Allez

Não ganhar é, exatamente, perder

Olá, bem vindas a mais um capítulo de Allez!
Queria agradecer quem votou e comentou no primeiro capítulo! Guardarei no coração minhas primeiras leitoras 🫶🏻
Eu to lá no blsky e no twitter (quando finalmente voltar) com o user @janniekine, nesse capítulo tem algumas descrições técnicas do duelo que talvez deixe vocês com dificuldade pra visualizar, por isso vou postar lá no blsky assim que sair o capítulo.

Boa leitura 🫶🏻

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É como se tudo estivesse em câmera lenta. Posso ouvir meu coração batendo em meus ouvidos e sentir minha respiração curta ardendo em pânico.

"Eu vou perder"

"Eu realmente vou perder"

Penso ao ouvir o disparo sonoro marcando mais um ponto dela. Estou perdendo de 6 a 3 nos momentos finais do primeiro round. Observar os duelos de Lalisa é muito diferente de participar de um deles. Ela é muito mais rápida do que eu pensava. Tenho feito um jogo mais defensivo que ofensivo porque ela ataca sem dó nenhuma. "Os golpes são muito difíceis de bloquear". Respiro ofegante aguardando ela vir de novo. Quando ela vem, eu rebato seu golpe e consigo fazer um investida rápida acertando seu braço.

6 a 4

O árbitro anuncia o intervalo de um minuto e corro pra ponta da pista pegando minha garrafa d'água e virando de uma vez em um gole grande pra tentar me acalmar. Pelo ginásio soam burburinhos da torcida que aproveita o intervalo pra fazer mais barulho. A esgrima é um esporte silencioso, normalmente a torcida faz barulho em momentos mais marcantes do duelo. A treinadora se aproxima e me dá o olhar reprovador que diz "você está fazendo besteira!". Automaticamente abaixo a cabeça pronta pra escutar o esporro que vem.

- O que está acontecendo? Você está deixando ela dominar o duelo. Você precisa atacar mais, o seu último golpe foi muito bom. - Ela respira exasperada e diminui o tom. - Você só está com medo. Não deixa o medo te dominar. Ela não é melhor que você. Você só precisa controlar seu emocional e ter confiança. Pensa no tanto que treinamos pra estar aqui, ela não pode levar isso de você. - Ela diz com firmeza.

Assinto respirando fundo tentando mais uma vez me acalmar. "Ela não vai ganhar fácil assim". Devolvo a garrafa e volto pro centro da pista mais confiante. "Ela não vai ganhar." Coloco a máscara e me coloco em posição. "Eu consigo."

Nos segundos finais do segundo round vou vencendo por 11 a 10. Consegui recuperar e virei o placar no último rally com uma parada (golpe de contra ataque). Me sinto mais confiante. No entanto, não posso vacilar porque ela não sai da minha cola no placar.

Na próxima jogada, ela faz um movimento inesperado. Em um ataque surpresa, ela praticamente corre em minha direção com o sabre esticando e acerta meu peito inesperadamente enlouquecendo a torcida. "Eu não acredito que ela fez isso". Ela simplesmente veio com um golpe de flecha, um movimento ultra ofensivo e com pouca chance de sucesso, mas ela conseguiu porque me pegou desprevenida. "Droga." A segunda rodada termina empatada, 11 a 11.

Tiro minha máscara com ódio e caminho pra ponta da pista pisando duro. A treinadora me espera com uma expressão de descontentamento. Nem me sinto culpada porque na verdade eu to muito puta.

- Jennie, você está desatenta. Não era pra ela ter acertado essa flecha se você estivesse focada. - Ela me adverte e suspiro. - Ela está aproveitando seus pontos fracos pra levar a melhor, você precisa fazer o mesmo. Ela já está cansada, você só precisa a pressionar mais. - Assinto enquanto engulo a água.

Guardo a garrafa e dou 3 pulos me concentrando "eu vou conseguir". Volto pro centro segurando a máscara e ela já está lá, dessa vez com a máscara na mão. Ela tem um sorrisinho debochado no rosto e isso me irrita mais ainda. Bufo colocando a máscara e conectando o equipamento, ela faz o mesmo. A encaro com ódio enquanto o árbitro faz a contagem.