Não posso deixar ele me pegar, — murmurou para si mesmo, forçando as pernas a se moverem mais rápido. A cada batida dos pés contra o chão, sentia a pressão aumentando.

Ele virou em uma esquina, ofegante, tentando ganhar distância. A respiração se tornava difícil; a asma o incomodava, mas ele não poderia parar. A sensação de estar sendo caçado era aterrorizante. O som dos passos atrás dele era constante, como um eco que o seguia, e ele sabia que o tempo estava se esgotando.

Raphael se esgueirou por um beco estreito, buscando abrigo, mas não havia como escapar. Ele encostou-se à parede fria, o coração martelando contra o peito, tentando ouvir qualquer sinal de que seu perseguidor tinha passado.

Raphael acelerou o passo enquanto caminhava pelas ruas desertas, a mente uma tempestade de pensamentos. O coração ainda batia rápido, a adrenalina pulsando nas veias, mas ele se recusava a olhar para trás. Havia uma sombra que o seguia, uma sensação constante de que não estava a salvo.

Chegou à sua casa e parou por um instante na porta, sentindo o peso da noite nas costas. Com as mãos trêmulas, ele inseriu a chave na fechadura, um gesto que deveria ser simples, mas naquele momento parecia monumental. O som da porta se abrindo ecoou em seu coração, e ele entrou, fechando-a com um estalo que ressoou no silêncio.

O ambiente estava familiar, mas tudo parecia distante. Ele não acendeu as luzes, preferindo mergulhar na penumbra. O que havia acontecido ainda o atormentava, e a presença de Adeline em sua mente era um lembrete do que ele tinha enfrentado. Mas ele não estava pronto para falar sobre isso. Não ainda.

Raphael se deixou cair no sofá, a cabeça tombando para trás. O ar estava pesado, e ele fechou os olhos, tentando processar a noite. As imagens do perseguidor, as sombras, e a luta se misturavam em sua mente como um pesadelo vívido.

O telefone vibrou na mesa ao lado, mas ele não se mexeu. Sabia que era Adeline, provavelmente perguntando como ele estava. A preocupação dela era genuína, mas ele não queria pensar nisso. Não queria responder. A necessidade de solidão o envolveu como um manto, e ele decidiu que aquele seria seu momento de silêncio.

Enquanto os minutos se arrastavam, ele se deixou levar pela escuridão ao seu redor, buscando conforto nas paredes familiares. Mas a verdade estava lá, pulsando em sua mente: ele precisava enfrentar o que havia acontecido.

E, mesmo sem querer, as palavras de Adeline ecoaram em seu coração. Sabia que, quando estivesse pronto, ela estaria lá. Mas por enquanto, só queria estar sozinho, vivendo um momento de reflexão e alívio em meio ao caos.


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