ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 1-"Sonho para alguns pesadelo para outros"

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𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢 𝟭

Eu vivo na Turquia. Minha família por ser aquela tradicional família hierarquizada não deixaria eu estar solteira aos plenos 19 anos. Até que durou meus momentos de solteira, por conta da atenção do meu pai estar sempre voltada à minha irmã mais velha "Sabrina" e seu casamento perfeito com o melhor genro de todos.

Ao contrário de meu pai, a minha tia vivia procurando inúmeros pretendentes, e eu sempre consegui espantar todos eles, nunca tive dificuldades de fazer uma bela encenação para espantar um homem, e com isso eu imaginei que ela já havia esquecido da ideia de me procurar um marido. Pelo visto eu estava completamente enganada.

Eu estava sentada na sala, distraída com o barulho da televisão no fundo, quando ouvi a porta da frente abrir com força. Sabia que era ela antes mesmo de ouvir sua voz. Minha tia. Seus passos firmes ecoaram pela casa, e minha mãe rapidamente saiu da cozinha para recebê-la com o mesmo sorriso acolhedor de sempre. Meu coração acelerou de leve, como se já soubesse o que estava por vir.

"Ah, querida, você está aí!" disse ela, com uma animação artificial, enquanto seus olhos brilhavam com um entusiasmo que eu já conhecia muito bem.

Antes que eu pudesse responder, ela foi direto ao ponto. "Eu encontrei o par perfeito para você. Dessa vez, é sério. Ele é da família Sanchez, você sabe, muito respeitada. Jovem, bonito, e com uma carreira promissora. Eu marquei um jantar para vocês se conhecerem amanhã à noite."

Minha mente congelou por um instante. "Amanhã à noite?" consegui repetir, tentando ganhar tempo.

"Sim, querida! Você não pode fugir dessa. Seu pai e sua mãe já concordaram. É a oportunidade perfeita."

Minha tia olhou para mim com um sorriso triunfante. Eu queria dizer algo, qualquer coisa que me tirasse dessa situação, mas percebi que, dessa vez, não havia nenhuma encenação que pudesse me salvar.

Eu respirei fundo, tentando controlar a tensão crescente. Olhei para minha mãe, esperando que ela me defendesse, mas ela apenas desviou o olhar, ajeitando o avental como se fosse a coisa mais importante do mundo naquele momento. Meu pai, é claro, não estava em casa - como sempre, ocupado com os negócios, longe de qualquer envolvimento direto nesses "assuntos femininos".

"Eu não preciso de um jantar com um estranho para ser feliz", tentei argumentar, sabendo que minhas palavras provavelmente caíram em ouvidos surdos.

Minha tia soltou uma risada curta, quase de escárnio. "Isso é o que você pensa agora. Espere até conhecê-lo. A vida é muito mais do que ser feliz por si só, querida. É sobre família, estabilidade, e claro, não podemos ignorar a tradição."

Ela sempre usava essa carta: tradição. A palavra mágica que parecia justificar qualquer coisa. Tradição significava casamento, significava manter as aparências, significava que o tempo estava se esgotando para mim. Mesmo assim, por mais que eu tentasse fugir, sempre me sentia encurralada por essa lógica que não era minha.

"Mas... e se eu não gostar dele?" perguntei, minha voz quase um sussurro, como se eu já soubesse a resposta.

"Você ao menos tente, querida. A única coisa que lhe peço é que dê uma chance. Não seja teimosa como sempre", disse ela, com um sorriso forçado, mas com um olhar de quem não aceitaria um 'não' como resposta.

As palavras dela ecoavam em minha mente, e uma onda de frustração me envolveu. A ideia de ser apenas mais um "projeto" em sua lista de objetivos me deixava angustiada. A tradição era uma carta que ela jogava sempre que queria silenciar minhas objeções, mas, naquele momento, eu sentia que havia chegado ao meu limite.

Tradição TurcaOnde histórias criam vida. Descubra agora