A festa se aproxima.

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Jimin levantou o olhar ainda com o celular na mão e pôde ver que todos esboçavam a mesma reação; sobrancelhas levemente arqueadas, boca entreaberta e olhos arregalados. O professor não entendia o motivo e não fez questão de saber, afinal, o silêncio estava pairando desde que as notificações chegaram.

— Isso deve ser apenas uma brincadeira, vamos seguir a aula — Jung deu o primeiro passo, embora estivesse hesitante.

Após o horário dos clubes, a escola fervilhava de um jeito incomum. Não era por causa de provas, nem por causa de algum evento escolar oficial. O motivo estava nas entrelinhas dos sussurros e cochichos que ecoavam pelos corredores de forma ligeira.
Jimin estava sentado no canto da sala, os olhos baixos enquanto rabiscava algo no caderno. Ele ouvia os murmúrios ao seu redor, o clima era eletrizante e todos sabiam que seria a festa do semestre.

— Você viu a mensagem? — Nayeon, a garota propaganda da escola, comentou, inclinando-se sobre a mesa ao lado dele.

— Claro que vi. Quem será que postou aquela mensagem? — respondeu Han, o sorrisinho que Jimin, particularmente não gostava, começou a surgir no rosto do garoto.

Desde o começo do ensino médio, alguém criou um site, era possível acessar de forma anônima ou não, uma conta com um nome aleatório fora criada e desde então, ninguém teve paz. Todos corriam o risco de ter seus segredos revelados, viviam com medo de ser o próximo, de ser o réu nas mãos do aninomato.

Ninguém sabia quem havia postado, mas o mistério apenas aumentava a atração. Todos sabiam sobre a mansão, que ficava afastada da cidade e era cercada de lendas sinistras, mas aparentemente, a mensagem tratava de um aviso, talvez o anônimo estivesse sendo ameaçado por alguém que, finalmente, descobriu quem és.

— Quem você acha que vai aparecer por lá? — outra voz perguntou.

— Todos os enjaquetados, com certeza — a resposta veio acompanhada de um sorriso cínico de Han — nós vamos todos juntos? Não gosto da ideia de chegar sozinho.

Jimin sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A última vez que alguém tentou fazer algo na mansão, não terminou bem. Ele sabia disso. Ele estava lá quando a policia apareceu no ano passado; menores com bebidas alcoólicas, usando uma propriedade privada – mesmo que abandonada – para festejar após o colégio, era de fato, algo que não daria certo. Porém, o halloween fora lá no ano retrasado, antes do caso que denunciaram, e deu tudo certo.

Enquanto ele olhava de relance para a janela percebeu que as gotas de chuva se acumulavam no vidro, desenhando formas distorcidas. Estava chovendo e ele se quer ouviu sua mãe avisando para pegar um guarda-chuva.

— Você vai, não vai? — era Jungkook, como uma sombra silenciosa. A voz dele era grave e baixa fazendo os pelos de seu corpo arrepiar. Sentou-se ao lado de Park atraindo alguns olhares dos alunos que estavam próximos.

Jimin não respondeu de imediato. Seus olhos continuaram fixos na chuva lá fora.

— Sim — finalmente respondeu, virando-se para encará-lo. — Todos nós fomos chamados, não vai ir?

— Perdi a vontade — revirou os olhos ironizando antes do sorrisinho formar-se — mesmo que sua infeliz presença esteja lá, terei de ir.

— Seria muito inconveniente questionar o porquê do "terei de ir"? — o ruivinho encarou o considerado nerd ao seu lado.

— Você sempre é inconveniente, baby — a palavra carinhosa dançou em sua língua atraindo a atenção do rapaz — você vai, certo? Então, também irei.

Ao finalizar a frase, levantou-se e direcionou seus passos rumo a porta entreaberta. Assim que saiu, sem deixar nada além de uma breve explicação para Jimin, o sinal tocou fazendo uma movimentação surgir nos corredores e no pátio.
Nada novo. A rotina era igual dentro da escola, todos partilhavam a mesma coisa por um período do dia.

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⏰ Última atualização: Oct 08 ⏰

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