prólogo

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Lembro-me da minha querida cidade natal, seu vento frio, suas arvores, suas cores gélidas, as crianças atirando bolinhas de neve umas nas outras, naquele inverno congelante, lembro-me de como amava o inverno... Antes de tudo isso, antes daqueles monstros acabarem com tudo, antes de meu progenitor, fazer o que fez... Lembro de minha mãe e suas doces cantigas, seus olhos azuis gentis, pele pálida, seus vestidos sempre florados... Lembro de tudo e nada... Mas a uma coisa sempre estará fresca em minha memória, o que ele me fez... E aquele dia... Em 2013.

Meu nome é Zarhar. Nasci em 2003, em uma cidade no interior de Munique, primogênita dos grandes e poderosos Krüger's, herdeira da riqueza deles, bom não é? Seria, se minha família não fosse tão ridiculamente infeliz. minha mãe era uma pessoa querida e amável, a querida hannïh, ao contrário de meu progenitor, nosso tão odiado, Hudler Son Krüger, um homem vil, que só se importava com sua riqueza e o maldito sexo, a luxúria.

Lembro-me perfeitamente de minha mãe, de quando ela se sentava ao meu lado, contando-me histórias antes de meu sono, zelando a mim enquanto dormia, protegendo-me, acolhendo-me nos meus pesadelos e lembro também de como morreu, a forma trágica, a qual ela não merecia morrer, lembro do seu sangue no chão de mármore branco, dos gritos dela implorando para pra ficar longe, para eu correr para longe, fugir daquilo, mas como faria isso? Se eu já tinha congelado de pavor, enquanto chorava assustada e com medo, lembro-me do sorriso que meu (até então amado) pai tinha no rosto, enquanto a espancava até a morte. Lembro dele se aproximando, com todo aquele sangue e falando que agora não teria ninguém pra proteger-me, que ele finalmente poderia fazer o que quisesse comigo, lembro de sua risada e do medo que senti na hora, a pobre garota de quatro anos, desprotegida, sozinha...

Como você pode imaginar, o resto de minha infância não foi boa, como seria? Hudler (Que o diabo lhe tenha) maldito, me tocava como amante, boneca, um simples brinquedo, não sei como estou viva até hoje depois de tanto sangue perdido, depois de cada tapa, corte, tudo por causa do maldito que devia me proteger...

Depois da morte da minha mãe, meu progenitor me usou, como bem entendia, me arrastando pra festas com seus amigos, para no fim deixar os malditos me tocarem, só rindo enquanto ouvia meus gritos... A única pessoa que me compreendia era meu tio, a única coisa boa na minha maldita vida, irmão gêmeo de meu pai, tio Georgh, ele era o único que me ajudava, cuidava de mim, eu o amava como um pai, ele foi meu pai, diferente do meu progenitor. Sempre esteve comigo enquanto pode. Me abraçava, cuidava de mim, brincava comigo, jogava comigo, fazia de tudo pra me ver feliz, e era tão bom ver ele ali, perto, amava aquele homem, ele era minha família.

Um dia, num passeio a um parque (que meu tio forçou meu pai me levar), a cidade foi atacada por seres aterrorizantes, eu vi sombras negra gigantescas por todos os lados. Lembro de me apavorar, perder meu pai (Georgh) de vista por um momento, até sentir ele me pegando no colo e correr, falando para mim:

Georgh: não saia de perto de mi-

Não houve fim da frase, minha vista se encheu de sangue e ele caiu me derrubando no chão, sua cabeça com um buraco, sangue escorrendo, me encolhi e me afastei chorando do meu tão amado pai, ele estava morto, ouvi gritos e ao olhar na direção do som, vi aquele homem, Hudler, caído debaixo de escombros e um monstro enorme o tirar dali, arrancando as pernas do mesmo no processo, e antes mesmo dele poder gritar, foi devorado por inteiro, congelei, vendo ele e meu pai mortos.

Estava sozinha, minha cidade em meio ao caos, sangue por todo lado, vi soldados com máscaras estranhas invadirem também e então o estopim, aquele ser me encarou, olhos vazios, dentes pontiagudos, sujos do sangue do meu progenitor, com um sorriso macabro, completando sua aparência inumana, então vi ele se aproximar, aos poucos, como um carnívoro, pronto para devorar sua presa, e essa era eu, a pequena e apavorada presa. A única que reação que tive foi correr, correr até não aguentar, até meus pulmões arderem, minha pernas cederem, fugindo daquele ser apavorante.

Corri, sem recuar, nem por um segundo, corri por metros ou quilômetros, quem se importa? Somente fugi, o mais rápido que pude, até sentir que estava longe de perigo, até quase estar em meu lar, mas o cansaço me "devorou" por inteira, me senti cair, como uma boneca de pano, me escondi atrás de algumas árvores, o monstro tinha ficado pra trás... Estava segura? Não, ouvi passos, vozes masculinas com sotaque austríacos berrando, estavam me procurando? Não, não podiam.

Soldado1: Vi uma garota correr por aqui

Dizia um homem com sotaque austríaco

Soldado2: Vamos, quanto mais rápido a pegarmos mais rápido nos divertimos e ninguém descobre nossa saidinha

Responde uma outra voz, mais nova.

Me encolhi assustada e amedrontada, tentei arrastar-me pra fora dali silenciosa e estava conseguindo, mas por um erro fui pega.

Soldado2: Achei, sua vadiazinha!

Falou o homem da segunda voz, cabelos negros, pele escura, parte superior do rosto coberta por uma máscara, enquanto a parte inferior se encontrava com um sorriso assustador. Tentei me debater, fugir, chutar, escapar de alguma forma daquelas mãos cruéis, mas foi tudo em vão, só consegui fazer os homens se aproximarem e rirem mais. O mais velho, com uma cicatriz já estava por trás de mim, enquanto eu tentava de toda maneira escapar.

Soldado1: Essa aí é irritadinha, que fofo~ isso vai ser divertido

Falou o mais velho se aproximando com um sorriso cínico, me tocando a cintura com aquelas mãos imundas e nojentas.

O mais novo tentou tocar-me no rosto, e como resultado de tal ato, eu o mordi, vi ele gemer de dor e me olhar com ódio, para logo após eu me sentir sendo jogada no chão, bati a cabeça, fechei os olhos tonta e fraca. Por um "instante" fechei meus olhos e quando voltei a os abrir só meu sangue numa poça ao meu redor, estava nua, senti minha intimidade doer e como doía, me olhei e vi o que eles tinham feito, novamente tinham me usado, me senti nojenta, ridícula, senti novamente a vontade de chorar,vi eles saírem dali, rindo, depois de terem me usado, tocado, assim como meu progenitor fazia. Me abandonaram pra morrer.

Fechei os olhos novamente e puff... Não vi mais nada, não senti mais nada, só queria sumir, estar morta. Me lembro de pensar que se fosse mais forte, seria melhor, se eu fosse grande, talvez em uma outra encarnação...






Nesse mundo a esperança é a pior escolha não é?

O mundo está perdido, só quem quer não vê...























Você deve estar perguntando, mas se você está morta, como nos conta está maldita história, bom caro leitor... Infelizmente... Um(a) Krüger nunca morre, é bom saber disso...

"Vocês são a praga e eu serei a cura. Vocês todos iram beber do cálice de minha amargura"




























1204 palavras

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⏰ Última atualização: Oct 19 ⏰

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