Nossa, mas que recepção maravilhosa!

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Bem vindas a mais um capítulo de Allez 🤺
Esse é o primeiro capítulo do ponto de vista da Lisa e eu tava ansiosa pra vocês conhecerem ela. Obrigada pelos votos e comentários nos últimos capítulos ♥️ Qualquer coisa estou lá no bluesky (@janniekine) é só dar o grito.

Boa leitura 🫶🏻

***

Termino de fechar o zíper da mala a colocando no chão e sento na ponta da cama olhando pela janela. Quase um mês depois do mundial, estou voltando pra Coreia depois de muito tempo. A Itália tem sido minha casa por grande parte da minha vida. É estranho pensar que estou indo embora. Suspiro e ouço um toque na porta aberta.

- Filha, vamos? Já está tudo pronto. - Meu pai diz apoiado no batente.

- Vamos. - Assinto e levanto arrastando minha mala.

A maioria das coisas já foram pra casa na Coreia dias antes. Agora só estávamos com os pertences essenciais para pegar o avião. No percurso a caminho do aeroporto me questiono se realmente fiz a decisão certa. Eu sei que esse era o caminho mais lógico, considerando que meus pais queriam voltar para a Coreia há algum tempo e ficaram na Itália para me apoiar, mas esse é o tipo de decisão que muda o curso de uma vida inteira.

Voltar pra Coreia também me traz lembranças incômodas. Mesmo que meu pai seja coreano, eu não nasci exatamente nesse padrão. Na verdade, eu sou muito parecida com a minha mãe, que é tailandesa. Quando eu era criança, isso era um problema. Não pra minha família, isso de jeito nenhum. Mas as pessoas de fora, principalmente na escola, não conseguiam entender que eu era coreana porque eu não me parecia como uma. Eu me sentia desconfortável com isso, como se eu não pertencesse ali, não me encaixasse. E quando meu pai recebeu o posto na Itália, eu achei que tudo isso ficaria pra trás. E ficou, de certa forma. Pelo menos até agora.

Já dentro do avião eu me ajeito na poltrona da melhor forma possível agradecendo ao meu eu do passado por ter escolhido um conjunto de moletom, a roupa mais confortável do mundo para um voo de tantas horas. Eu não sou muito fã de voar, mas tive que me acostumar com isso de qualquer forma. O meu pai é diplomata, então viajar faz parte da profissão dele e frequentemente minha mãe e eu o acompanhamos. Fora viajar para os campeonatos, mesmo que eu não tenha competido fora da Itália, dentro do país era normal que o deslocamento fosse de avião.

Coloco o fone de ouvido selecionando uma das minhas playlists. Olho pra janela esperando a decolagem. É uma longa viagem, suspiro. "Espero que tenha tomado a decisão certa".

...

Seul sempre me causa um impacto quando venho depois de muito tempo. Tudo parece um pouco demais. Luzes demais, sons demais, pessoas demais. Normalmente eu sempre demoro uns dias pra me acostumar a estar aqui de novo. Mesmo que Milão também seja uma cidade grande, aqui é um outro nível. Pela janela do carro posso ver os outdoors enormes com as mais variadas propagandas, desde roupas até bebidas e tinta de cabelo. O clima está quente, o calor do verão é uma coisa em comum com a Itália nessa época, pelo menos isso não é mais uma diferença pra me acostumar.

O carro desacelera e entra na garagem do prédio. Quando o carro para, meu pai ao lado do motorista no banco da frente, olha por cima do ombro e avisa que chegamos já saindo animado do carro. Olho pra minha mãe do meu lado esquerdo e forço um sorriso sem mostrar os dentes.

- Estamos de volta. - Ela diz com um meio sorriso e faz um carinho no meu braço.

- Estamos de volta. - assinto apertando sua mão e saio do carro.

Quando chegamos no apartamento com a bagagem, eu sinto alívio. Mesmo que eu tivesse problemas em me adaptar, a nossa casa na Coreia sempre foi a minha favorita. Acho que devem ser as memórias da infância. É um apartamento grande, espaçoso. A atmosfera do ambiente é diferente da casa em Milão. Tem vários detalhes de madeira nos móveis que deixa tudo aconchegante.

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