- four.

28 3 0
                                    

       

          Dentro do carro o silêncio era ensurdecedor só era possível ouvir as bufadas que eu dava e o cara ao meu lado que vez ou outra cantarolava alguma coisa batendo os dedos no volante enquanto o carro parava no sinal, meus olhos vagavam pela rua vazia e silenciosa logo a frente onde nenhum carro passava, raramente um ou dois talvez, posso dizer que por ser dia de semana naquele horário quase ninguém estava pela rua, o sono insistia em bater e fazer meus olhos pesarem tornando impossível conseguir ficar com eles abertos e vez ou outra sem meu comando eles fechavam me fazendo pular sonolento perdido por um curto período de tempo.

 — Estamos quase chegando mas se quiser pode cochilar um pouco. — A voz ecoava longe enquanto eu juntava forças para ficar acordado, parece que nunca tive tanto sono na vida não entendia porque estava me sentindo disperso assim, e repentinamente sem razão aparente uma sensação de tranquilidade e fragilidade invadiram meu peito me fazendo ficar confortável e bem quase cedendo para o sono quando percebi que o carro havia parado e então reconheci meu prédio pela janela fosca, apertei liberando o cinto de segurança me deixando livre e puxei a tranca fazendo força empurrando a porta para abri-la me levantei com preguiça saindo do carro sentindo a brisa fresca batendo contra minha pele fechei e quando pensei em me virar para agradecer pela carona aproveitando o pico de gentileza que havia me dado percebi o homem saindo do carro vindo até minha direção com as mãos no bolso e então pela primeira vez desde todas as vezes que eu tinha visto ele na minha frente reparei em sua vestimenta complementada de um jeans surrado e um moletom preto desfiado seus fios longos de cabelo dividido ao meio batiam na testa contra o vento, olhando bem enquanto ele chegava em minha frente notei que nunca havia olhado bem para ele de reparar seus detalhes que por sinal eram bem marcantes, suas bochechas e seus lábios eram bem rosados que me deixou impressionado um brinco pequeno de argola prata em sua orelha esquerda e seus olhos arredondados tinham um brilho intenso que me causavam inquietação.

 — Não precisava descer eu já vou indo valeu por me trazer até aqui fico te devendo essa. — Soltei essas palavras quase que cuspindo elas da minha boca e me apressei para ir para dentro fugindo do vento que adentrava minha jaqueta com força arrepiando meu corpo mas me incomodei vendo que Khaotung estava me seguindo para a porta do prédio, parei bruscamente assim que percebi e virei meu rosto vendo ele parado ainda com as mãos no bolso.

  — Sempre que precisar de carona pode falar comigo. — Ele disse quebrando o clima dando aquele sorriso com os lábios tentando parecer gentil; era o que eu pensava.

— Não valeu, agora você já pode ir para sua casa. 

— É o que estou fazendo.

  Arqueei as sobrancelhas fazendo bico pois não estava entendendo mas nem fiz questão de muito porque me recordei do sono que carregava no meu corpo, frágil e preguiçoso corpo.

— Está errando o caminho, já pode me deixar em paz que eu agradeceria. — Eu disse andando até a porta automática do prédio acenando com a cabeça para os guardas da porta e a recepcionista fingindo que não estava vendo Khaotung andando atrás de mim dentro do prédio até o elevador porque estava cansado demais e não queria gastar minhas últimas energias salivais com palavras profanas contra ele, sendo sincero tudo que eu queria era deitar na minha linda e confortável cama, entrei no elevador e a silhueta do homem veio logo atrás apertei para subir até o meu andar mas não pude evitar salivas agora. — O que você pensa que está fazendo?

