look like

Looks like the beginning

Parecia o início de dezembro, mas os dias de fevereiro já o assombravam. Em menos de um mês, Harry se tornaria um "adulto".
A indiferença e desleixo com sua vida não o faziam ser visto como um.

— Oh, ali está o garoto do Harry!

— Calem a boca, idiotas, ele vai ouvir!

Avançou sobre os amigos, tapando a boca do que gritava, desejando insinuar um estrangulamento.

Olhou para frente, disfarçadamente, e viu que Louis estava concentrado em algo inútil – como sempre – , aparentemente alheio à conversa. Ou será que ele havia escutado?

Ambos eram totalmente opostos, gato e rato. Aquela "paixãozinha" de Harry pelo Tomlinson deixava os amigos preocupados às vezes.
Não era exatamente uma paixão no início. Era mais como uma curiosidade crescente, uma fascinação que ele não conseguia explicar.

Os amigos não interferiam tanto, desejavam ser brincadeira.

Harry respirou fundo, tentando ignorar as risadinhas e os olhares provocativos de seus amigos. Sabia que essa dinâmica era parte do que tornava a escola suportável, mas a presença de Louis sempre mudava tudo. Ele estava quase sempre longe das conversas, imerso em seus próprios pensamentos, e isso despertava algo em Harry que ele mal entendia.

— Vamos, Harry! Fala com ele! — gritou um dos amigos, enquanto se afastava com uma piscadela.

Antes que pudesse retrucar de forma verbalmente agressiva, a professora adentrou a sala, já tagarelando. Ora falava da aula, ora da festa do último ano do médio.

Harry podia ter faltado o ano inteiro, mas naquela festa ele não deixaria de ir.

— É só colocar alguma coisa na bebida dele, bestão. — foi o limite das sugestões de como fazer Louis notar o cacheado.

O ônibus não tinha o costume de ficar cheio quando era hora de ir embora. Também era um lugar proibido de falar sobre o "crush" do mais velho do grupo.
O assunto somente começou quando notaram a presença de Louis ali. Era a primeira vez que viam o garoto no transporte.

— Com licença. — o rosto levemente corado. Era uma mistura de raiva, raiva, mais raiva, indignação e um pouco de timidez. Após longos minutos de tormento, confiou nos amigos pela primeira vez — Posso fazer uma pergunta?

— Sim? — Louis estranhou. Conhecia Harry "de vista", ouvindo boatos estranhamente engraçados. Nunca havia falado com o garoto, ficou curioso com a abordagem.

— Você acredita em amor à primeira vista ou eu deveria passar aqui mais uma vez?

Silêncio. Silêncio constrangedor. As risadinhas de fundo deixavam tudo mais vergonhoso.

— Ah, ok. — sorriu amarelo, tentando disfarçar o embaraço que tomava conta de sua expressão. O ônibus estava um caos de risadinhas e olhares cúmplices.

— É só uma pergunta. — Harry apressou-se a acrescentar, o timbre da voz traindo seu nervosismo. Arrependeu-se tarde demais — Não precisa levar a sério.

— Não estou levando a sério.

— Então... — ele hesitou, desejando encontrar uma maneira de continuar a conversa sem parecer um idiota. Afinal, aquela cantada horrenda foi a forma que utilizou para falar com o garoto, tudo influência daqueles com quem convivia — O que você faz quando não está... ignorando os outros?

Louis arqueou uma sobrancelha, sua expressão se tornando mais atenta. — Eu leio, escuto música, essas coisas. E você? Ficar parado aí, ouvindo seus amigos falarem besteira?

Harry bateu uma única palma, forçando encantamento.

— Lacrou!

Ao ouvir aquilo, Tomlinson não se segurou. Encheu a boca para rir. Sentiu a necessidade. Não sabia, teve o desejo momentâneo de fazer o outro se sentir constrangido.

O cacheado se manteu neutro. Aquilo era bom ou ruim? E por que sentia toda aquela corrente de batuques?

— Quer, sei lá, trocar playlists ou algo assim? — sugeriu, a voz mais firme agora.

Louis o estudou por um momento, seus olhos avaliando a sinceridade da proposta. — Pode ser. Mas só se você prometer não colocar nenhuma música brega.

Moveu-se no banco, insinuando que Harry sentasse ao seu lado.

O "plano" de seus amigos tinha dado certo? Foi tão simples assim?!

Era o que parecia.