Cê Tá Cruzando a Fronteira🌾 (JIKOOK)

Capítulo um

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Meu estômago revirava a cada foto que pegava daquele envelope. Minha visão se tornava cada vez mais turva, enquanto as lágrimas se formavam e caíam pelo meu rosto. Minhas mãos tampavam meus lábios para abafar os gemidos sôfregos que ameaçavam escapar.

Eu já permanecia sentado no sofá há mais de uma hora, revendo aquelas imagens dolorosas repetidas vezes, como se torturar minha alma pudesse aliviar a dor.

Em cada uma delas, meu noivo estava com um homem, abraçando e beijando. Sempre o mesmo homem.

Não sei o que estou sentindo exatamente. É uma frustração esmagadora, uma raiva que queima por dentro, uma tristeza que me consome. Não sei... São muitos sentimentos de uma vez só, sufocando-me, provocando náuseas intensas. Mas o que de fato me tira a paz, o que me destrói por dentro, é ver que ele está muito bem. Feliz, sorridente, alegre, como se nada tivesse acontecido.

Ele parece tão... feliz...

— O que eu fiz de errado? — murmurei ao apertar os olhos, forçando as lágrimas a descerem devagar pelas minhas bochechas.

Deixei o envelope cair no chão, enquanto minhas mãos subiam para os cabelos para puxá-los com força, sentindo uma leve ardência ao que tento encontrar alguma âncora na realidade.

Eu sabia. Sempre soube. Só não queria acreditar em cada sinal de traição que ele me deu e que fui estúpido o suficiente para ignorar.

As saídas repentinas "a trabalho", as ligações "misteriosas" na madrugada, as mensagens que eu nunca podia ver, todos os sinais estavam lá.

Sim, eu sabia! Não importava quantas vezes eu tentasse tocar no assunto e fosse chamado de louco, acusado de paranoico. Eu sabia a verdade que se escondia por trás das mentiras.

Eu tentei. Tentei por meses esclarecer essa história, procurando entender a sua ausência crescente em nossa vida, questionando se ele estava infeliz com o casamento, mas sempre fui taxado de louco, de alguém que via coisas onde não existiam.

Você deve estar se perguntando: Se sabia de tudo, por que não terminou? Porque eu não queria acreditar que estava certo. Que minhas paranoias eram reais. Que ele estava com outra pessoa. No fundo, eu queria desesperadamente acreditar que ele ainda me amava e me desejava.

Eu só queria acreditar que um relacionamento meu poderia dar certo, que não seria apenas mais uma história de fracasso e dor.

E é ridículo precisar de provas tão claras para aceitar que fui traído. Que me deixei enganar tão fácil.

— Que merda, que merda...

Tínhamos tantos planos. Na verdade, eu tinha planos para nós, para o nosso futuro juntos. No entanto, nos planos dele, eu não estava incluído e isso parte meu coração.

É desgastante ver todo o maldito esforço que coloquei nesse relacionamento para acabar com mais um par de chifres na minha cabeça, como se meus sentimentos fossem descartáveis.

O tempo estava quente, porém a cada minuto naquele cômodo, eu sentia meu corpo tremer e gelar, em contraste com o calor externo e o frio interno que me dominava.

Meus olhos, fixos no teto, caíram sobre as malas no canto da sala, perto da porta de entrada, símbolos de um fim inevitável.

Eu havia acabado de chegar em casa depois de passar alguns dias fora, por causa de minha mãe, que por infortúnio adoeceu e tive que cuidar dela. Cheguei alguns dias antes do previsto, para fazer uma surpresa a ele. Mas quem teve a "surpresa" foi eu.