 — Indo para casa. (Tom suave que me irritava)

 Revirei meus olhos mais uma vez evitando qualquer baboseira que saia daquela boca audaciosa e foquei na porta desejando para que ela abrisse o mais rápido que fosse possível para mim sair dali e encontrar-me com meu amor da vida, minha cama. Poucos segundos passaram para que a porta abrisse e eu não pude controlar meus impulsos quando notei que Khaotung saiu a minha frente, eu bufei e sai o mais rápido que pude atrás dele e puxei seu braço tão forte o fazendo me olhar assustado e curioso com tal ação.

 — Que tipo de brincadeira é essa agora? O que pensa que está fazendo? — Até eu me assustei com o tom grosseiro e alto que saiu da minha boca nessa frase, o olhar dele era assustado e curioso sua sobrancelha estava arqueada.

— O que quer dizer? 

— Porque você está fazendo isso? Me provocar é mesmo um hobbie seu né?  

— O que você quer dizer com isso First? Realmente não estou entendendo.

 Soprei um riso forçado e olhei para o lado cruzando meus braços estava irritado e aquela reação cínica me deixava louco.

— Porque você está aqui? — Perguntei seco e grosso fitando a alma dele com os olhos, esses que estavam conectados com os dele sem recuo.

— Eu moro aqui. — Ele disse colocando as mãos nos bolsos puxando um cartão de lá onde ele olhou como conferindo algo e olhando para trás na porta logo ali no corredor, aquilo me irritava muito que era inexplicável, aquele jeito dele o jeito como ele conseguia ser sempre tão calmo em tais situações e nunca me retrucava mesmo se eu tratasse ele como lixo, ah como aquilo me deixava com raiva e ninguém entende o quanto me incomodava.— Olha aqui meu apartamento é o 345.

Ele mostrou o cartão apotantando para a porta ao lado da minha.

— Ali mora uma velho chato você está brincando comigo pra variar. — Eu escutei ele murmurar algo e o empurrei para passar indo até a porta do meu apartamento procurando a chave em meus bolsos que do nada tinham virado um poço sem fundo que eu não achava nada lá.

— Minha assistente achou esse apartamento para mim, foram alguns fãs que recomendaram para ela.

— E você conseguiu logo esse apartamento? Que engraçado.

— Bom pelo visto sim, foi isso.

Eu me calei não queria mais ouvir uma palavra saindo daquela boca só queria achar minha maldita chave nos meus bolsos da calça mas lá não as encontrei e procurei na jaqueta, suspirei fundo quando achei a lindinha lá levando até a fechadura girando abrindo minha porta mas antes de entrar eu olhei para Khaotung que peguei me observando encostado na parede entre nossas portas de braços cruzados com aquele sorriso, aquele maldito sorriso em sua face.

— Só espero não ter que te encontrar em nenhum lugar além do set. 

 Fraquejei muito naquela frase e meu coração acelerou quando eu percebi, entrei com certa pressa para dentro e fechei a porta com força me encostando na mesma recuperando o fôlego que faltavam em meu pulmão, estava irritado e ainda sem entender o que tanto me causava sentir aquilo quando as coisas se tratavam de Khaotung, aquele homem me tirava do sério como ninguém nunca fez comigo e tá talvez eu admita que sou chato rabugento e estressado a maioria do tempo mas com ele era inexplicável ele realmente me estressava e eu tenho quase certeza que é por conta daquela personalidade irônica que ele tem, sinto sempre que ele está tentando me atingir de alguma forma em tudo que pode. Passei minhas mãos geladas no meu rosto assim parando de pensar muito dando um descanso pra mente, chaveei a porta e fui deixando minhas roupas pelo chão para tomar meu banho, joguei meu celular na cama ignorando a mensagem do meu agente que agora havia lembrado que eu existo eu estava exausto e só queria sentir a água quentinha do chuveiro tocando minha pele e depois deitar na minha cama gostosa descansar o peso da minha cabeça no travesseiro macio que eu amava tanto e me preparar para o dia que viria em seguida sem pensar muito em nada apenas desligar a mente e apagar.

Um rival para odi(a)r. - Firstkhao.Onde histórias criam vida. Descubra agora