Capítulo 2

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MATEO

Fazia tempo que não me sentia bem daquela forma. Eu e meu irmão estávamos na casa de uma antiga amiga de minha mãe, Fátima, que estava costurando o paletó azul claro de Heitor, este que andava de um lado ao outro.

– Será que você pode aquietar um pouco? - O direcionei até o banco.

– Deixa ele, Mateo, é um dia importante.

– É só uma formatura, importante foi o último dia de aula, e nem isso.

– A culpa não é minha que você não dá importância pra nada, e não é só uma formatura...

– O que você quer dizer?

– Ele vai passar pra próxima etapa.

– Tia!

– Não entendi. E porque ela sabe mais que eu?

– Não é nada demais...

– Se você não quiser contar não conta então...

– É que... eu vou pedir o garoto que eu gosto em namoro.

– O que?! É sério?

– Hum...

– Eu nem sabia que você tava gostando de alguém...

– Não é que eu não quisesse te contar.

– Eu entendo, depois do que eu fiz eu também não contaria.

– Não tem nada haver! Isso já faz mais de 2 anos, eu já disse que te perdoei. É só que você não gosta muito desses assuntos de amor e eu não tinha muita certeza do que sentia.

– Então... me fala um pouco dele, eu adoraria ouvir.

– Sério?! - Ele sorriu de uma forma doce, se animando - Ele é muito fofo, mais novo mas numa idade ok, você não deve conhecer ele, cabelo cacheado, sardinhas por todo rosto...

– Foi isso que te conquistou?

– Não, foi o sorriso, ele tem um sorriso mágico e um sotaque fofinho.

– Ele não é do Brasil?

– Eu não sei, eu tento adivinhar de onde veio esse sotaque desde que a gente se conheceu, mas como eu nunca acertei ele implica comigo e não me conta.

– É meio irritante como você fala dele.

– Por que?

– É fofo, mas muito açúcar pra mim. Me pergunto se algum dia também vou gostar de alguém assim...

– Claro que vai. Até os carrancudos merecem um pouco de amor.

– Nossa, obrigada pelo consolo.

– Não há de que.

E lá estávamos nós, rindo como se nossa vida não tivesse sido uma enorme confusão nos últimos anos. Nós finalmente estávamos em bons termos. E apenas algumas horas depois, tudo mudou. A vida daquele garoto gentil e sonhador foi ceifada de uma forma cruel e inimaginável.

Nossa festa de formatura foi mais animada do que eu esperava, e tudo corria bem, eu estava sentado sozinho quando Felipe se aproximou de mim, me entregando um copo de suco.

– O que está fazendo aqui isolado?

– É meu jeitinho. - Felipe riu.

– Eu posso te fazer uma pergunta?

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