entre salto e desejo

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Rebecca's point of view

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Rebecca's point of view

Treinar sempre foi minha zona de conforto, um lugar onde eu podia bloquear o mundo ao meu redor e me focar apenas no que estava na minha frente: o próximo salto, o próximo movimento, o próximo desafio. Mas agora, tudo parecia ter outro sabor, como se as coisas tivessem ganhado uma camada extra de adrenalina. A cada vez que eu subia nas barras assimétricas ou saltava no solo, meu coração batia mais rápido, mas não apenas por causa do esforço físico. Não, havia outra coisa. Havia Luís Fernando.

As meninas continuavam sem perceber nada. Minha habilidade para mentir tinha evoluído tanto quanto minhas habilidades ginásticas. Não que fosse difícil, eu sempre fui boa em disfarçar, em esconder o que realmente se passava na minha cabeça. No meio de uma pirueta, eu já estava pensando na próxima desculpa que daria para fugir dos jantares e das saídas com elas, inventando mais uma reunião ou compromisso que me levava diretamente aos braços de Luís.

— Vai, Rebeca! Arrasa mais um pouco, vai! — gritou Flávia, sempre a mais animada do grupo.

Eu dei um sorriso e acenei para ela, terminando minha última série nas barras.

— Estou tentando manter o padrão de excelência, Flavinha — respondi, rindo e já sentindo o suor escorrer pelo meu rosto.

Julia se aproximou com uma garrafa de água na mão, me oferecendo.

— Você tá suando, mas eu acho que esse brilho nos olhos aí não é só treino, hein, Beca? O que tá acontecendo? Algum crush?

Eu sorri de lado, já pronta para desviar do assunto.

— Só o amor pela ginástica, Ju. Nada mais. O resto é imaginação de vocês.

Lorrane, que estava ao lado, revirou os olhos e deu um leve empurrão no meu ombro.

— Sei… você anda tão sorridente ultimamente, parece que alguém anda te deixando bem feliz fora do ginásio.

Mais uma vez, elas estavam jogando com a minha mentira, mas sem realmente saber. Eu podia continuar com o disfarce por um bom tempo. Elas brincavam, riam, mas nunca imaginariam a verdade. Eu era uma campeã olímpica tanto no esporte quanto em ocultar minha vida dupla.

Quando o treino finalmente terminou, me despedi rapidamente das meninas, já com o plano em mente.

— Tenho que correr. Um compromisso agora à noite. — Falei, pegando minhas coisas com pressa, enquanto elas já trocavam olhares cúmplices.

— Ah, claro, compromisso… — Flávia brincou, dando uma piscadela. — Boa sorte com o “compromisso”.

Dei de ombros, rindo, e fui direto para o estacionamento. A noite no Rio estava morna, e a cidade brilhava com aquela energia que só quem vive aqui entende. Peguei o caminho para o hotel onde Luís e eu sempre nos encontrávamos. Ele já estava lá, como de costume, me esperando.

Cᴏʀᴀᴄ̧ᴏ̃ᴇs ᴇᴍ ᴄᴏɴғʟɪᴛᴏ | ʳᵉᵇᵉᶜᵃ ᵃⁿᵈʳᵃᵈᵉOnde histórias criam vida. Descubra agora