Você Comigo.

♡

"Vamos, amor
Vamos curtir, bora pra beira do mar
Vamos pra onde está fazendo mais calor
E ninguém pode nos achar..."

Era essa música que tocava enquanto eu andava pela calçada de Copacabana.
O clima estava quente e eu decidi descer do hotel pra beber uma "água de coco"
Quando fiz o meu pedido senti que o vendedor queria rir, mas ignorei e pedi o preço.

O preço que ele me cobrou era um pouco mais aquisitivo do que estava no cartas que anunciava a venda do coco, questionei isso.

— Peço perdão pela pergunta, mas por que o preço desse é mais caro que o que está ali escrito? - meu rosto transparecia dúvida e o vendedor aparentemente ficou sem graça.

— Não, é... você deve ter lido errado e...- eu tenho certeza do que li, novamente olhei para a placa e puxei-a para que ele pudesse ler também.

— Veja bem, o preço não condiz. - sigo com meu semblante confuso, até que uma menina se aproxima.

Ela chega por detrás de mim me dando um leve susto e olhando com uma cara pouco amigável para o vendedor.

— Mano, como você tem a cara de pau de cobrar mais caro só por que percebeu que ela é gringa? Se manca, Imbecil! - ela se direcionou a ele com um tom de voz bem elevado.

— Qual foi, garota? Não atrapalha o corre dos outros não ô! - o cara se irritou e eu comecei a ficar nervosa. como posso dizer pra eles que só queria o meu coco e minha dúvida esclarecida?

— Você chama isso de corre? Se aproveitar da desvantagem das outras pessoas é corre? Olha, eu não vou te ensinar a ter caráter porque isso só se aprende no berço. Mas eu espero que você tome vergonha na sua cara. Vem, moça.

Aquela mulher começou a me puxar, eu não entendi muito bem o porquê daquilo, mas ela não parou até chegar em um quiosque mais distante do que o que outrora nós estávamos. Isso tudo sem me dizer um oi e com a indignação estampada na face, acredito que brasileiros sejam meio estranhos por natureza.

— Qual foi, seu Germano!? - cumprimentou-o, aparentemente, dono do mais novo quiosque pra onde essa desconhecida me trouxe. Ela se dirigiu a esse com um pouco mais de gentileza, mas eu ainda consigo ver a indignação disfarçada em seu rosto, e acho que não foi só eu quem percebeu isso.

— Minha filha, quanto tempo! Você anda pelas calçadas aqui, mas nem sempre vem me ver. - diz ele com uma falsa indignação. - me diga o que houve? Não vejo uma verdadeira alegria em você.

— Papo reto, seu germano! Me perdoa? - ela coça a nuca - É que vender aqui na praia nos últimos dias não tem sido fácil, aumentou a quantidade de turistas mas também aumentou a concorrência. Inclusive os de má fé já estão dando suas caras. É ate por esse motivo que trouxe essa moça pra comprar aqui.

— O que houve, minha filha? - o senhor tinha o semblante cansado, mas com uma áurea de paz que logo se transformou em dúvida.

— Ah, como se não bastasse os bandido  armado do morro, nós temos os disfarçados de trabalhadores também. Se acredita que o cara lá da frente mentiu pra ela? Ela pediu água de coco e ele cobrou mais caro! - mentiu pra mim? My good!

— Esse é o lema dessa garotada de hoje, minha filha! Cobrar mais caro para os gringos, ela provavelmente não fala português, não é? - disse o moço agora com sua atenção voltada a mim.

— Até que fala sim, moça, esse é o seu Germano. - ela finalmente me olhou.

— Hell- ops! Olá* - solto uma risada. Maldita risada frouxa!

— Oi, moça! Você deseja uma água de coco? - ele me perguntou com um olhar acolhedor, confesso que poucas pessoas foram gentis assim comigo. Só tive contato com as pessoas do hotel e eles parecem ser antipáticos.

— Sim! Desejo, mas dessa vez com um preço justo, please. Se não fosse ela eu teria sido enganada. - digo olhando para ela que já me encarava com um olhar de quem gostava do que via.

— "Preze"? - ele repetiu confuso e minhas bochechas ruborizaram.

— Ela quis dizer "por favor", seu Germano. - disse a menina agora rindo também. Não resisti e fui contagiada por sua risada.

— exatamente! Thank you, moça!